Elias Ribeiro Pinto criou fama de boêmio.Merecida, diga-se.Mas tentem convidá-lo para um chope.O homem está sempre escrevendo (sua coluna ,sua página)ou lendo (o livro mais recente).É difícil até mesmo encontrá-lo em casa,um labirinto de livros.A bordo de tanta leitura, é raro vê-lo falando sério, estilo "doutor".Está sempre brincando. Sério é o respeito que sua página de livros, há mais de 11 anos publicada no Diário do Pará, conquistou no Brasil.
É sério.As grandes editoras lhe mandam livros diariamente.Ele é convidado para Bienais, Flips, entrega de prêmios literários nacionais.E conseguimos que ele respondesse seriamente as perguntas a seguir.Quer dizer, nem tão sério -ou esotérico - assim.
RF: Companheiro Elias, e aí, como vai levando a vida ?
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Elias: Se eu fosse o Zeca Pagodinho, obviamente que eu deixaria a vida me levar, bancado pela Brahma, de preferência.Se eu fosse o poeta Mallarmé,diria:La chair est triste, hélas! et j'ai lu tous les livres, que o Mário Faustino nos traduziu como: "Ai de mim, a carne é triste e li todos os livros".Bem, não consegui ler todos os livros da estante aqui ao lado do computador.E se a a carne é deveras triste, também é gostosa.Aliás, no livro A Montanha Mágica Thomas Mann diz que é nas partes mais adiposas da anatomia feminina que costumamos demorar os olhos e onde nossas mãos mais tem gosto em passear. Pena que as mulheres andem magras além da conta.Resumindo: como não sou Pagodinho, Mallarmé nem Thomas Mann, tento viver da melhor forma possível, como um Pinto no lixo que é este mundo.
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RF: Na sua coluna você tem escrito constantemente sobre o poder civilizador do livro, inclusive para fazer frente ao avanço da criminalidade e das drogas entre a juventude.Como é isso ?
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Elias: É verdade.Você aí, leitor do Blog Franco,duvida dessa capacidade civilizadora do livro ? Pois um texto recente, na minha coluna, me referi ao exemplo da Colômbia. Algumas de suas cidades, como Bogotá e Medellín, que estão entre as mais violentas do mundo, se transformaram
em avançados laboratórios de prevenção à criminalidade. A engenharia
por trás dos índices de redução da criminalidade na Colômbia revela uma rede de múltiplas ações que combinam com repressão, além de fatores subjetivos, como elevar a auto-estima das pessoas.
O livro é peça fundamental nesse conjunto de reação ao crime.Exemplo ?
Numa das regiões mais pobres de Medellín estão construindo uma imensa biblioteca para servir tanto de ponto de encontro quanto de leitura. A idéia é que, em cada bairro, o principal centro seja uma biblioteca.
Pode não ser regra , mas pressupõe-se que quem gosta de ler não gosta de matar.
Este é um exemplo que poderia muito bem ser adotado - ou adaptado - nas grandes e violentas cidades brasileiras, como é o caso de Belém.Ou seja, é possível, usando a inteligência , a criatividade, fazer frente a essa avalanche criminosa que encurrala o cidadão paraense. Não essa coisa de abraçar praças e museus, mas de efetivamente planejar e executar - não como fazem os assaltantes ,claro.Ih, cara me empolguei. Mas foi por uma boa causa.
RF: Você > governador o que faria pela cultura do Pará ?
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Elias: Companheiro Ronaldo, eu, governante, não titubearia, não hesitaria em construir escolas e semear bibliotecas, mesmo humildes, mas dignas, bem administradas, nos bairros e nas áridas, extremamente áridas periferias da cidade.
E de criar projetos de socialização em torno desses núcleos de saber.Como na Colômbia, é preciso conjugar policiamento com urbanismo e educação. Sem deixar que a Estação das Docas e o Mangal das Garças definhem, ou que o canto operístico deixe de trinar no Teatro da Paz (mas arquivaria a megalomania do arquiteto-mor), e sem descuidar do centro histórico da cidade, buscando soluções culturais e educativas compatíveis para o Estado.
Bolsa disso, bolsa daquilo, vá lá que seja.Bem delineados, administrados e acompanhados, esses projetos atendem necessidades imediatas.Mas o que precisamos, de verdade, não são projetos populistas, mas projetos dignamente populares.Como dar livro, praça, música, teatro, aprendizado, diversão, urbanização, em vez de cachaça, evangélicos orquestrados, pasta de cocaína e tresoitão.
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RF: E aqui no Brasil, temos bons exemplos de estímulo à leitura ?
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Elias: Pois agora mesmo o projeto Jegue-Livro- que beneficiou, em pouco mais de um ano, 6.500 moradores,entre crianças, jovens e adultos, de 12 comunidades de Alto Alegre do Pindaré, no Maranhão, a 399 kms de São Luís - acaba de receber o prêmio Vivaleitura, maior premiação individual para o incentivo à leitura do Brasil.Isso mesmo, Jegue-Livro.A cada 15 dias, um jegue carrega livros em cestos às comunidades rurais, seguido de jovens, que promovem atividades de incentivo à leitura.
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5 comentários:
Eu sou Primo desse cara aí... O Jornalista Maluco Beleza mais inteligente que leio... hahahahahahahaha... Tenho Orgulho Primão! Vc é Pinto Duro de Roer!
Blog da Maior Qualidade Poetão... Parabens!
Don Ronaldo Franco, escultor de sons em forma de palavras. Ou seriam palavras em forma de letras?bem, o que importa é o espaço dado a seres cheios de tarimba e fair-play, da qualidade de Carlos Correa Santos e Elias Pinto. Aliás, Don Ron, na verdade, presta homenagens justas a outros arquitetos de palavras, que, se bobear, acabam criando novos idiomas em cada escrito, tamanha a sutileza do que criam. Se Carlos foi "pedido em namoro" pelo teatro e Elias se traduz diariamente em folhas de jornal "apesar da tradução ser infiel", me contento em assistir estes 3 (Carlos, Elias e Ron), no alto de suas cátedras, daqui do meu modesto banquinho de aprendiz. É isso aí.
Saudações cruzmaltinas meu caro bardo Don Ron.
Don Sérgio
Caro Elias para Presidente urgentemente!
Mano meu, que bom que todos os dias agora serão sextas.
Besos
parabens meu amado poeta.. adorei seu blog e quem sabe como presidente o carissmo elias de quem nesse momento, rendo meu orgulhoe horna por ser brasileira, e saber de q somos o q somos graças a mentes ainda existentes no brasil como elias, ronaldo, brilhante.. adorei a entrevista dele tenho orgulho de estar aqui e saber eexistir inteligencias e sensibilidade como a sua ronaldo .. elias estarei qui sempre aprendendo com vcs. um forte abraço, amado poetinha e besos
Caro poeta da cidade,
Estréio minhas incursões ao seu blog feliz por saudar dois amigos do peito. O escriba cruzmaltino Elias e suas carruagens de livro e você, ourives das palavras e botafoguense de estirpe. Parabéns pela belíssima entrevista (falo tanto das perguntas quanto das respostas) com o amigo Elias. Aliás, ambos colaboradores e atrações de primeira linha do nosso DIÁRIO.
Um grande abraço botafoguense (remoendo as mágoas e assimilando as manhas).
Gerson Nogueira
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