terça-feira, 31 de março de 2009

A viajante

Com franqueza, não me animo a dizer que você não vá.
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Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos da vagabundagem, eu não direi que fique.
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Em minhas andanças, eu quase nunca soube se estava fugindo de alguma coisa ou caçando outra.
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Você talvez esteja fugindo de si mesma, e a si mesma caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida - e às vezes reparamos que é ela que se vai, está sempre indo, e nós (às vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando.
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Assim estou eu.
E não é sem melancolia que me preparo para ver você sumir na curva do rio - você que não chegou a entrar em minha vida, que não pisou na minha barraca, mas, por um instante, deu um movimento mais alegre à corrente, mais brilho às espumas e mais doçura ao múrmurio das águas.
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Foi um belo momento, que resultou triste, mas passou.
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Apenas quero que dentro de si mesma haja, na hora de partir, uma determinação austera e suave de não esperar muito; de não pedir à viagem alegrias muito maiores que a de alguns momentos.
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Esse instante de libertação é a grande recompensa do vagabundo; só mais tarde ele sente que uma pessoa é feita de muitas almas, e que várias, dele, ficaram penando na cidade abandonada.
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E há também instantes bons, em terra estrangeira melhores que os das excitações e descobertas, e as súbitas visões de beleza sonhadas. São aqueles momentos mansos em que, de uma janela ou da mesa do bar, ele vê, de repente, a cidade estranha, no palor do crepúsculo, respirar suavemente como velha amiga, e reconhece que aquele perfil de casas e chaminés já é um pouco, e docemente, coisa sua.
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*Rubem Braga.
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domingo, 29 de março de 2009

Esse sofrimento seco


É difícil de explicar
esse sofrimento seco,
sem qualquer lágrima de amor,
que se comunica sem gesto
e sem palavras se invade,
se aproxima, se compreende
e se cala sem orgulho.

* Carlos Drummond de Andrade
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Os Passarinhos

Foto:Mató A ornitologia e
A poesia
Não explicam
Esse namoro
Esse milagre por cima dos nossos telhados
Nem muito menos
Por que nos emociona...
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Esse amor
É um favor da natureza
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(...Quando estamos abraçados
Pelos fios do telefone
E do computador...)
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(RF)
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sábado, 28 de março de 2009

A mulher que passa...

Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
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Oh, a mulher amada é como a onda sozinha andando na praia...

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Meu Deus, eu quero, quero depressa
Eu quero-a agora, sem mais demora
Leve como um resto de nuvem:mas que seja nuvem
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Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com o seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha:parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida.
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E em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
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* Versos de Vinícius de Moraes.
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Maradona X Pelé : goleada de asneiras

O técnico da Argentina, Diego Maradona, respondeu hoje a uma crítica feita há poucos dias por Pelé com declarações sugestivas, ao dizer que o brasileiro "estreou com um garoto".
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"O que querem que eu diga, ele estreou com um garoto", disse Maradona, em referência à iniciação sexual de Pelé.

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Maradona foi consultado durante a entrevista sobre as declarações, que chegaram à Argentina, em que Pelé afirma que o ídolo argentino não era exemplo para a juventude por ter usado drogas.

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As palavras de Maradona provocaram gargalhadas dos jornalistas que foram ao campo da Associação do Futebol Argentino (AFA) depois do treino da equipe, que no sábado enfrentará a Venezuela pelas Eliminatórias.

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Alice Braga & Mickey Rourke


A atriz brasileira Alice Braga vai estrelar, ao lado de Mickey Rourke e Vincent Cassel, a adaptação cinematográfica do romance "Onze Minutos" de Paulo Coelho.
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Poeta García Lorca


Luzes e Sombras do poeta Frederico García Lorca
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Ignorada por muito tempo, evitada e até marginalizada, a homossexualidade do poeta espanhol Federico Garcia Lorca, fuzilado aos 38 anos por tropas franquistas, em agosto de 1936, é motivo de um estudo aprofundado por parte de seu biógrafo irlandês, Ian Gibson.

