O Brasil deve ser, provavelmente o país com o maior número de poetas por metro quadrado! Em compesação, o país deve possuir o menor percentual por quilômetro quadrado de leitores de poesia. Essa é uma equação difícil de explicar.Como uma sociedade que possui tantos poetas, ao mesmo tempo, lê tão pouco a poesia?
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Culpa da escola? Quando crianças, aprendemos sociabilidade através da poesia: nossas cantigas de roda são versos de seis ou sete sílabas poéticas, em geral, que facilitam a memorização.
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A tradição ibérica é do poema popular de seis ou sete versos que são decorados .
Crianças, gostamos de poesia...
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Então, chegamos à escola.Parece que, na escola, a poesia é matéria de segunda qualidade. Os programas oficiais falam pouco de poesia.O professor parece que têm medo da poesia. E, aos poucos, as crianças vão esquecendo a poesia. Vão desconhecendo a forma do poema. Na adolescência, tem-se uma recaída (quase sempre fora da escola).
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A primeira paixão nos impele à produção de poemas para nossas primeiras namoradas. O Mário Quintana dedicou vários poemas às suas diferentes primeiras namoradas.Felizmente, para nós, depois das paixonites, ele continou poeta. Mas a maioria, depois, desiste.
E adultos, afastamo-nos totalmente da poesia. Por quê?
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Os idiomas ocidentais mais antigos, como o grego e o latim, possuíam sílabas longas e breves, que identificavam fortemente o ritmo da fala e pareciam música.
Tanto que , equivocadamente, na Renascença, os estudiosos do teatro grego entenderam que os antigos habitantes da Hélade falavam cantando e inventaram a ópera!
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Por que, então, de modo geral, voltamos as costas para a poesia?
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Meu palpite é que temos medo da introspecção que a poesia propõe e exibe.
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O brasileiro gosta de falar alto, de expandir-se, de brincar, de ser inconseqüente. A verdadeira poesia não gosta disso.Ela exige o silêncio, o encontro do leitor consigo mesmo, quase que de olhos fechados, como que guiado pela sonoridade e o ritmo das palavras e dos versos.
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Não consigo dormir, a cada dia, sem ler ao menos um poema. É aquele momento em que, depois da azáfama do dia, quebro o ritmo trepidante e me encontro comigo mesmo.
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Espécie de oração, se quiserem. A poesia alimenta a alma. A poesia reequilibra.
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Você leitor, não quer experimentar?
* Artigo encontrado na excelente revista > Florense.
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