sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O cinema Veriano no Boteco do Elias Pinto

Clik sobre o texto >> Vc terá a imagem ampliada.

Vital Lima & Alba Maria


Nelson Rodrigues


Como se orasse pelo momento de subir ao céu, Nelson Rodrigues (-o anjo pornográfico-) dizia:
Escrevo à noite. Vem na aragem noturna um cheiro de estrelas. E, súbito, eu descubro que estou
fazendo a vigília dos pastores. Aí está o grande mistério. A vida do homem é essa vigília e nós somos eternamente os pastores. Não importa que o mundo esteja adormecido. O sonho faz quarto ao sono. E esse diáfano é toda a nossa vida. O homem vive e sobrevive porque espera o Messias. Neste momento, por toda a parte, onde quer que exista uma noite, lá estarão os pastores - na vigília docemente infinita. Uma noite, Ele virá. Com suas sandálias de silêncio entrará no quarto de nossa agonia. Entenderá nossa última lágrima de vida.
***
Do livro: O anjo Pornográfico. A vida de Nelson Rodrigues.De Ruy Castro.
( Companhia das Letras)
***

O poeta Vicente Franz Cecim

* Essa palavra-sombra como os homens têm sua sombra.

* Ouçam: a árvore que canta cinzas
Ouçam: ela sabe dos fins

Naquela árvore cantavam
as folhas
e o vento que nos dará a um invisível outro vento

Mas agora o vento pára. As folhas na árvore calam.

* Então, os frutos na árvore , enegrecendo, enegreciam
E ela, por suas raízes presas na terra, ia odiando
os céus humanos

A impaciente árvore. E agora ela dizendo:
- Ouçam as histórias da terra, esqueçam os céus
- Ouçam, ouçam: as raízes humanas

* Nanoitenegra

Céusemsol

É isso também a vida ?
E elas, luzluzindo. As estrelas ? Ondes ?

É lá onde ela a vasta vai luzfugindo na distãocia.
Longes.

Agora, vai amanhedescendo tudo pela linha do
horizonte.

* Que frutos caídos ainda dará o humano, ah

Para onde foi a paz dos sonos sem sonhos ?


*
Cobertor feito de ervas

O animal do frio
dormiu três noites em meus ossos

A vida não é guardar as pedras do caminho
nos olhos

não deve ficar a paisagem ultrapassada

Os passos não sabem de nada
A próxima será a última

e ninguém sabe onde está.


** Do livro: O SERDESPANTO

Só 80


Elias Pinto > entrevista > Eloy Iglesias


terça-feira, 2 de setembro de 2008




"Fotografar é prender a respiração quando todas as nossas faculdades se conjugam diante da realidade fugidia; é neste momento que a captura da imagem é uma grande alegria física e intelectual. Fotografar é pôr na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração."Henri Cartier-Bresson

* Publicação no excelente umpostalparaumamigo.blogspot.com

***


"Toda fotografia que apreciamos se refere ao passado. Mesmo aquelas que tiramos, ou que tiraram de nós, no último final de semana. Quando falo de passado quero dizer que o momento vivido é irreversível e que as situações, sensações e emoções que vivemos estão registradas no nosso íntimo sob a forma de impressões. (...) A fotografia, obviamente, não guarda essas impressões - elas se situam ao nível do invisível, além da imagem. São emoções que não podem ser gravadas materialmente: residem em nosso ser e só a nós pertecem. (...) Imagens que a fotografia não revelará jamais. Mas o que a fotografia revela? Apenas o mundo físico, visível na sua exterioridade. Apenas a aparência, o aparente das coisas, da natureza, das pessoas. E ainda mais, apenas o determinado detalhe da vida que se pretendeu mostrar." © Boris KossoyFoto: © Bruno Barbey

*Publicação no excelente umpostalparaumamigo.blogspot.com

**


"A fotografia como arte da memória, em suma, é essa obsessão que faz de qualquer foto o equivalente visual exato da lembrança. Uma foto é sempre uma imagem mental. Ou, em outras palavras, nossa memória só é feita de fotografias. (...) Na medida em que não precisamos mais lembrar-nos delas, apagamo-las. (...) A arte da memória é exatamente como uma escrita interior; e, por outro lado, elas traduzem evidentemente a valorização que é feita do sentido da visão: de todas as nossas impressões, as que se fixam mais profundamente são as que nos foram transmitidas pelos sentidos; ora, de todos os sentidos, o mais sutil é a visão; recorrer à imagem é, portanto, o meio mais seguro de conservar a lembrança de algo, mesmo se se tratar de uma palavra, ou de um pensamento. Será, portanto, necessário traduzir em imagens." © Philippe DuboisFoto: © Boza

