sexta-feira, 5 de março de 2010

A pedreira do Trabalho

Fotos: A feira do bairro da Pedreira em BelémMadrugada: desembarcam jornais na banca do “Mosqueiro”.
O dia e as notícias amanhecem.

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Homens e mulheres comuns inauguram a praia do dia comum.
Os feirantes são marés nas margens da rua.

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O povo surfa sobre rádios, panelas, facas, roupas, pregos, óculos, farinha, bandeiras, peixes, carnes, frutas...

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A pororoca da sobrevivência arrasta trabalho e cansaço.
E como há cansaços no cansaço...

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Rostos na chuva. Caras sob o sol. O tempo é fabril.

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Comoventes são os ombros dos feirantes, sob o peso de tábuas, das sacas de farinha, edificando mínimas barracas.
São peixes velozes no rio de cimento.
A vida navega.

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(E todo o meu respeito se insere em gramas de palavras, em quilos de admiração)
O feirante não é dobrado pelo trabalho.

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O suor desce pelas axilas, ensopa-lhe o riso que seu peito ofegante elabora: é o efeito colateral da alegria de ser útil.

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Emociona-me os cuidados com as frutas e a claridade dos legumes. O convívio das maçãs com as mangas. E uma mulher arrumando o verde das alfaces como se fosse uma toalha de esperança.

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O abcedário dos sabores aprende-se com os gritos de venda.
A Pedreira ensina trabalho!

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quinta-feira, 4 de março de 2010

Grupo Filhos do Luar

Ficha Técnica
*André Butter – Violão * Ari Maurício – *Baixo:Diogo Craveiro – *Guitarra :Jefferson Moraes – *Vocal:Juliana Mota -* Flauta: Pauer Martins - * Percussão: Roberta Brandão – *Percussões/EfeitosWellerson Casablancas – *Bateria/*Percussões:Wellitton Barreto – *Produção: Johnny Russe - *Cenografia/ FigurinoMaurício Franco * Assessoria de Imprensa: Louise Bandeira
Próximo de completar um ano de trabalho, o Grupo Filhos do Luar abre as portas de sua “casa” e convida o público ao seu universo imaginário-musical, e assim mostra algumas construções deste tempo de vida, com o intuito de propiciar o ambiente e som mais aconchegantes de seu quintal.Ao cheirinho de um bom café e o sabor de uma tapioquinha, com um toque de bom som.O encontro está marcado:- É sem falta, lá em casa...

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Agenda do Grupo de Carimbó Sancari
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Dia 05-03 (Sexta-feira às 15 hs : Apresentação no programa "Pará Pai D´égua". Rádio Cultura (AM. Ondas tropicais)
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Dia 07-03 (Domingo às 13 hs):Roda de Carimbó do Sesc Doca.
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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita.
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É que me descubro de outra qualidade.
Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana,
esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva.
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Também me surpreende, os olhos bertos para o espelho pálido,
de que haja tanta coisa em mim além do conhecido,
tanta coisa sempre silenciosa.
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Por que calada?
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Essas curvas sob a blusa vivem impunemente?
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Por que caladas?
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Minha boca, infantil, tão certa de seu destino,
continua igual a si mesma apesar de minha distração total.
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Às vezes, à minha descoberta segue-se o amor por mim mesma,
um olhar constante ao espelho,
um sorriso para os que me fitam...
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Período de interrogação ao meu corpo,
de gula,
de amplos passeios ao ar livre.
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Até que uma frase, um olhar _ como o espelho - relembram-me surpresa outros segredos,
os que me tornam ilimitada.
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(...) Mas onde está o que quero dizer, onde está o que devo dizer?
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* Clarice Lispector
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A minha, a sua, a nossa > querida Nanna
todas as terças tecendo canções > no Boteco da Computer.
(Essas terças com Nanna > não vou perder!)
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sábado, 27 de fevereiro de 2010


Quando o bicho pega e come : Jatene ou Ana Júlia?

" Muitos falam que político tem que ter lábia, prometer sabendo que não vai cumprir, tudo vale para se eleger ou reeleger.
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Para mim, o político verdadeiro mostra por que quis se eleger, mudando o que ele encontrou parado e transformando, com obras, assistência, e desenvolvendo para melhor aquilo que passaram para suas mãos.

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O maranhense Luis Alberto Serra Cardoso, 46 anos, experimentou tragicamente, na manhã de quarta-feira passada, o dilema enfrentado diariamente pelos paraenses. Abordado por 2 assaltantes, na tentativa de escapar, Luis, desesperado, tentou atravessar a BR. Foi atropelado e morto, a poucos metros do Hospital Metropolitano, em Ananindeua, por um ônibus da linha Mosqueiro/Belém.
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A imensa maioria da população paraense convive com esse risco no dia a dia, prensada entre opções que levam, em geral, a um único caminho: o beco sem saída. Isso quando o ônibus não nos pega.


