quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Lançamento do quarto CD da série "Trilhas D'Água" - Universidade da Amazônia através do Núcleo Cultural.
Dia: 20 de novembro de 2008 *
Local: Teatro Estação Gasômetro
Hora: 20h >> Entrada Franca
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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Avertano Rocha revive antigos festivais >> Messias Lyra







Incentivar e descobrir os novos talentos da música e reviver uma cena cultural que revelou à cidade e ao país nomes como Fafá de Belém, Nilson Chaves, Vital Lima e Pedrinho Cavalléro, dentre outros, foi o objetivo do I Festival Intercolegial de Música, promovido pela Igara Produções de Pedrinho e Andrea Cavalléro, sob o patrocínio das lojas Y.Yamada através da Lei Semear de incentivo à cultura.
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Neste primeiro momento foram contemplados os colégios Deodoro de Mendonça, Paes de Carvalho, Agostinho Monteiro e Avertano Rocha.
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Em Icoaraci, o dia 7 de novembro vai ficar marcado para sempre na cabeça e no coração dos alunos do Avertano Rocha, classificados para a mostra icoaraciense. A aluna Laís de Paula arrebatou a maioria dos prêmios com a música gospel “Maior que Tudo”, dela em parceria com Marcos Rocha. Consagração total: prêmio de Melhor Intérprete (R$ 150,00 + troféu), Melhor Letra (R$150,00 + troféu) e Melhor Música (1º lugar - R$ 500, 00 + troféu).
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Em segundo lugar (R$ 400,00 + troféu) ficou o aluno Rhuanderson Brheno Merile com a música “Junto de quem possa me amar” e em terceiro lugar (R$ 200,00 + troféu) Melque Santos com a música “Preciso de você”.
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Tive o prazer e a honra de fazer parte do corpo de jurados juntamente com Ronaldo Franco (poeta), Gaby Amarantos (Banda Tecno-Show), Renato Nil (Banda Gaia na Gandaia) e Nego Nélson (compositor e violonista), e sentir de perto o nervosismo e emoção dos participantes. Jovens de talento que com sua arte, conseguiram também nos emocionar e fazer aquela tarde um pouco diferente, através da autenticidade de sua música, de seus talentos.
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Vicente Cecim no Boteco

Vicente Cecim: "Embora seja permanente devir Andara é imutável porque, sendo sem-ser a Amazônia - ela é a cerimônia fúnebre da natureza amazônica..."
Clik sobre o texto >> vc vai vê-lo ampliado.

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Aíla & Leandro


Os lugares onde o casamento naufraga

Numa peça de Tenessee Williams, a sogra diz à nora, apontando a cama do casal: "Aqui naufragam os casamentos".
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Certamente é verdade. Não raro a cama de casal pode ser comparada a uma frágil embarcação navegando sobre o mar encapelado dos conflitos, dos problemas emocionais, dos ciúmes. Nessas
situações, é preciso ser mais do que um Vasco da Gama ou um Cristóvão Colombo para, vencendo as vagas enormes e correntes adversas, seguir rumo as novas terras, terras em que se plantando tudo dá (entendam essa metáfora como vocês quiserem).
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Mas a cama do casal, por problemática que seja, tem pelo menos uma aura: é um símbolo de união, de convivência, de amor. Disso davam testemunho os dosséis do passado; camas de casal podiam ser verdadeiras obras de arte.
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Há outro lugar, porém, muito menos simbólico e mais prosaico, onde os casamentos, se não naufragam, pelo menos enfrentam cotidianas tempestades: o banheiro.
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Claro, alguém pode dizer que duas escovas de dente lado a lado num copo lembram o pacto de união celebrado pelo casal. O problema é que escovar os dentes, uma necessária medida de saúde oral, também é das coisas menos românticas que se pode imaginar.
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Dificilmente Romeu se apaixonaria por Julieta se a encontrasse pela primeira vez entregue à necessária tarefa de escovação.
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Mas escovar os dentes não chega a ser uma coisa grotesca. O banheiro pode ser cenário para atos muito mais constrangedores, ainda que fisiológicos. O inglês Jonathan Swift, o imortal criador de Gulliver, tem um poema chamado The Lady´s dressing room ( O quarto de vestir da madame),
no qual descreve o sofrimento de um personagem ao constatar que sua amada também tem aparelho digestivo e que este deve ser evacuado: Oh,Celia, Celia, Celia shits! ( deixo a vocês a óbvia tradução).
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Sim, Celia shits, e Celia também emite gases, e Celia urina - todos os seres humanos fazem isso, mesmo as mulheres mais angelicais.
Para isso existem os banheiros com seus vasos sanitários, o objeto mais sem graça do mundo, ainda que o grande Marcel Duchamp tenha feito de um mictório uma obra de arte.
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O banheiro também é conhecido como privada, e uma área privada deveria realmente ser, em primeiro lugar, porque se trata de um recinto pequeno ( não conheço nada menor no mundo que banheiro de avião) e, segundo, porque, nos reduzidos apartamentos da classe média, às vezes é um só.
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E aí é aquela luta pelo espaço todas as manhãs, a mulher, o marido, os filhos, todo mundo esmurrando a porta - a porta de WC sofre mais que mãe de juiz de futebol. Agora : a cena mais dantesca é representada pelo marido e pela mulher juntos no banheiro.
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Deus, não há romantismo que resista a isso. É uma luta por espaço, uma luta pela pia, uma luta pelo vaso - luta, enfim, tão encarniçada como uma guerra de guerrilhas.
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Há quem faça amor no banheiro. No box do chuveiro, na banheira. É uma coisa original.
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E é, de certo modo, a reabilitação de um prosaico recinto.