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Ana C a r o l i n a


Ana Carolina, nos seus olhos fundos guarda tanta vontade,
a vontade de todo esse mundo:- ganhar um milhão.
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O planeta no escuro (neste sábado)

Imagine o planeta inteiro de luzes apagadas por uma hora?
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Esta é a idéia do movimento 'Hora do Planeta', promovido pela 1ª vez no país pela Organização Não Governamental WWF-Brasil, que convida o mundo todo a mostrar sua preocupação com o aquecimento global e as mudanças climáticas, por meio de um ato simbólico: apagar as luzes por 60 minutos(no sábado:das 20:30 às 21:30 hs). O objetivo é chamar a atenção para o tema ambiental e fazer as pessoas pensarem sobre como podem ajudar.
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Incêndios e Naufrágios


"Bodega": um mundo surreal > Paulo Cal


*É no "Bodega" que é possível observar e conviver com o universo feminino de corpo e alma boêmios. O "Bodega" é território, estar, passagem de situações, visões, sentimentos humanos...
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*Cada frequentador do "Bodega", cada circunstante, parece indicar que continente e conteúdo são dois lados da mesma moeda.
Quem frequenta o "Bodega" é capaz de mergulhar no universo masculino ou feminino ao mesmo tempo, pois tem a bússola para mergulhar em si mesmos e encontrar as linhas ou rumos que se cruzam e se embaralham.
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*Quem olha ou quem é olhado?
Quem vê ou quem é visto?
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É como caminhar entre o território, a morada, o vazio e o isolamento - caminhar entre amigos que se gostam, conversas, frases musicais, desenhos, gravuras, escritos e pinturas.
É como construção de um sítio arqueológico com fragmentos de gente que ali viveu com árvores, calçadas, mesas, cadeiras, tijolos e azulejos antigos.
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É como uma moderna tapeçaria de Penélope que se constrói durante o dia e que à noite, sobretudo nas noites de quartas-feiras, se defaz.
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A noite do "Bodega" tudo é surreal.
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Bodega> Quintino 1920 > entre Conselheiro e Gentil >Belém
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Por que não falar do velho Lennon ? > Elias Pinto

Depois de um dia cansativo, estressante, enfim desembarco defronte do monitor, a noite já se ensaiando num dia todo nublado. Dos três ou quatro assuntos que disputavam a primazia de se transformar no tema de hoje, nenhum deles ainda me anima, pois exigiria concentração e tempo, tempo de que agora disponho só de um fiapo, a hora de enviar a coluna socando a porta.
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Suspirei e olhei para o lado, para uma das estantes alopradas de livros, como quem espera um sinal de são Dante Alighieri. Foi quando dei com a fornida lombada, saltando da estante feito prostituta a oferecer o vão da coxa. Aproximei a vista, é a biografia, excelente, do John Lennon, pelo jornalista inglês Philip Norman, recém-lançada. É um catatau de mais de 800 páginas, que vou navegando, curtindo, em velocidade de cruzeiro, por ter de dividir sua leitura com uma robusta penca de livros. Mas, em breve, vou comentá-lo.
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John Lennon e os Beatles são apenas um pôster na parede, mas já não dói. Na verdade, nem tenho quase ouvido música. Quando escuto, dei de ouvir ópera, clássicos. Os vizinhos andam até assustados.
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Lendo o livro sobre o autor de Imagine lembrei do tempo em que eu tinha todos os seus discos. Como canta o Gonzaguinha numa música de seu primeiro disco, meu bem há quanto tempo a gente não dança um bom bolero à meia-luz, há quanto tempo a gente não se deixa levar pelos gritos desse velho e cansado coração, pensei: há quanto tempo não ouço o Lennon...
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E nem tenho mais nenhum de seus discos, tudo perdido nessa velha e suja estrada, old dirt road. Vocês aí cantaram Mother? O desafio era se esgoelar tanto quanto John no refrão final: “Mamma don’t go/ Daddy come home”. Parecíamos uma multidão de gatos no cio em teto de amianto.
À época, John e (aaaaeerrrrriiirrrrcccccccccchhhhhhh) Yoko arrancavam seus fantasmas do sótão na base do berro primal, a teoria do grito do doutor Arthur Janov, que passava por ser um descongestionante emocional. O paciente era convidado a gritar a plenos pulmões para liberar seus demônios, traumas represados desde a infância. Depois, o mais próximo disso que encontrei, além dos uivos da Gretchen, foram os discursos do ex-deputado e grande e doce amigo (podem crer) Babá.