Vivemos ao desabrigo da insegurança, o horizonte carregado de perigos, assemelhando-se mais a um torniquete.
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O desafortunado Luis experimentou exatamente o transe de estar entre 2 dos mais graves motivos de alarme entre nós:


o carnaval de assaltos, sequestros-relâmpago,


todo o tipo, enfim de banditismo, de um lado, o trânsito selvagem, abrutalhado e criminoso que nos comprime as margens e literalmente, as calçadas, já que costuma invadi-las, ao nelas estacionar irregularmente, de atravessado, para interromper o caminho, desviar e atrair sua presa, o pedestre, à arena do asfalto, onde a carnificina é impiedosa.
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Luis experimentou essa situação, equivalente ao popular: se correr o bicho come. Pegou e comeu.
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Mas, obviamente, nossa vulnerabilidade vai muito além da (in)segurança pública e do trânsito sacrificante.
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Também se está entre a cruz e a caldeirinha, entre guardar-se da mosca e ser comido pela aranha, quando nos defrotamos com as opções políticas, com a saúde pública ( e também privada, ainda que menos), com as alternativas entre Remo e Paissandu, com os serviços de telefonia disponíveis, incluindo os de banda larga, o transporte público, os serviços de energiae fornecimento de água.
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Bem, vocês podem seguir enfileirando.
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Enfrentar o bandido ( e o seu humor instável), agravado diante do fato de ele portar um tresoitão) ou a BR?

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Recorrer à Câmara Municipal ou à Assembleia Legislativa?
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Ana Júlia ou Jatene?
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O Pará como está ou dividido?
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Boi Caprichoso ou Garantido?
(Opa, não este problema, alívio, não é nosso.)
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OAB ou Associação de Magistrados do Pará (Amepa)?
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Carnaval de rua na Cidade Velha ou xixi na Cidade Velha?
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Dengue ou gripe suína?
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Pronto-Socorro da 14 ou Hospital Metropolitano?
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Dengue ou gripe suína?
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Sem-terra ou sem-toras?
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Duciomar ou Duciomar?
(Se é que vocês me entendem, que eu mesmo já não me entendo.)
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Decidir-se diante dessas alternativas é estar entre um penhasco e outro, ou, se o leitor, mesmo no sufoco, não dispensa o latim, é inter sacrum et saxum stare, quer dizer, estar entre a bigorna e o martelo; é arder entre dois fogos (no mármore do inferno), andar nos cornos do touro; é sentar-se num barril de pólvora, estar com a corda no pescoço, bulir em casa de morimbondos."
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* Elias Ribeiro Pinto > no Diário do Pará.
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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


O Cineclube Alexandrino Moreira, do Instituto de Artes do Pará (IAP), já entrou no clima do Oscar.
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Na próxima segunda-feira, dia 1º de março, haverá um debate sobre a maior premiação do cinema mundial, reunindo membros da Associação dos Críticos de Cinema do Pará, parceira da programação.
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O debate será realizado logo após a exibição do filme “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (Annie Hall), de Woody Allen (Comédia, EUA, 1977). A entrada é franca.Vencedor de 4 Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz para Diane Keaton e Roteiro Original), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” é um dos filmes mais famosos de Woody Allen.
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Conta a história de Alvy Singer, interpretado pelo próprio diretor, um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos e acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada.
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Logo eles estão morando juntos, mas a felicidade dura só até a chegada das crises conjugais.O crítico Marco Antônio Moreira explica que neste filme Allen resume de forma poética e inteligente sua visão sobre o amor, os relacionamentos e a vida, criando um estilo de filmar que acabou influenciado várias gerações de cineastas.
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Allen ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, mas não estava na cerimônia de entrega porque tinha um compromisso mais importante: tocar clarinete num bar conhecido de Nova York.Após a exibição, haverá um debate com a Associação de Críticos de Cinema do Pará sobre produção, distribuição e mercado cinematográfico.SERVIÇO: "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (Woody Allen, 1977).
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Exibição nesta segunda, dia 1º de março, às 19h, seguida pelo debate sobre o mercado cinematográfico e o Oscar. Entrada franca. Parceria: Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). O Cineclube Alexandrino Moreira fica no auditório do IAP (Instituto de Artes do Pará), ao lado da Basílica.
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"De todos os homens que conheço o mais sensato é o meu alfaiate.
Cada vez que vou a ele toma novamente minhas medidas.
Quanto aos outros, tomam medida apenas uma vez e pensam que seu julgamento é sempre do meu tamanho."
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* George Bernard Shaw.