Retornou a Belém, a artista Keyla Sobral, escolhida pelo Instituto de Artes do Pará para representar o Estado em um projeto de intercâmbio entre o IAP e a Kunsthaus de Wiesbaden - Alemanha. Trata-se de uma bolsa de pesquisa e experimentação em que o artista permaneceu ao longo de 60 dias no exterior, além de montar uma exposição no local. Neste mesmo período um artista alemão, Thomas Sturm esteve em Belém realizando seu trabalho. Keyla levou o projeto intitulado “Memories” e produziu uma gigantesca gravura, marca registrada de seu trabalho, além de exibir um vídeo e uma foto de memória do clube dos alemães, ponto de partida para o cruzamento dos dois lugares (Belém/Alemanha) que marcam a relação conceitual deste trabalho.O trabalho que se pauta no resgate da memória da cidade, apresenta em uma linguagem artística marcada pelo hibridismo o “Clube dos Alemães”, (1908), construído em Belém e que era freqüentado somente por imigrantes alemães, onde se encontravam e confraternizavam seu vernáculo. Este clube foi apagado da paisagem urbana sem nenhuma ressalva, assim como muito dos locais que fazem parte da história e memória da cidade de Belém. Como afirma Giulio Carlo Argan (História da Arte Como História da Cidade), é uma catástrofe cultural a perda no breve decorrer do tempo do patrimônio histórico e artístico. O trabalho é uma forma de discutir a questão da descaracterização da cidade, que hora está em ruínas, ora é ausência total destes patrimônios, levando um fragmento de outrora para o berço dos imigrantes que o erigiram. O trabalho levou para dentro da galeria de Wiesbaden um recorte fotográfico do “Clube do Alemães” atrelado a uma imensa gravura aderida à parede da galeria. O desenho que tomou forma a partir da visualidade da paisagem alemã, pela vivência, pela pesquisa e pelo exercício do olhar. A imensa gravura gera uma relação de entrelaçamento e/ou confronto com a imagem fotográfica, pela relação de tamanho, linguagem e significado. Uma abstrata e a outra (a imagem fotográfica), a mais pura emanação do referente, de um corpo real, que se encontrou ali um dia. Sem dúvida é um resgate da história alemã, um pequeno fragmento da história de seus imigrantes na cidade que outrora fora o centro do país. A repercussão do trabalho foi extremamente satisfatória para a artista que vivenciou o cotidiano da arte na Alemanha, além de visitar museus e ateliers de dezenas de artistas ao longo de várias cidade da Alemanha, além de uma rápida passagem na Suíça, na cidade de Basel. A artista retorna a cidade e logo deve falar ao público sobre sua experiência, além de mostrar centenas de registros, fotos e novidades sobre o sistema de arte lá fora.
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