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Lembro de outra letra daquele elepê do John: “Don’t let them fool you with dope and cocaine/ No one can hang you fell your own pain”. Isso aí, não deixe que eles o idiotizem com droga e cocaína. Sinta a própria dor. Ainda bem atual, né não, sangue bom? Vontade era dar um berro primal no ouvido desse bando de vereadores que fazem jus ao chefe que têm. Como diria Lennon: “I’ve had enough of reading things/ By neurotic psychotic pig headed politicians”. E mais: “I’m sick and tired of hearing things/ From uptight short sighted narrow minded hypocritics”.
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Pronto, melancolias espreitam-me. E agora, escrever sobre o quê? Quarenta e nove anos e nenhum problema resolvido. Vamos lá, a coluna precisa sair. Já estou defronte da tela rutilante do computador. E nem adianta abrir janelas para nelas ficar, feito Carolina virtual. Vamos lá, por que não falar do velho Lennon?
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Pois termino com a citação da música de um outro disco do John, Mind Games. Encontro em “One Day (At a Time)” aquela perfeita comunhão amorosa que todos, um dia, utópicos, sonhamos: porque eu sou o peixe, você o mar, porque eu sou a maçã e você a árvore, sou a porta, você a chave, eu sou o mel, você a abelha. Tão simples assim o amor, utopia. Um dia de cada vez está bom para nós dois. Bye.
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Vida ao Teatro São Cristovão

Clik sobre o texto >>vc vai vê-lo ampliado.
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sexta-feira, 27 de março de 2009

"Uma das maiores vitórias que se pode conquistar
é derrotar o inimigo pela delicadeza."

Carlos Correia Santos >> informa

Carlos Santos
Peça sobre Theodoro Braga continua no palco do Cuíra
Espetáculo inspirado na vida do pioneiro da charge na Amazônia segue em cartaz toda sexta, sábado e domingo.

Continua em cartaz o espetáculo “Theodoro”, de Carlos Correia Santos. Obra inspirada na trajetória do grande pintor paraense Theodoro Braga. Montagem do Grupo Palha, com direção e encenação de Paulo Santana e produção executiva de Tânia Santos. A produção pode ser vista todas as sextas e sábados, às 21h, e domingo, às 20h. No Espaço Cuíra, que fica na Primeiro de março, 514, esquina da Riachuelo, perto da antiga Telepará. Para conferir o vídeo da peça, acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=WZ5klZHU3lM


Vencedora do Edital Estadual de Fomento às Artes Cênicas, promovido pelo Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Cultura (Secult) e Sistema Integrado de Teatros (SIT), a montagem ficará em cartaz até o dia 14 de abril.

Theodoro Braga. Um nome conhecido? Se a resposta para essa pergunta for negativa, então o teatro pode ser um bom lugar para mudar essa constatação. O nome desse grande artista pode até soar familiar para quem circula pelo meio cultural de Belém. Afinal, assim é chamada uma requisitada galeria de arte situada no Centur. Porém, além disso, o que mais se conhece? Será que o grande público sabe que o paraense Theodoro Braga foi um dos maiores nomes das artes plásticas brasileiras? Será que o grande público sabe que esse artista foi um dos pioneiros da charge na Amazônia e uma referência para a pintura nacionalista no país? Se essas informações causam curiosidade, as cortinas da dramaturgia se abrem e revelam ainda mais detalhes.

“Queremos que a sociedade, educadores e estudantes conheçam Theodoro Braga, não só como uma galeria de arte, no subsolo do Centur, mas como um paraense que contribuiu para o engrandecimento da nossa história”, afirma o ator Luiz Girard, que tem o desafio de dar vida ao protagonista do espetáculo. Girard contracena com Abigail Alves (Senhora de Tudo), Arnaldo Ventura (O Vermelho), Nelson Borges (O Azul), Nelson Oliveira (O Amarelo) e Ângela do Céo (O Verde).

