
"Sonho, mas agora bem acordado, com a realidade de abrir a porta e dar de frente com uma praia a perder de horizonte, como se estivesse abrindo a porta de um ameno barraco de Algodoal.
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Gosto de estar em Algodoal, nenhum carro à vista, a não ser as charretes puxadas a cavalo, um só cavalo.
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Mas gosto, lá, é de sair andando, pés no chão, na areia, um livro debaixo do braço, dois talvez (mas aí, já numa sacolinha),e no caminho para a praia da Princesa tomar uma, duas geladas, prosseguir, chegar à praia, buscar refúgio numa barraca simpática (tem uma antes da curva que descortina a Princesa), som agradável.
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Outra vantagem de Algodoal é esta, o som, sem as turbulências torturantes de quem abre todas as portas do carro e expõe, sem vergonha, suas imundícies sonoras.
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Na ilha, despovoada dessas bestas, há sempre um som palatável, uma trilha sonora que não soterra a paisagem sob uma avalanche de brega, calypso, aparelhagem eviscerada, corrompendo
o prazer.
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Mas, ao abrir a porta de casa, em vez do marulho, do assobio agreste do vento, sou atingido pelo bafo do asfalto e gasolina, pelas notícias infames, pernoitadas, a vigília de crimes que infesta a cidade.
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4 comentários:
olá, Ronaldo!
sonhar faz bem para a alma,
sonhar com lugares, pessoas,
cheiros e sons - é reconfortante em nossas vidas de asfalto.
abraços
Era tão bom que tudo tivesse suavidade
que a maldade nunca acontecesse
Bj
E valeria a pena viver sem sonhar?
Um abraço e bom fim de semana
Excelente post.
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