***
Lazslo Moholy-Naguy disse que: "Os analfabetos do futuro serão os que não sabem fotografar." Tudo bem, os japoneses já pensam assim, mas antes de sairmos por aí com uma câmera na mão, precisamos participar como espectadores e leitores atentos de uma parte fundamental da fotografia, ou seja, o ato de organização e expressão de significados. As fotografias trazem essa bagagem e tornam-se memoráveis por várias razões. Algumas porque nos mostram aquilo que não sabíamos, outras porque nos apresentam de maneira diferente aquilo que pensávamos já saber. Foto: Raymond Depardon

***

domingo, 24 de agosto de 2008

O aplauso > Ronaldo Franco


O gesto natural, aquele que, espontaneamente,
irrita o mal:-o aplauso, contrário à inveja, expõe , faz soar a poesia.
A voz das mãos desnuda o corpo sem veneno em flagrante
de humanidade..
Um momento restaurador e construtivo ( sem escapar à sensibilidade
que o sustenta) que se corporifica e se expressa na força feminina
onde brota sempre bons sentimentos.
Com uma ternura maior do que a de mil homens.
( ...e o mundo sob sua sombrinha continua
como um menino que não quer aprender...)
**

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Texto de Ronaldo Franco no Diário do Pará > Caderno POR Aí

A grana, a prata, anda escassa.(O bronze a gente dá um jeito de arranjar em Outeiro...)

Ah, pátria minha.

50 anos de bossa nova. Quem viveu, viveu. Quem chorou, chorou. Quando só precisávamos de um banquinho, de um violão. Agora tem de ter celular com Bluetooth, 3G, zoom, notebook, e-mail. Seriam aqueles os anos dourados?

Bem capaz, que hoje está difícil de trazer da China o peito varonil dourado de medalhas. Os anos de chumbo – liberdade, abre sempre as asas sobre nós – já se foram. Os anos agora, olímpicos, são de bronze.

Somos o país do chorinho e dos chorões. Chora-se pela vara perdida, pelo ouro desperdiçado (e também pelo conquistado), pelo que poderia ter sido e não foi.

Mas quem não perdeu o taco, o prumo, e não ficou pela bola sete? Quem não deu com os burros n’água, com o bumbum no chão, feito o Diego Hypólito?

Na abertura das Olimpíadas, a voz infantil que se ouviu não era a da criança que se via.
Fantasma da ópera, a patinha feia trinava nos bastidores. Play-back à chinesa. Pirataria made in China.

Taí, bem podíamos ter adotado essa maracutaia no jogo contra os argentinos. Pelo fone de ouvido, alguém sopraria ao Dunga, à beira do gramado, as doces harmonias de táticas e estratégias que fariam o Brasil vencer los hermanos. Alguém que entendesse do riscado, dos atalhos no gramado. Se bem que o Dunga não é exatamente um galã de novela para fazer bonito, com sua estampa, à beira do campo. Melhor simplesmente mudar o Dunga de grama, transplantá-lo para ficar ao lado de seus outros seis irmãos, no jardim.

Quanto à Branca de Neve, esta não se criaria no calor e no sol abrasante de Pequim. Voltaria bronzeada, na pele e no peito de atleta.

Quanta luta, dedicação e suor para conquistar um ouro.

O Daniel Dantas levou o seu para casa sem precisar suar a camisa. E o pouco ouro olímpico que trazemos é um nada diante do ouro que nos sangraram em abarrotadas naus metropolitanas, das Minas Gerais às Serras Peladas.

Suam na China os nossos atletas atrás do sonho dourado, do Eldorado às avessas.

Suamos nós aqui, sob o sufoco de sempre, atrás do sonho dourado da casa própria, da vida sem medo (ah, e bem que precisávamos de um João Sem Medo à frente da nossa seleção, e não de um anão de jardim), da comida no prato, que a grana, a prata também anda escassa. Que o bronze a gente dá um jeito de arranjar ali por Outeiro.

Esta é a pátria minha, sua.

E como se sua. Que essa quentura seja de querer bem, calorosa pátria.

****************

Jornalista Gerson Nogueira no Boteco do Elias Pinto

Clik sobre o texto >> vc terá o texto ampliado

Marcel Franco > lança livro


Vital Lima e Alba Maria >no Teatro Centur


Yuri Guedelha: com o melhor do samba e choro


quinta-feira, 21 de agosto de 2008