“Theodoro foi o fundador da primeira pinacoteca da Amazônia. Foi ele quem estabeleceu o compromisso de pintar as paisagens, heróis e lendas da região com um tom mais realista. Ele defendeu a pintura nacionalista numa época em que só se queria pintar temas inspirados na Europa”, explica Carlos Correia, que se dedicou a uma extensa pesquisa para compor o texto. Trabalho similar ao que tem feito para outros projetos literários e teatrais, como “Nu Nery”, peça sobre outro grande pintor paraense, Ismael Nery. “Ismael e Theodoro, além de conterrâneos e apaixonados pela terra natal, têm o comum a genialidade e a coincidência de terem estudado, em épocas diferentes, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Fora isso, foram dois artistas radicalmente diferentes. Técnicas diferentes. Propostas diferentes. Personalidades diferentes. Ismael foi muito denso, muito inquietante. Theodoro foi mais do colorido e do humor. Não à toa, tornou-se um dos precursores da charge e da caricatura na região”.

Vaudeville – No palco do Cuíra, o universo policromático do pintor será valorizado pela atmosfera sonora. Quem for assistir “Theodoro” vai mergulhar na trajetória do artista guiado pelo gênero conhecido como Vaudeville. Ou seja, a montagem tem como inspiração os grandes teatros de revista. A história é pontuada por números musicais, criados em parceria com o instrumentista Geraldo Senna.

“Como Theodoro é um expoente da chamada Belle Époque, período em que a França ditava todas as modas e costumes aqui no Pará, a peça bebe desta fonte. Há um certo clima de cabaré em cena. Os atores cantam, dançam. Paulo Santana fez uma montagem que é bastante física. Um desafio mesmo para os atores”, detalha Correia.

Parceria e ensino – “Theodoro” marca a quinta parceria entre Carlos Correia Santos e o Grupo Palha, dirigido por Paulo Santana. A primeira foi com “Nu Nery”, em cartaz desde 2006 até os dias de hoje, projeto ganhador de vários prêmios e com turnê pelo Brasil e participação em Festivais Nacionais, representando o Estado. A segunda e a terceira aconteceram com os espetáculos infantis “Uma Flor para Linda Flora” e “A Fábula das Águas Tristes”. A quarta foi “Júlio Irá Voar”, texto com que Correia conquistou o primeiro lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia, em 2005. Baseada no legado do jornalista e inventor Julio Cezar Ribeiro de Souza, a peça foi montada com patrocínio da Amazônia Celular. O espetáculo voltará à cena no Espaço Cuíra, de 01 à 31 de maio de 2009. O projeto de “Júlio Irá Voar” também venceu o Prêmio de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural em Brasília, e será apresentado na capital federal no mês de agosto deste ano.

“Queremos que esta montagem tenha a mesma repercussão das outras realizações e esperamos que os educadores comprometidos com a formação de nossos jovens, tragam seus alunos, pois o Grupo disponibiliza durante o período de temporada, agendamento para Escolas e Universidades, em seus horários de aulas, basta ligar para 8138.4189 e falar com Tânia, nossa produtora. Nosso objetivo vai além da realização, pois temos o compromisso de despertar o interesse pelo consumo do teatro, assim como se faz com a leitura, seja em casa ou na escola”, afirma Paulo Santana, professor e diretor do Grupo Palha.

“Theodoro” foi ainda um dos três textos do dramaturgo paraense premiados no Edital de Fomento às Artes Cênicas. Do autor, também foram selecionadas as peças “Uma Flor para Linda Flora”, uma fábula ambiental montada pelo Grupo Teatro do Ofício e apresentada no Museu Goeldi, e “Duelo do Poeta com Sua Alma de Belo”, inspirada no poeta Antônio Tavernard e apresentada nos últimos dias 13, 14 e 15 também no Espaço Cuíra.

Trajetória – As artes plásticas mal se esboçavam na Amazônia, quando se iniciou o desenho da trajetória de um dos maiores pintores não só do Pará, mas de todo o Brasil. Foi numa Belém dos meados de 1872, mas precisamente num dia 08 de junho, que nasceu Theodoro José da Silva Braga. Theodoro Braga. Morto aos 81 anos, em 1954, este ser de cores se expôs existência afora de forma sem par. Livre docente da Escola Nacional de Belas Artes (1921), Professor Catedrático de Arte Decorativa – desenho e composição – da Escola de Belas Artes, em São Paulo (1926), membro do antigo Conselho de Orientação Artística do Estado de São Paulo e dos Institutos Histórico Geográfico do Pará, Pernambuco, Ceará e Rio Grande Norte.

