Poetas de Belém
*José Maria de Vilar Ferreira
(*) Renasci de amor primeiro
Remorri de amor depois
Janeiro
atirou sua flecha
acertando capricórnio
e Belém cresceu invicta.
Avulsa paixão
entre desatenta maravilha
e recatado ardor
Prédios
Casarões
Ruas
Articulam outro tempo
encaixado no tempo:
memórias pousadas
no vértice dos séculos
:::
* Jorge Andrade
Por algum tempo
Viveu em Belém
( o sol
já era signo
diário)
o capim
alongava-se
do quintal à rua
e o saguão escondia
os gafanhotos
a chuva
datada
dava o tom sem sofisma da música
o ritmo úmido da vida
e as mangas
espiavam
de seu verdor
a fome
que se instalava
em cachos
sob a sombra
das mangueiras
:::
*João de Jesus Paes Loureiro
Sobrados
so brados
sobra dos
Sossobrados
:::
* Antônio Juraci Siqueira
Mangueira
Enquanto o vento balança
Tua rama, satisfeito,
Sinto o verde da esperança
desabrochar no meu peito
:::
* José Ildone
Se mandassem pesar
o peso que a vida tem,
eu passaria minha vida
a ver o peso em Belém
:::
*Eneida
Sempre
desejaram
ser bailarinas
as nossas
mangueiras(...)
*Edyr Proença e Adalcinda Camarão
Belém, minha terra,
meu pão,
minha casa,
meu sol de janeiro a janeiro a suar!
(...) Só quero uma esteira na terra e o ruído
da enchente de ouro do rio Guajará(...)
:::
* Age de Carvalho
(...)Santa Maria do Grão Pará,
eu te esquecerei na Praça da República,
longe do Forte e dos canhões,
sem teus ingleses dos alfarrábios da Biblioteca Pública,
perto dos Correios do funcionário,
na esquina da Riachuelo,
na 1o.de Março,
na zona.
:::
*Max Martins
A canoa traz o homem
a canoa traz o peixe
a canoa tem um nome
no mercado deixa o peixe
no mercado encontra a fome
a balança pesa o peixe
a balança pesa o homem
a balança pesa a fome
a balança vende o homem
vende o nome
vende o peso
peso de ferro
-homem de barro
vende o peixe
vende a fome
vende e come
a fome
vem de longe
nas canoas
ver o peso
come o peixe
o peixe come
o homem ?
pese o peixe
pese o homem
o peixe é preso
o homem está preso
presa da fome
ver o peixe
ver o homem
vera morte
vero peso.
2 comentários:
Salve, Ronaldo!
Bem. Aqui o sistema é paraoara:
poesia de graça. Obrigado.
Parabéns, pelo Blog.
Abçs.
Benny Franklin
eOla Poeta RON
Amei esse seu lugar de estar "sempre sendo"..nascendo...emergindo
Belem tem sons de crianças correndo
são os meninos
que cheiram rios
a atirarem-se
na noite
como vagaluas.
rS
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