Foto:Leonardo Santos Debaixo do assoalho da casa
no talco preto da terra prisioneira,
quem fala?
.
naquela
noite menor sob os pés da família
naquele
território sem flor
debaixo das velhas tábuas
que pisamos pisamos pismos
quando o sol ia alto
quando o sol já morria
quando o sol já morria
e eu morria
quem fala?
quem falou? quem falará?
na língua de fogo azul do país debaixo da casa? (...)
.
E ninguém mais?
E o verão? e as chuvas
torrenciais? e a classe
operária? as poucas
festas de aniversário
não falam?
.
A rede suja, a bilha
na janela, o girassol
no saguão clamando contra o muro
as formigas
no cimento da cozinha
Bizuza morta
Maria Lúcia, Adi, Papai
mortos
não falam.
(...)
(Do livro Toda Poesia )
****
2 comentários:
Que bom encontrar esta nova " casa" para arejar a alma e fecundar as idéias. Voltarei sempre aqui. Parabéns!!
Syanne Neno
Como foi bom te encontrar
Sua poesia faz bem para a alma
Vc é um presente de Deus
Adorei vc
Bjussss
Maria
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