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Do livro: "Do jeito que vivemos" de Moacyr Scilar. Editora Leitura.
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Sobre o livro > comenta Luis Fernando Veríssimo: " Nem todo bom romancista dá bom cronista, claro. Como bons cronistas não dão, automaticamente, bons romancistas. Alguns dos melhores nem tentaram. No caso do Scilar temos o kit completo."

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sábado, 8 de novembro de 2008

Convite semi-breve


E ViVa Leila Diniz > Elias Pinto




Acho que foi na noite de quarta para quinta-feira. Não tenho mais saco para o Jô Soares, mas a TV estava ligada, o telejornal acabou e entrou o gordo.
Na verdade, estava lendo o maravilhoso livro, recém-lançado, sobre a Leila Diniz, do Joaquim Ferreira dos Santos, e não estava nem chundas para as notícias televisivas.
Mas o primeiro entrevistado me chamou a atenção. Era o Tom Zé. Ouvi muito um disco do Tom Zé, lá pelos anos 70, o “Todos os Olhos”, aquele da capa que poucos sabiam de que ângulo, ou olho, do corpo se tratava, exatamente pelo close, digamos, visceral.

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Parecido com aquele conto do Edgar Allan Poe, acho que “A carta roubada”, não lembro bem se esse o título. Para esconder a tal carta, que se sabia seria procurada minuciosamente, o personagem que a detinha a ocultou deixando-a à vista de todos. Isto mesmo: deixou-a em cima da mesa do escritório, bem visível. E saiu à rua, já sabendo que viriam vasculhar sua casa. Pois reviraram todos os cantos e escaninhos do ambiente, mas os invasores não se deram ao trabalho de verificar aquele envelope largado descuidadamente sobre a mesa.

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Assim a capa do disco do Tom Zé. De tão evidente a anatomia ali retratada, ninguém acreditou que aquilo era aquilo mesmo.

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Realmente eu apreciava as músicas e letras daquele disco: “Quando a gente era pequeno,/ pensava que quando crescesse/ ia ser namorado da Brigitte Bardot,/ mas a Brigitte Bardot/ está ficando triste e sozinha”. Ou: “Quando eu vi/ que o Largo dos Aflitos/ não era bastante largo/ pra caber minha aflição,/ eu fui morar na Estação da Luz,/ porque estava tudo escuro/ dentro do meu coração”.

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O problema é que o Tom Zé, depois que foi redescoberto por aquele músico americano (meio que parecido com o caso do Zé do Caixão, seu prazo de validade espichado pelo aval americano), pronto, acreditou que era realmente um gênio, um Walter Smetak da atomização microtonal, seja isso o que for, seja o que Deus quiser. Gênio, a propósito, foi o outro Tom, o primeiro.

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Vendo o trololó do Tom Zé no Jô, descobri-me sem mais disposição para essas patativices de Tom Zeverissimações. Não tenho mais borogodó para genializações no que é mera prascovice. E o Jô Soares, por trás de todas as línguas em que parlenga, parola e garrula, é apenas um deslumbrado com a ancha natureza de que se julga expressão máxima. Está longe de ser o intelectual que julga ser.

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Como entretenimento, avie-se, levando em conta o que é a televisão brasileira, que é isso aí mesmo servido todo dia. Estomazil.
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E quer saber: também estou um chato. Nada parece ter graça. Talvez seja saudade da Leila Diniz. Pensava que quando crescesse eu ia ser namorado da Leila Diniz.

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Ê NÓIS, PARANAENSES

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Li que a ministra Dilma Rousseff chamou os paraenses de paranaenses. Nenhuma novidade. Muitas vezes, em doutoradas páginas do Rio e de São Paulo, em resenhas, por exemplo, de um livro de Vicente Cecim ou Haroldo Maranhão, elogiavam a qualidade literária do autor “paranaense”. Se há inteligência na jogada, criatividade, é freudiano, ou seja, só pode ser “paranaense”. Paraense? Só se tiver bala, linchamento, massacre, depredação geral, trabalho escravo, conflito de terra, pistolagem...

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Ó PROS CARROS

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Outro dia li, aqui mesmo, quer dizer, reproduzido da Folha de S.Paulo, o Ruy Castro desancando, na sua coluna, a “civilização” do carro. Já escrevi tantas colunas sobre a barbárie automobilística que daria para reunir e publicar uma plaqueta só com este assunto (ou até um livro de bom tamanho).

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Agora ameaçam, mais uma vez, esticar, espichar a avenida 25 de Setembro – ou a 25Avenue, como diz o compadre Edson Gillet, morador do pedaço –, matando-lhe o traçado serpenteante.
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É para os carros tomarem conta? É mais asfalto cedido à ulceração motorizada?
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Sou contra e contra todos os argumentos que se façam em nome do desalmamento criminoso dessas máquinas de matar. Que sejam mais criativos e promovam meios de deixar essas feras o máximo de tempo possível em suas jaulas-garagem. Mais transporte público, isto sim, por baixo, por cima, pela água, via canela. E vão à (*), como diria Leila Diniz.
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PRETO NO BRANCO

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Está bem, está bem, estou assim assim. Mas, para terminar de bem, convido-os, hoje, a dar um pulo aqui na vizinha Rita, em seu Bistrô , na Ferreira Cantão quase esquina com a praça da Trindade (do lado daqui, não do lado da igreja). É que neste sábado tem uma feijoada que agrada a gregos e baianos, ou melhor, a cariocas e franceses (e a nós, “paranaenses”). Uma não, duas. Com o pretinho básico, tradicional. E com feijão branco, à francesa, que vem a ser o cassoulet, servido com pedaços de pato. Pronto, você pode ir de preto no branco (ou branco no preto, sem preconceito). Com direito a erguer um brinde ao Obama. E já com umas tantas na cabeça, finalizar com aquele grito de guerra final das vedetes: Oba
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Nas Fotos: A Divina > Leila Diniz. Jô Soares, Tom Zé ..


