Quantas mortes
começam uma cidade?
(Quanto à Cabanagem
foram os lusos
ou os cafusos
em confusão nos espelhos?)
Belém
Rede sem pátria mãe
Rede sem pátria filha
Rede mortalha
na vertigem
do brigue Palhaço
Tálamo
em noite de cio
do corpo com a dor
do sangue com o rio
Quantas flechas
sopraram
lamparinas e cabanas?
Quantas aldeias
e arcos
deslembrados no pó?
Quantas noites
acenderam
claro medo?
Quantas sombras
tremeram
no ribombar dos canhões?
Sobre as nossas cabeças
qual século crucificado?
Em que noite
plantamos o choro?
Qual outubro
chamou Nazaré?
Que data como fruto
foi mordida pela fé?
Em que (a)Deus
as mães pregaram os filhos
e
os pais cruzaram os braços?
Quais gavetas
entulhavam ausências
e traições de alfazema?
Quantas cidades na Cidade Velha?
Que calvário
estreitou as ruas do sol?
Ó tempo:
paredes respiram
1616 vezes
por um janeiro
desencarnado
Ó tempo:
395 anos
em espíritos sem livros
Ó tempo veloz:
a vida
no cerol
se cortando
Ó tempo:
no papagaio
de papel
chinando...
começam uma cidade?
(Quanto à Cabanagem
foram os lusos
ou os cafusos
em confusão nos espelhos?)
Belém
Rede sem pátria mãe
Rede sem pátria filha
Rede mortalha
na vertigem
do brigue Palhaço
Tálamo
em noite de cio
do corpo com a dor
do sangue com o rio
Quantas flechas
sopraram
lamparinas e cabanas?
Quantas aldeias
e arcos
deslembrados no pó?
Quantas noites
acenderam
claro medo?
Quantas sombras
tremeram
no ribombar dos canhões?
Sobre as nossas cabeças
qual século crucificado?
Em que noite
plantamos o choro?
Qual outubro
chamou Nazaré?
Que data como fruto
foi mordida pela fé?
Em que (a)Deus
as mães pregaram os filhos
e
os pais cruzaram os braços?
Quais gavetas
entulhavam ausências
e traições de alfazema?
Quantas cidades na Cidade Velha?
Que calvário
estreitou as ruas do sol?
Ó tempo:
paredes respiram
1616 vezes
por um janeiro
desencarnado
Ó tempo:
395 anos
em espíritos sem livros
Ó tempo veloz:
a vida
no cerol
se cortando
Ó tempo:
no papagaio
de papel
chinando...
Ó tempo
por cima
das árvores
Invisível como vento
movimenta as folhas da carne
e sobe em resma de sexo
(Qual árvore decorou os poetas?
Quantas folhas dobraram versos?
O poema aqui nasceu vegetal?)
Que prisão tem a tua chuva
se quando cessa
continuamos dentro dela?
O Forte da Cidade Uma serpeteante esperança invisível
(Que é igual a hoje e a todos os anos idos e a vir)
Um modo de enfrentar as marés
desfavoráveis
Com a sua moralidade equilibrada
nos ventos de chuva
Sabendo que a poesia não ameniza
tempestades
(Poemas de Ronaldo Franco > do livro "Cidade Velha)
.
***
6 comentários:
Poeta,
Quanta sensibilidade, quanta reflexão sobre sua cidade? Só mesmo você, poetinha Ron.
Parabéns a BELÉM.
Martinha.
Lindas fotos e lindos versos, poetinha.
Beth Moraes
Lindos versos poeta...parabéns pela sensibilidade...se tiver um tempinho, dá uma passada hoje no Teatro da Paz para curtir o show Um Poema para Belém, onde diversos cantores interpretarão os versos de Valdecir Palhares em forma de música, entre eles está a Fernanda Barreto. bjos!
Seu blog é bonito. Prende a nossa atenção. É poético.Inteligente.
Visito muitos blogs. O seu perto de muitos,poeta,é maravilhoso.
Parabéns.
Tânia Amaral Prado-Santa Catarina.
Palavras que são como brisas...
Boa, meu poeta amigo!
Abs.
Caro Ronaldo:
Vou lhe ser FRANCO. Sabe o que eu acho dos poetas?
São pessoas privilegiadas que decodificam da dor ao amor com sensibilidade que transpõe os limites entre o real e o imaginário. Poeta é o “médico” que fornece através das palavras, lágrimas de alívio, apetite do “quero mais” e sorrisos agradecidos. Poeta: “É anjo travestido de gente”
FERNANDO MORAES
Médico/Radialista
Aprendiz de Poeta.
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