sábado, 31 de maio de 2008

Precárias são as praias
dos homens:
praias
que morrem na cama com
o ódio e o
sexo: perdem-se
no pó sem voz.

(...Não obstante
as praias não cessam...)

* Ferreira Gullar
.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Manhã Azul - Elisa Lucinda




Pão fresquinho
quentinho

manteiga amante de casquinha
sobre mesa de café
leio poemas que dão tapinhas

no meu coração.


Se algum dia sofri, esqueci.
Mario Quintana é o

passarinho mais inteligente

que já conheci.

**Elisa Lucinda




Governo do Estado do Pará
Fundação Carlos Gomes
Apresenta

XXI
Festival
Internacional
de Música do Pará

" MÚSICA EM TODOS OS TEMPOS "

01 a 08 de junho de 2008

Programação

Praça Batista Campos

01/06 Pré - Abertura do Festival
(domingo, às 10h00)


Teatro da Paz

01/06 Banda Sinfônica da FCG
(domingo,às 20h00)

02/06 Projeto Social Música e Cidadania da FCG
(segunda,às 16h00)

02/06 TACAP & Grupo de Percussão da FCG
(segunda,às 20h00)

03/06 Camerata
(terça, às 20h00)

04/06 Harold Lopez Nussa e Grupo
(quarta, às 20h00)

05/06 Amazônia Jazz Band
(quinta, às 20h00)

06/06 Coral Itacy
(sexta, às 16h00)

06/06 Badi Assad, Carolina & Clarice
(sexta,às 20h00)

07/06 Orquestra Sinfônica do Festival
(sábado,às 20h00)


Teatro Waldemar Henrique


02/06 Quinteto de Metais
(segunda, às 19h00)

02/06 Monte Pascoal
(segunda,às 22h00)

03/06 Saxçaí
(terça, às 19h00) Quarteto de Saxofone e Percussão

03/06 Tubas da Amazônia
(terça, às 22h00)

04/06 Trio Camaleon
(quarta,às 19h00) Viola, Violino e Cello

04/06 Quarteto Pará Trombones
(quarta,às 22,h00)

05/06 Sexteto Brasil
(quinta às19h00)

05/06 Alexandre Gismonti e Duo
(quinta às22h00)

06/06 Coro Carlos Gomes
(sexta, às 18h00)

06/06 Muiraquitã Jazz
(sexta, às 19h00)

06/06 Quinteto Uirapuru
(sexta, às22h00)

07/07 Grupo de Sax da FCG
(sábado, às 18h00)

07/07 Trompete Ensemble
(sábado, às 19h00)

07/07 Orquestra de Choro Uirapuru
(sábado, às 22h00)



Igreja de Santo Alexandre

02/06 Concertos Espirituais
(segunda, às 18h00)

03/06 Duo Carlos Gomes
(terça, às 18h00)

04/06 Orquestra Jovem da FCG
(quarta, às 18h00)

05/06 Ressonâncias Celestiais
(quinta, às 18h00)


Sala Ettore Bósio

02/06 Quarteto Maestoso
(segunda, às 12h00)

03/06 Primus Trio
(terça, às 12h00)

04/06 Quartet-Trio de trombones
(quarta, às12h00)

05/06 Clássica Trio
(quinta, às 12h00)

06/06 Duo Voz e Piano
(sexta, às 12h00) Luciana Tavares e David Martins

06/06 Duo Pianístico da EMUFPA
(sexta, às 16h00)

07/07 Grupo de Flauta Doce da FCG
(sábado, às 12h00)

07/07 Madrigal Experimental de Repertório
(sábado, às 16h00)


Baiacool

31/05 Iza Felipe e Trio
(sábado, às 00h00)

01/06 Beatles Forever
(domingo, às 22h30)

02/06 Cacau Novais e MP3
(segunda, às 00h00)

03/06 Bererê Projeet
(terça, ás 00h00)