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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Memórias > Carmen Palheta

MEMÓRIA
Carrego na alma, belos, mas também frágeis momentos que vivi. Tristeza, mágoa e até vergonha por alguns atos que cometi. Mas tenho espaço de sobra para milhares de recordações maravilhosas que ficaram tatuadas, para sempre, em mim.


MEMÓRIA II
Procuro não acumular rancor. Ele corrói as paredes do espírito. E reativa memórias doloridas. Não vale a pena.

MEMÓRIA III
E na memória serena desta véspera de sexta, acumulo a gratidão por mais um dia que sobrevivi entre tantas memórias pesadas que passam por aqui, nesta tela global, porém pequena...

MEMÓRIA IV
EM POEMA...

Minha memória alcançou teu cheiro
Teus códigos secretos,
tua respiração, tua língua
Algumas janelas que ficaram abertas
Algumas ferramentas que não acionamos...

E recuperei, de forma solitária,
antigos arquivos
de cenas recentes
Fiz download de todos.
E, antes de fechá-los,
providenciei um backup pra nós dois.
Quando quiseres acessá-los...
... pede-me a senha.

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Paulo Vieira: Poeta Autêntico

Paulo com o Poeta Arnaldo Antunes

Paulo na fria Bruxelas.



Paulo Vieira é Poeta e Cronista, possui quatro livros, dois impressos e dois no prelo. É Engenheiro Florestal Pesquisador, e vive em Belém.

Ronaldo Franco: O que espanca a sua paciência?

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Paulo Vieira: Os maus poetas. Aqueles que pensam que para ser bom escritor é bastante abotoar a camisa de linho até o gogó, empinar o nariz e esperar os aplausos. Mas isso o tempo desfaz.

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RF: O que o poeta deixa impecável ao sair de sua casa?

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PV: O destino de toda casa é ser a rua mais ampla, onde se pode andar despreocupado. Por isso, ao sair, levo a casa comigo para onde vou. Com a confortável mobília da memória e a família que me habita.

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RF: Para quem você daria comida na boca?

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PV: Para meu filho Pablo, minha mulher, Mariana e para as crianças famintas, massacradas por puro capricho doentio de Hitlers, Stálins & Bushs.

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RF: Em seus pensamentos o que lhe volta à tona temperado com saudades?

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PV: Sinto saudades do futuro. Que não sente saudades de ninguém. Mas ele sempre me volta à tona, com suas memórias tão presentes e ao mesmo tempo fugidias. Para mim a saudade é aquela sensação áspera e suave que os dedos sentem logo depois que a areia escapa por entre eles.

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RF: "Para ser perfeito, um botequim tem que ser um pouco fedorento". Você concorda com o Hugo Carvana?

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PV: Já freqüentei muito boteco ‘pé sujo’, mas gosto mais ainda é do ‘pé podre’, aquele com cerveja de 2 reais, um balcão que não é lavado desde o século XVI, e um velho por trás com cara de poucos amigos. Assim o boteco é mais vivo, e mais vigoroso.

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RF: Instituíram a ditadura do corpo malhado. Mulher musculosa é bonita?

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PV: A mulher precisa ser bonita para ela mesma. Não para os outros. E para muitas, as mais independentes, essa é a lógica. Se ela ficar feliz parecendo a Alice do Popeye, uma Paniquete genérica qualquer, ou a Preta Gil, é o que importa.

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RF: O que se planta na literatura paraense?

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PV: Sei de gente nova escrevendo poesia com qualidade em Belém, inclusive não publicada. Na prosa, cito Daniel da Rocha Leite e Nilson Oliveira, como autores talentosos que levam muito a sério seu trabalho e seu tempo.
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RF: Quando você ri de si mesmo?

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PV: Quando percebo que o choro é inevitável.

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RF: Belém passou daquela coisa torturada e torturante de ser provinciana?

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PV: Não. Nem vai passar por enquanto. É aí que está a graça e a desgraça desse chão. É importante observar o papel relevante dos governos para garantia e manutenção dessa condição da Santa Maria de Belém. Os atropelos e desvios históricos, que há séculos sabotam o curso natural desse Riocidade.

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RF: O que lhe faria trocar dez dias de vida por apenas 30 segundos na pele do Super Homem?

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PV: O Superman é um idiota que vive tentando provar que o ser humano é fraco, medroso e incapaz, não gosto dele. E o Tarantino também não. Prefiro o Chapolin Colorado, o único super herói que tem como símbolo um coração desenhado no peito.

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RF: Que divergência turva uma grande amizade?

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PV: Nenhuma. Grandes amizades, muito amiúde, já de si, são divergentes.

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RF: O que anda de muletas no mundo?

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PV: O respeito pela vida.

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RF: Quem sobrevive na floresta urbana: o policial ou o poeta?

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PV: Depende do compromisso de cada um com a urbe. Pode-se morrer num instante, ou sobreviver bem, se souber andar só no sapato. As pessoas se esquecem de que aqui é a floresta também, pensam na Amazônia lá longe, como se as Onças e as Cobras Pico de Jaca não pudessem atacá-las ali mesmo na Praça Batista Campos, ou numa ruela qualquer da Cidade Velha. Muita gente vive a tropeçar nos troncos e cipós espalhados pelas veredas de Belém.

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RF: Quando uma lembrança vai para a lata de lixo?

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PV: Sempre. Vão todas para a lata de lixo da memória, que também recicla essas lembranças, e as transforma em versos.

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RF: De mim, basta eu! -você diria a quem?