Além de todos esses títulos, incontáveis prêmios em todo o país. Vulto cuja vida e obra mereceu inclusão nas publicações nacionais “Grandes Personagens da Nossa História” e “Dicionário das Artes Plásticas”. Seus trabalhos, hoje, podem ser vistos em locais diversos como o Palácio Antônio Lemos e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Entretanto, toda a rica vivência de Theodoro Braga pede para ser apreciada como uma lição de como se esboça, define e se colore um grande artista. Trajetória, portanto, que não pode ser reduzida a um simples quadro pendurado em prédios históricos.

SERVIÇO:
“Theodoro”, de Carlos Correia Santos. Com Grupo de Teatro Palha. Estreia amanhã, às 21h, no Espaço Cuíra (Riachuelo, esquina com 1º de Março). Até o dia 14 de abril. Sexta-feira e sábado às 21h e domingo às 20h. Patrocínio do Governo do Estado do Pará (Secult e SIT). Edital de Fomento às Artes Cênicas “Prêmio Claudio Barradas” – 2008. Apoio Cultural: Espaço Cuíra, Raf Mix, Hiléia, Refry, Fundação Curro Velho e Gráfica Alves. Agendamento para o Projeto A Escola Vai ao Teatro pelo fone 8138.4189.

Creedence & Cia


quarta-feira, 25 de março de 2009

Luiza Caetano:a autenticidade da pintura naif mundial

*Natural da Venda do Pinheiro, Portugal, e galardoada com vários 1ºs.prêmios e menções honrosas, esta pintora está representada em vários países, tendo realizado mais de uma dezena de exposições individuais,e cerca de uma centena de coletivas em portugal e no estrangeiro, nomeadamente, EUA, África, Brasil, Turkia, França, Espanha,Alemanha, Itália entre outros.
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*Foi considerada pelo crítico de arte italiano, António Malmo uma das pintoras mais fiéis à autenticidade da pintura naif mundial.
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*O interesse que Luiza Caetano sempre sentiu pelas artes plásticas desembocou na criação pictórica em 1988.
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*Dessa altura > data também a primeira mostra dos seus trabalhos na Galeria de Arte do Casino Estoril, onde tem continuado a expor com alguma regularidade.

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*Luiza Caetano >>transpõe para a tela, numa paleta de cores vivas, aquilo que vê e guarda na memória: as imagens do seu universo infantil, a figura de Amália Rodrigues, que muito admira, ou os bairros e as ruas de Lisboa, desde os 18 anos, quando se mudou para a capital.
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*A apresentação da sua obra tem levado Luiza Caetano a viajar pelo mundo - já expôs em França, Itália e Brasil, entre outros países.
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As chuvas de Sandoval Fagundes





*Quando digo “ferramenta do pensamento humano” estou situando todas as ações do pensamento humano que a mão consegue simbolizar.
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*Justamente a mão que é um bem conclusivo da vontade e da determinação do pensamento no indivíduo.
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*Aqui a “mão do artista” pode ser a mão de qualquer pessoa que a tenha como ferramenta de transformação, e que necessite ir além da limitação da materialidade para construir o seu objeto de mudança.
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*Essa mão pode significar sensibilidade e intuição na procura contínua por respostas para explicar as nossas limitações e alcançar novas possibilidades.
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*Sandoval Fagundes. ( João Pessoa)
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Cara > Crachá