04/06 Bob Freitas e Nêgo Nelson
(quarta, às 00h00)

05/06 Careca Braga Quarteto
(quinta, às 00h00)

06/06 Jeff Gardner
(sexta, às 00h00)

06/06 Jeff Gardner
(sábado, às 00h00)


Praça Batista Campos

08/06 Orquestra Sinfônica do Festival
(domingo, às 09h00)

domingo, 25 de maio de 2008


Na voz dos dedos:
o diálogo do
ócio infantil


**RF (foto:Ana Mokarzel)

POST SCRITPUM

I
esbagaçar isso sem riso só risco
expresso rápido cometa
sem hã?pulheta balança pesares
onde quilos da mais justa parábola
aqui tudo já é ruína rumina rotina
acabou foi pro bele(m)léu
pular fora sartar
não ficar pra comandante-em-bronze
o fona a abandonar barco náufrago
da loucura apartada espartilho
revém cobrando dividendos
sair de mim
da mina
ir além das tordesilhas
geografias proas e prumos
fausto fáustico faustino
inventário do fogo
na terra de febres terçãs
competir o mau combate
o alvo ao tiro
o sus silêncio senado sonado
o que me vai o que me fica explica
às vezes ao espelho espalho o visto
um buraco na testa
no meio névoa de sangue o fim o filete
mas a vida reclama o proposto propústula
levar adelante ab ovo ad mala allegro
o corpo seu peso recusa recuerdo
na tristeza mais bela a mulher e zelo teu abandono
depois rasgar esse papéis-tiaras
nada valem nada trocam nada tocam
desse barco dervixe dessa água à deriva
zarpar e nunca mais não vem que já não tem
inútil falar: me salva me leva me lava me louva
dizer: vem vambora vamonessa simbora

II
sono e das frutas somos a soma e nela o menos
morro e acabo doucabo o cabo contorno
tocaia de mim de emboscada embolada
seis horas e um pêndulo novenas e um pomo o tomo
dolor do amor do amor e dor torvelinho
o texto tecido cerzido em nós pregas e agulhas
espetam fundos alfinetes
costuram tua pela à minha narinas marinhas
perfumes pólen
e toma e bebe e come e saúda saúde e
taças por mim brindes e troças de mim
dizeres falares falos furnas fendas fones
atendes? alô? está lá? quem? saiu?
não precisa sim mais tarde depois amanhã
vês vês? vezes quem? vesperal vespertina manhã outorgada
cumprimentos enleios leio loas destrato desfaço nego
renego três vezes nego
remoço rimo translitero ali quero quis fiz falhei
fui não sou não és
reino por ti reinas de mim reinante
reinada reinódoa
e romanceias e posas romana eterna e triste
eslovaca sagrada croácida cunha encravada
comiseras legas o paraíso o pênsil pilatos
são os fatos os fardos os fados fadados os enfardados
faturados compactuados fancaria
farnel de dobo dalmado
duzentos quanto desejares trezentos o nazareno o lazarento
e ainda o rato a rata errata
crônica de sol a sol crônico solário
desnoite desdia desdequando desdezembro desdêmona destamanho
desdesempre destempero
vergo verso verto ver-te ver-se reverter-se revivisto revivendo
rezo e rogo rodo a régua escumalho esquadrinho no imo escaninho
ex-canino escárnio escarro
esbarro a estátua que és convertida em barro embargo
os negares do sim os quereres do não

III
infeliz à cidade a idade
do ignorar

**Poeta Elias Pinto **
.

sábado, 24 de maio de 2008

O Mito.