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PV: A mim mesmo, ora, pois.

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RF: Qual é a última página de seu dia?

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PV: Não sei se os dias se encerram de verdade. Pode ser que a noite oculte mais umas páginas brancas em memória do dia que se finge de morto. Vai ver essas páginas brancas são as estrelas do céu, brilhando em homenagem ao dia, que dormita. Creio que não há página final para o dia, ainda que a morte insista em fechá-lo com sua pesada capa grossa e uns agudos pontos finais.

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RF: O que em Belém é uma guerra inútil?

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PV: Não posso chamar de guerra inútil se não há combate, mas queria ver uma guerra, inútil que fosse, contra a poluição sonora, as gaiolas horizontais, o desemprego, os motoristas desvairados, o clientelismo político e vários etcteras...

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RF: O que faz parte de sua mobília cultural?

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PV: Tenho um pequeno acervo de livros de poesia, prosa, pintura e música (na forma digital, principalmente). Não tenho dado conta de ler tudo, mesmo assim ainda quero muito mais. A única posse que me apetece é o livro. Me esforço também em acompanhar o cinema velho e o contemporâneo, escapando dos Moviecoms da vida, é claro.

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RF: Onde anda a nossa inocência cabocla?

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PV: Não sei se temos essa tal inocência. Aquele trecho bobo, daquela música patética e racista que diz “nossos índios não comem ninguém...”, é furado. É claro que comem, e cru! Não somos os coitadinhos do norte. Somos, sim, os cabanos malinos, se for necessária a malinação...

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RF: O que colocaria Belém em transe?

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PV: Belém já vive num transe. Só estando em transe para aceitar tanta corrupção, pobreza, e a situação degradante em que a maioria das famílias desta cidade vive.

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RF: Se arte é tudo, o nada também pode ser arte?

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PV: Depende do nada. Se for um nada liquido, pode ser arte sim. Agora, se for um nada sólido, aquele meio pastoso, péssimo sinal, pode descartar, não é arte, nem aqui nem em Macau. Se o nada for gasoso, aí deve de ser vácuo, o que, segundo certos poetas intergalácticos, também pode ser encarado como arte.

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RF: O seu humor suporta a empáfia engomada?

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PV: Às vezes sim, meu humor é elástico. Para enxergar melhor todas as coisas, inclusive as podres, é preciso paciência e bom humor. Mas tem muita empáfia desengomada também.

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RF: Onde você se transforma em Peter Pan? E quando você é o Capitão Gancho?

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PV: Tive uma infância muito adulta, dura e curta. E vivi pouco, em gotas, a adolescência. O que me dá hoje, quase aos trinta, boa parte da juventude ainda por viver. Simpatizo com o Capitão Gancho, e a Sininho foi por um bom tempo minha confidente preferida. Amiga igual não há. Mas o que eu queria mesmo era ver o DreamWorks fazer uma versão do Peter Pan.

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RF: Quem se vende barato ou se dá adiantado feito um Fausto belenense?

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PV: Acontece muito disso aqui. O cara se vende barato, ou até se dá de graça. A coisa é ter quem compre ou aceite tal bugiganga. Geralmente ninguém quer nem de graça. E acredito que a lista da pechincha nem caberia no seu tablóide.

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RF: Em que moinhos tropicais você usaria a espada e o escudo de D. Quixote?

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PV: Cervantes estava certo. Muita coisa pode passar, mas a boa sátira fica. Toda a gente deveria polir seu escudo & espada e sair pelo mundo como o cavaleiro andante, lutando em defesa do que acredita, ou contra o que não acredita.

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RF: Como o leitor pode tomar contato com seu trabalho literário atualmente?

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PV: Meu primeiro livro Infância Vegetal, de 2004, pode ser encontrado ainda em algumas livrarias de Belém (mas não sei se ainda existem livrarias em Belém), e o segundo Orquídeas Anarquistas (2007), só pode ser encontrado em minha casa. Livro Para Pescaria Com Linha de Horizonte, está no prelo, bem como o Livro Para Distração Na Tragédia, de crônicas, que sai no começo de 2009. Para ter acesso a esses trabalhos, e outros badulaques, basta acessar meu blog de literatura
http://vieiranembeira.blogspot.com/, e escrever para mim.



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Em Estocolmo - O escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio, Nobel de Literatura 2008, recebeu neste sábado, na Suécia, o prêmio Stig Dagerman, que lhe foi concedido em junho passado.
A cerimônia ocorreu na pequena igreja de Alvkarleby, um povoado do norte da Suécia, onde está enterrado o escritor sueco Stig Dagerman.

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'Quantum of Solace' bate recorde no Reino Unido

"Quantum of Solace", o novo filme de James Bond, bateu recorde de arrecadação em seu primeiro fim de semana de exibição no Reino Unido, ao faturar 15,4 milhões de libras (US$ 24,3 milhões).