Aquecimento


segunda-feira, 23 de março de 2009

Os meninos


(...) Afinal os meninos sempre nasceram, e inclusive isso é a primeira coisa que costumam fazer: aparentemente essa história é muito antiga, e talvez monótona. Mas estamos solenes. As mães olham os que nasceram. Os pais tomam conhaque e providências. O mundo continua.
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O que talvez nos pertuba um pouco é esse sentimento da continuação do mundo. Esses pequeninos e vagos animais sonolentos que ainda não exergam, não ouvem, não sabem de nada, e quase apenas dormem, cansados do longo trabalho de nascer - ali está o mundo continuando, insistindo na sua peleja e no seu gesto monótono.
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Nós todos, os homens, lhes daremos nosso recado; eles aprenderão que o céu é azul e as árvores são verdes, que o fogo queima, a água afoga, o automóvel mata, as mulheres são misteriosas e os gaturamos gostam de frutas.
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Nós lhe ensinaremos muitas coisas, das quais muitas erradas e outras que eles mais tarde verificarão não ter a menor importância.
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Este lhes falará de Deus e santos; aquele, da conveniência geral de andar limpo, ceder o lado direito à dama e responder cartas. Temos um baú imenso, cheio de noções e abusões, que despejaremos sobre as suas cabeças. E com esses trapos de idéias e lendas se cobrirão, se enfeitarão, lutarão entre si, se rasgarão, se deprezarão e se amarão.
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Escondidas nas dobras de bandeiras e flâmulas, nós lhe transmitiremos, discretamente, nossas perplexidades e nosso amor ao vício; a lembrança de que todavia não convém deixar de ser feroz; de que o homem é o lobo do homem, a mulher é o descanso do guerreiro; frases, milhões de frases, o espetáculo começa quando você chega, um beijo na face pede-se e dá-se, se quiser ofereça a outra face, se o guerreiro descansa a mulher quer movimento, os lobos vivem em sociedades de alcatéias, os peixes em cardume, desculpa de amarelo é friagem e desgraça pouca é bobagem.
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Armados de tão maravilhosos instrumentos eles empinarão seus papagaios, trocarão suas canelas, distribuirão seus orçamentos, amarão suas mulheres, terão vontade de mandar, de matar e, de vez em quando, como nos acontece a todos, de sossegar, morrer.
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*Rubem Braga > "200 crônicas escolhidas" > Editora Record.

domingo, 22 de março de 2009


E é apenas caminho e sempre sempre
se povoa de gestos e partidas
e chegadas e fugas e quilômetros
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*Carlos Drummond de Andrade.
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sábado, 21 de março de 2009

Fidélia In Bossa


Verena Torres


As noites de Belém têm sempre um brilho a mais com as maravilhosas vozes que cantam e encantam os barzinhos da cidade.Entre essas, está a da cantora Verena Torres.
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Se você quiser comprovar, Verena canta hoje, no "Lar Doce Bar", que fica na Cezário Alvim, próximo a Praça Amazonas.
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No repertório, influências de Cazuza, Barão Vermelho, Cássia Eller, Lenine e Maria Rita.
Segundo a cantora, o show tem de especial o envolvimento direto com o público.
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Além da interação, Verena também toca instrumentos e vez ou outra surpreende o público, tocando um pouquinho de violão e até de percussão.
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sábado, 14 de março de 2009

As perguntas de Pablo Neruda


* Quando de novo vejo o mar
o mar me viu ou não me viu?
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* Por que me perguntam as ondas
o mesmo que lhes pergunto?
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* E por que golpeiam a rocha
com entusiasmo perdido?
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*Não se cansam de repetir
sua declaração à areia?
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*Por que encerrei meu caminho
caindo no ardil do mar?
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Arte + Lirismo = Dá Poesia

mário de andrade "A inspiração é fugaz, violenta. Qualquer empecilho a perturba e mesmo emudece.
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*Arte, que, somada a Lirismo, dá Poesia, não consiste em prejudicar a doida carreira
do estado lírico para avisá-lo das pedras e cercas de arame do caminho.
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Deixe que tropece, caia e se fira.
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Arte é mondar mais tarde o poema de repetições fastientas,
de sentimentalidades românticas,
de pormenores inúteis
ou inexpressivos."
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* Lirismo + Arte = Poesia. Fórmula de P.Dermée.
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Procura da poesia

carlos drummond de andrade * As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia, com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
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* Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
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* A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
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*Não osciles entre o espelho e a memória
em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
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* Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
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(poesia)

max martins
Teu nome é não em cio e som farpados
Cilício escrito, escrita ardendo, dentro
se revendo
fera
do silêncio úmido se lambendo, lábil
labiríntima lâmina se ferindo
se punindo
.
Aluída a lua
fruir o rio
ruindo
.
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