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Dias e Noites


quinta-feira, 6 de novembro de 2008



Aventuras do leitor Elias Pinto
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Ando com saudade dos livros que não li – e de muitos dos que já li. Claro, uma vida, ainda que longa, é breve demais para conhecer mesmo que apenas uma seleção de obras-primas da literatura mundial. Nem que vivêssemos somente para ler.
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E nem sequer podemos nos vangloriar de termos lido tudo de determinado autor. No meu caso, como não sou acadêmico nem me pretendo especialista, o que me move é a paixão pela leitura, que desconhece fronteiras ou leituras obrigatórias, disciplinares.
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A obrigação que tenho, para o bem e para o mal, é ter de acompanhar os lançamentos que as editoras me enviam, na maioria das vezes, a meu pedido. Para o bem, é que sempre é um regalo receber novidades literárias. Para o mal, é que uma corrida contra o tempo. Mal atravesso uma noite, in-fólio, pirilampeando entre as páginas, e já me amanhecem outros livros exigindo leitura.
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E aí já vira uma espécie de quilometragem de livros lidos. Por isso, estabeleci quase uma regra: aberto um livro, iniciada a leitura, tenho de lê-lo de uma só batida, nem que isso me obrigue a galopar madrugadas insones. Isto não é saudável, não tentem repetir em casa.
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Daí esta saudade que às vezes me atocaia de livros lidos em outras épocas mais avarandadas. Por extensas no tempo e no espaço (e vocês já verão o porquê disso), algumas dessas leituras fincaram marcos em meu convívio à sombra da biblioteca e de seus habitantes.
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O Doutor Fausto, de Thomas Mann, por exemplo. Um livro reconhecidamente difícil. Pois o li alternadamente, entre a minha casa e um botequim do outro lado da rua, na Itororó, Pedreira. O boteco era de última (se estiver vivo, o seu Teixeira não vai gostar que lhe chamem o bar, que já fechou, de pé-sujíssimo), os cachaceiros gravitavam, como mariposas, em volta da minha mesa (a única do ambiente), e vez por outra intervinham, querendo saber o que eu lia tão concentrado, enquanto as cervejas iam brotando no entorno.
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Como era uma leitura de risco, minha mulher, à época (e sou-lhe grato por isso), encapou o volume, preservando-o do atrito com a farra faustiana. Devo confessar, também, que alguns trechos do magistral romance de Thomas Mann ainda hoje me surgem entre brumas amnésicas. Foi quando eu cheguei mais próximo de unir boemia e literatura.
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Já o ciclópico Ulisses, de James Joyce, foi uma leitura de suma doutoração. Fiando-me nos críticos e exegetas do autor irlandês, obriguei-me primeiro a ler a Odisséia, de Homero. Depois, uma penca de títulos que se propunham a decifrar os códigos do Ulisses e fornecer as chaves que lhe abririam os segredos narrativos. Fui à biografia do autor.
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Com tudo isso, eu sempre empacava, ia-me o fôlego lá pela página 200, 250, 300 (parece até música do Roberto Carlos ou aceleração de Fórmula 1; falando nisso, o nosso Felipe Massa saiu da corrida de domingo como um Fernando Gabeira das pistas, um derrotado vitorioso). Cheguei a comprar o original inglês, a tradução em espanhol e mais a versão francesa, que ficavam abertas na mesa, fazendo companhia à tradução do brasileiro Houaiss e mais a de uma versão lusitana.
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Eu endoidecia, obviamente. Lia cinco vezes a mesma página em várias línguas, comparando as soluções dos tradutores. Num livro de quase mil páginas, teria de ler cinco mil. Pirei sem conseguir terminar nem uma versão. (Talvez por isso a tradução de Houaiss me parecia, às vezes, a mais insondável.)
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Só consegui ler de uma vez o Ulisses quando me desvesti de todas as teorias e chaves para penetrar no livro munido somente de alegria, isso mesmo, com o mesmo prazer de quem se dá o gosto de caminhar pela primeira vez numa cidade desconhecida. Ao contrário do sacrifício (que representa para muita gente, como representava para mim) que essa leitura possa oferecer, aprendi a (re)ler Ulisses com o frescor que as obras-primas nos doam a cada aproximação.
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Outra leitura intelectualmente venturosa foi a de O Nome da Rosa, de Umberto Eco, que li tão logo saiu no Brasil. E até a de O Exorcista, de William Peter Blatty, que gerou o filme famoso e assombrou minha adolescência. Mas estas e outras aventuras literárias deixo para contar noutra ocasião, se não lhes encher o barril da paciência.
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2 vozes que cantam

A cantora Adriana Calcanhoto e o paraense Lee Max: - encontro de amigos e canções.

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Obama: a esperança americana



A vitória de Barack Obama foi comemorada nas principais cidades dos Estados Unidos , entre sorrisos e lágrimas.Milhares de pessoas saíram às ruas do país para o "carnaval" da alegria.

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Obama nas alturas
Enfim Luther King não morreu em vão

Pois é amigos, hoje, logo cedo, li que a filha do maior líder negro da história dos EUA, Luther King, assassinado covardemente pelo ódio racial disseminado pela extrema direita americana, ainda hoje atuante, porém sem a mesma força do passado, estaria muito feliz, se vivo fosse, tanto por Obama como pelo seu povo.

Pela rádio CBN ouvi o ilustre professor Cândido Mendes dizer que, elegendo Obama, o povo americano estava fazendo uma profunda auto crítica do seu passado e do seu presente. Concordo com ele completamente.

Já o presidente da França, Sarkozy, se expressou afirmando que a vitória de Obama representa muito não só para a França, como para a Europa e para o mundo como um todo. Absolutamente certo.

Torci muito por ele, pelo que representa, pelos valores que agora são postos no poder maior dos EUA, pela coragem de grande parte daquele povo que, mesmo não sendo obrigado a votar, acordou cedo, enfrentou filas imensas, um processo de votação ainda bastante atrasado, e derrubou pelo voto uma era Bush que agora quererão esquecer para sempre, apesar das profundas marcas que este deixou. Foi, amigos, a maior participação de eleitores em toda a história americana.

Quando me refiro a que lá não existe esta absurda obrigação de votar, que por aqui alguns ainda defendem com ardor, é porque é muito comum haver abstenções elevadas nas eleições dos EUA. Mesmo nas majoritárias. Inclusive no ano de 2000 apenas 51,5% das pessoas em idade de votar compareceram às urnas. Tenho um levantamento em forma de estudo a mim enviado em 2004 pela professora Eva Bueno, residente nos EUA.

E pensar que faz pouco mais de 40 anos que a divisão racial era flagrante, agressiva, nos EUA. Negros não podiam votar e nem tinham a maioria dos direitos reservados somente aos brancos. O ódio racial, na época, era atuante através da Ku-Klus-Kan que não só torturou como matou muitas famílias negras em tempos passados que não estão muito distantes. Mas os tempos mudaram e Obama é a grande diferença, Obama é a própria mudança.

Embora preocupante acredito que a dívida pública americana, hoje superior a 30 trilhões de dólares, seja um dos problemas menores que Obama ira enfrentar. Acredito sinceramente que pelo menos a verdade estará agora aliada ao bom senso para conduzir não só os EUA como sua trágica política externa, agravada pelo desastre permanente que foi a era Bush que mentiu quase o tempo todo no poder.

A guerra ao Iraque era desnecessária e foi uma das maiores mentiras a partir de quando comissões de delegados americanos lá foram e depois afirmaram em relatório que aquele país não tinha e nunca teve armas de destruição em massa. Mas Bush estava mesmo preparando terreno para outros objetivos nada dignos e que muitos ainda se recusaram a acreditar.

Desorganizaram o governo do Iraque e nunca conseguiram, até hoje, implantar a ordem e a tal “paz” pregada por Bush quando da invasão covarde. Pelo contrário, hoje o Iraque vive em constante convulsão e será um grande desafio para Obama consertar o que seu antecessor desordenou pela destruição.

O caso da perseguição na tentativa de captura do terrorista Osama sempre me cheirou mal. Nunca acreditei na sinceridade do que dizia Bush quanto a isso. E até hoje duvido que, se quisessem mesmo, não tivessem conseguido prender Osama. Já disse o mesmo numa crônica há algum tempo. E não só eu o disse.

Neste caso, meus amigos, creio muito mais que têm prevalecido, como escreveu Frei Beto, os antigos e fortes “Laços de Família”. Nenhuma dúvida quanto a isso. Permitam-me realçar aqui apenas este trecho daquele magnífico artigo divulgado em 2002 no qual fica evidente alguns “monstros” que foram criados ou apoiados pelos próprios EUA, em duas eras Bush, e depois perseguidos como “inimigos”:

“Tão sintomática quanto a atual censura consentida à mídia nos EUA, é a omissão na imprensa da história de como a CIA criou o general Noriega, do Panamá; Saddam Hussein, do Iraque; e Osama Bin Laden, do circuito Arábia Saudita/Afeganistão.” --- Sem mais comentários.

Mas, voltando ao resultado da eleição americana, como disse Arnaldo Jabor, “Obama foi a vitória da razão, da inteligência, da imaginação, da verdadeira América.” Disse tudo. Eu também confio em Obama. Ele me passa essa certeza de que não nos decepcionaremos com sua administração.

Não que o mundo vá encontrar de pronto a solução para todos os seus problemas, isso não, seria uma utopia até estúpida. Pelo menos foi derrotada a arrogância, a prepotência, a mentira que ameaçava não só os destinos da maior nação deste planeta como a própria humanidade. Não exagero não. Estou hoje um pouco mais feliz, porque acredito, porque acho que podemos confiar, sim.


Francisco Simões.
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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mais realistas que o Rei (Ronaldo Franco)


"Pelo curto tempo que você sumiu/ Nota-se aparentemente que você subiu/ Mas o que eu soube a seu respeito/ Entristeceu-me ouvi dizer/Que para subir você desceu/ Você desceu."
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Era a grande Clara Nunes, guerreira que só ela, que cantava a música aí de cima, não era? Nós moços de espírito, lembramos, não lembramos?
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Se a Clara, que pena, há muito já não está entre nós, sua música, e esta aí de cima, em particular, não podia ser mais atual, presente, eterna enquanto existir humanidade - ou falta de humanidade.
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Nos noticiários, na vida de todo dia, a minha, a sua, a nossa, quantas vezes não assistimos a uma gente que, para subir, desce o nível, pisa, a moral toda enterrada na lama.
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E o mais engraçado é que essas pessoas que "se acham" , em geral, não são os chefes, os superiores, mas os "atravessadores", os intermediários, o estafinho, os que, antes que o chefe estique a mão para abrir a porta, já estão com as suas na maçaneta, dando passagem.
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São os mais realistas que o rei - que interpretam os humores do patrão à revelia do próprio patrão.
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Os verdadeiramente de cima, sei, por experiência, que são - não digo sempre, mas muitas vezes - pessoas cordatas, capazes de receber em sua sala com a mão estendida e um sorriso no rosto, providenciando água e cafezinho.
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Mas os atravancadores, o tal estafinho (tão temporário), até para fazer valer o cargo, sua influência junto ao chefe, dizem que este não pode receber, que não está ou está muito ocupado. E tome chá de cadeira na bacia das almas que é a sala de espera.
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São as pedras no meio do caminho.
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Esses, os que se acham, erguem muros em torno dos chefes, feito aquele muro que o Pink Floyd construiu, tijolo a tijolo, num desenho (i)lógico, construído com a argamassa do ódio, do ressentimento, do rancor e dos interesses mesquinhos.
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O muro que depois se desintegra, esfarela, arrebentado pela sede de liberdade e contestação.
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Quintanar é preciso:- vocês, atravancadores, passarão...
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O FIDA > Luana Campos

Com entrelaçar de pernas a se perderem no palco e ao final ovacionados por incrível coreografia e sincronia, o FIDA mais uma vez engrandece nossa cultura regional com tamanha beleza e riqueza de grupos de dança. O FIDA abre espaço para vários grupos, como o grupo em foco, cujo nome NATARAJA representa com expressões corporais a mitologia Hindu, isso mostra, que a Amazônia tem mais que apenas nossas raízes. Parabéns ao espetáculo FIDA e ao grupo NATARAJA por tamanha fineza nos
movimentos.




Joãozinho Gomes ( O que vem do norte)

Joãozinho
Gomes (Foto)



A pesquisa encomendada pelo Sistema Fecomércio-RJ é quem nos dá os números e eles merecem reflexão e muita atenção da família, cuja importância é decisiva, dos gestores da educação e dos professores, que na verdade deveriam ser educadores e, lamentavelmente em sua grande maioria, não são.
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No ano de 2007 mais da metade dos brasileiros passaram longe de qualquer programação cultural e, 69% deles não leram sequer um livro, um único livro. Falta de hábito foram na maioria as respostas.
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A urgência faz a hora de exigir dos professores que leiam alguns livros por ano como obrigação curricular e funcional. A urgência faz a hora de aparelhar nossas escolas com bibliotecas e obras diversificadas e atuais, para incentivar e influenciar os estudantes e suas famílias no habito da leitura.
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No País existem hoje um pouco mais que seis mil bibliotecas públicas e, a quase totalidade delas, mambembes e entregues ao descaso absoluto. Nas poucas escolas da rede de ensino que mantém alguma funcionando, a pobreza do acervo é vergonhosa.
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Na Amazônia geográfica existem mais ou menos trezentas bibliotecas públicas, mas o número de organizações privadas é incalculável, as tais não governamentais, que não se sabe direito o que fazem, mas sobrevivem usando benesses do poder público – imóveis, verbas, isenções de impostos, transito facilitado etc... Poucas, mas muito poucas mesmo, exercem o objetivo social de educar o homem.
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A abnegação de alguns é insuficiente. Somos a 11ª economia do mundo com uma assustadora deficiência de conhecimento. Achar que a modernidade da Internet vai resolver todos os problemas é no mínimo uma irresponsabilidade. Ensinar a ler primeiro é que pode abrir o universo para todas as possibilidades adormecidas em nossos estudantes. Moderno é saber ler, escrever, se conhecer, raciocinar, interagir e se formular diante da vida.
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Ainda jovem, se descobriu na leitura, na literatura, no convívio com a obra de grandes escritores e poetas, desvendando e reconhecendo seu próprio caminho.
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Os primeiros versos, a música brasileira, mais um deslumbramento - outro reconhecimento.
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Na esquina da Av. 1° de Dezembro com a Rua Itororó, ( hoje Dr. Enéas Pinheiro) em Belém, entre um grupo de jovens artistas e suas inquietações - o sonho e os primeiros companheiros.
No contato com as obras dos poetas, compositores e cantores independentes pulsando para se consolidarem definitivas – O sonho, os companheiros e a forma – tudo junto, era mesmo seu caminho.

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Com a simplicidade estampada em cada gesto a timidez não o revela, apenas disfarça a sabedoria de capturar discretamente a vida ao seu redor para reordenar seus sinais na intimidade da sua criação. Não pensem em solidão, é intimidade mesmo, é o momento em que se transmuda para seduzir as palavras, cantarolar para frases inteiras, deflorar metáforas e copular com a inspiração, que aonde vai o segue como chama que nunca se apaga.
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É do interior, nascido uma e muitas vezes aqui e por aqui. Como parido de onça, de um igarapé, de uma magra palmeira ou num batuque enquanto a flecha passava. Também nasce de versos e rimas, de brasis e de pessoas, nasce do centro, dos lados ou do interior de algum detalhe quase imperceptível.
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É um dos maiores poetas e letristas da Amazônia e do Brasil. De sua obra muita coisa ainda é inédita, não só na poesia como nas centenas de letras musicadas.
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Do letrista apenas uma pequena parte esta registrada pelos próprios parceiros e alguns outros artistas, talvez nem vinte por cento das canções feitas com Lôbel, Luhli e Lucina, Nilson Chaves, Rafael Lima, Walter Freitas, Genésio Tocantins, Eudes Fraga, Elton Ribeiro, Juraildes da Cruz, Jean Garfunkel, Mário Moraes, Marco André, Cláudio Lobato, Lano Cabral, Marco Antônio (Marcão), Salomão Habib, Albery Jr, Cláudio Nucci, Jane Duboc, Telma Tavares, Marta Strauss, Madan, Paulo Fraga, Rafael Altério, Ziza Padilha, Sérgio Souto, Enrico Di Miceli, Celso Viáfora, Chico César, Vital Lima, Sebastião Tapajós, Felipe Cordeiro, Pedrinho Callado, Osmar Júnior, Marcelo Sirotheau, Aldo Moreira, Zé Miguel, Pedrinho Cavalero, Amadeu Cavalcante, Val Milhomem, Augusto Hijo, Mário Mouzinho, Helder Brandão, João Milhomem, Ricardo Iraguani, Vicente Moura, Marcelo Schneider, Cléverson Baia, Vicente Barreto, Zeca Baleiro, Marco Antonio Quinan, Cuca Nonato, Zé Luiz Manechi, Pratinha Saraiva, Orestes Mourão, Tó Nascimento, Macário Lima, Irene Portela, Tato Fischer, Klébi Nori, Delço Taynara, Fernando Carvalho e comigo.
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Difícil andar pela Amazônia sem ouvir e cantarolar um verso saído de seu ofício, na música de algum parceiro. Mais difícil ainda não entender sua influência esparramada pelo caminho que percorre.
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Mestre-aprendiz - orgulho de todos os companheiros, parceiros, amigos, irmãos e muitos brasileiros.
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Sua obra é também recomendada para quem quer conhecer e falar da Amazônia ou entender melhor a palavra simplicidade.

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À Benção Joãozinho Gomes,
Marcos Quinan

Adquira o trabalho de artistas amazônicos e brasileiros na
http://www.ladodedentro.com.br/

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domingo, 2 de novembro de 2008

Uma playboy para chamar de sua > Nathalia Buracoff

As fotógrafas:Darcy Toledo e Jane Wlater
Foto:Agência Nude

Uma playboy para chamar de sua
Mulheres comuns - com celulites e gorduras localizadas -, mas repletas de sensualidade, realizam ensaios sensuais para presentear o parceiro, elevar a auto-estima e testar os limites da ousadia
Por Nathalya Buracoff


*A cada mês, mulheres estonteantes estampam as páginas das revistas masculinas, com lingeries lindas, cenários paradisíacos, poses audaciosas e caras e bocas que fazem qualquer homem babar, deixando a ala feminina morrendo de inveja.
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*Se você já pensou em realizar uma fantasia ousada, como pousar nua, mas desistiu da idéia, pois está longe de ter o glamour e o corpo curvilíneo de celebridades como Carol Castro e Karina Bacchi, prepare-se.Trate de tirar a meia sete oitavos da gaveta, a calcinha de renda e preparar o corselete justíssimo! Você pode se juntar ao time de mulheres de todas as idades, de qualquer estado civil e dos mais variados tipos físicos que já foram clicadas em poses pra lá de calientes pelas lentes de Darcy Toledo e Jane Walter, fotógrafas da Agência Nude, especializada em realizar ensaios sensuais.
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* Munidas de tanguinhas e espartilhos, elas sobem no salto e arrasam em matéria de sensualidade. O trabalho é todo personalizado, desde o primeiro encontro, até a escolha do cenário, figurino, maquiagem, decoração, comidas, bebidas e trilha sonora especial, que vai ajudar a transformar uma mulher comum em uma verdadeira Lolita. "A gente atende a vontade e o sonho de cada mulher, deixando tudo bem personalizado e exclusivo", afirma Darcy.
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*Geralmente, as mulheres fazem o álbum para presentear o parceiro. "Ele não sabia que estava fazendo um ensaio sensual. Na verdade, ele nem imaginava. Eu sou de Atibaia e inventei uma história para despistá-lo. Falei que viria para São Paulo para fazer um curso. Quando ele me viu nas fotos ele ficou bobo! Nunca me imaginou fazendo poses e adorou o resultado!", diz Joana*, uma das "coelhinhas da Nude".
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*Ela é casada há sete anos, sempre teve vontade fazer um ensaio sensual e queria dar um presente diferente para o marido. "Me senti muito à vontade e não fiquei nem um pouco constrangida. Meu ensaio foi em um ambiente bem descontraído, com música relaxante e vinho.", diz a cliente que recebeu um CD com 350 fotos e teve dificuldade em selecionar as 30 imagens para compor o álbum. "Eu adorei o resultado, ficou bem melhor do que eu esperava. Sei lá, a gente não se enxerga desse jeito, né?!", brinca a "modelo por um dia".
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*Após uma sessão de fotos picantes, as clientes retomam o cotidiano com uma dose extra de vaidade e, claro, luxúria, tempero essencial para apimentar qualquer relação a dois. "Estou casada há 10 anos e meu marido nunca me viu dessa maneira. Fiz um ensaio totalmente personalizado, com luvas de boxe, caras e bocas e o resultado ficou lindo! Isso deu um temperinho a mais na relação.
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*Hoje, ele se empolga muito mais comigo. Nas fotos eu incorporei uma atriz e ele ficou impressionado ao me ver assim!", diz Sylvia Rodrigues, que pretende repetir o ensaio a cada dez anos. "Quero acompanhar as transformações do meu corpo e da minha sensualidade na passagem de uma mulher adulta para uma mulher madura.", conta.
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*Idade e tipo físico não são empecilhos para a realização das fotos e a agência tem clientes de 20 a 60 anos. As fotografas entregam o jogo e revelam que há diversos truques e poses que ajudam a valorizar pontos fortes e disfarçar imperfeições. Além disso, uma boa iluminação ajuda bastante na hora do clique.Porém, a maioria das clientes não pede muitas alterações e querem ser valorizadas da forma como são.
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*Muito mais do que a aprovação do parceiro, em todos os ensaios, as verdadeiras presenteadas são as próprias modelos que, frente às lentes fotográficas, resgatam o poder de sedução que toda mulher possui, mas que muitas vezes fica encoberto pela baixa auto-estima.As fotógrafas montaram um blog, no qual relatam os depoimentos de algumas clientes que passam por um processo de resgate do amor próprio depois de se verem como mulheres sedutoras em poses que refletem pura volúpia à flor da pele.
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* "Fiquei me namorando nas fotos e isso foi maravilhoso! Me senti a Gisele Bündchen. Qualquer mulher se sentiria, a gente fica poderosa! Nós merecemos nos ver com outros olhos e saber que somos lindas!", afirma uma das clientes da agência. Para Sylvia, a surpresa com seu ensaio foi generalizada. "Mostrei o ensaio para uma outra pessoa e ela me perguntou: - É você mesmo? Nossa, que diferente. Você ficou incrível! Isso foi ótimo para minha auto-estima!"O jornalista Marcus Oliveira aprova a idéia e adoraria ver sua namorada estampada em fotos ousadas.
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*"Quem se propõe a fazer um ensaio desses revela muita criatividade e coragem. Ver aquela mulher que está no seu dia-a-dia toda poderosa com uma minicalcinha a deixa mais gostosa do que qualquer capa da Playboy e instiga a libido de todo homem. É muito tesão!", confessa.


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Sandra Vianna


Legião Urbana