Sequer conheço Fulana,
vejo Fulana tão curto,
Fulana jamais me vê,
mas como eu amo Fulana.
.
Amarei mesmo Fulana?
ou é ilusão de sexo?
Talvez a linha do busto,
da perna, talvez o ombro.
.
Amo Fulana tão forte,
amo Fulana tão dor,
que todo me despedaço
e choro, menino, choro.
.
Mas Fulana vai se rindo...
Vejam Fulana dançando.
No esporte ela está sozinha.
No bar, quão acompanhada.
.
E Fulana diz mistérios,
diz marxismo, rimmel, gás.
Fulana me bombardeia,
no entanto sequer me vê.
.
E sequer nos compreendemos.
É dama de alta fidúcia,
tem latifúndios, iates,
sustenta cinco mil pobres.
.
Menos eu...que de orgulhoso
me basto pensando nela.
Pensando com unha, plasma,
fúria, gilete, desânimo.
.
Amor tão disparatado.
Desbaratado é que é...
Nunca a sentei no meu colo
nem vi pela fechadura.
.
Mas eu sei quanto me custa
manter esse gelo digno,
essa indiferença gaia
e não gritar: Vem, Fulana!
.
Como deixar de invadir
sua casa de mil fechos
e sua veste arrancando
mostrá-la depois ao povo
.
tal como é ou deve ser:
branca, intata, neutra, rara,
feita pedra translúcida,
de ausência e ruivos ornatos.
.
Mas como será Fulana,
digamos, no seu banheiro?
Só de pensar em seu corpo
o meu se punge...Pois sim.
.
Porque preciso do corpo
para mendigar Fulana,
rogar-lhe que pise em mim.
Que maltrate...Assim não.
.
Mas Fulana será gente?
Estará somente em ópera?
Será figura de livro?
Será bicho? Saberei?
.
Não saberei? Só pegando,
pedindo: Dona, desculpe...
O seu vestido esconde algo?
tem coxas reais? cintura?
.
Fulana às vezes existe
demais: até me apavora.
Vou sozinho pela rua,
eis que Fulana me roça.
.
Olho: não tem mais Fulana.
Povo se rindo de mim.
(Na curva do seu sapato
o calcanhar rosa e puro.)
.
E eu insonte, pervagando,
em ruas de peixe e lágrima.
Aos operários: A vistes?
Não, dizem os operários.
.
Aos boiadeiros: A vistes?
Dizem não os boiadeiros.
Acaso a vistes, doutores?
Mas eles respondem: Não.
.
Pois é possível? pergunto
aos jornais: todos calados.
Não sabemos se Fulana
passou. De nada sabemos.
.
E são onze horas da noite,
são onze rodas de chope,
onze vezes dei a volta
de minha sede: e Fulana
.
talvez dance no cassino
ou, e será mais provável,
talvez beije no Leblon,
talvez se banhe na Cólquida;
.
talvez se pinte no espelho
do táxi; talvez aplauda
certa peça miserável
num teatro barroco e louco;
.
talvez cruze a perna e beba.
talvez corte figurinhas,
talvez fume de piteira,
talvez ria, talvez minta.
.
Esse insuportável riso
de Fulana de mil dentes
(anúncio de dentifrício)
é faca me escavacando.
.
Me ponho a correr na praia.
Venha o mar! Venham cações!
Que o farol me denuncie!
Que a fortaleza me ataque!
.
Quero morrer sufocado,
quero das mortes a hedionda,
quero voltar repelido
pela salsugem do largo,
.
já sem cabeça e sem perna
à porta do apartamento
para feder: de propósito
somente para Fulana.
.
E fulana apelará
para os frascos de perfume.
Abre-os todos: mas de todos
eu salto, e ofendo, e sujo.
.
E Fulana correrá
( nem se cobriu: vai chispando),
talvez se atire lá do alto.
Seu grito é:socorro! e deus.
.
Mas não quero nada disso.
Para que chatear Fulana?
Pancada na sua nuca
na minha é que vai doer.
.
E daí não sou criança.
Fulana estuda o meu rosto.
Coitado: de raça branca.
Tadinho: tinha gravata.
.
Já morto, me quererá?
Esconjuro, se é necrófila...
Fulana é vida, ama as flores,
as artérias e as debêntures.
.
Sei que jamais me perdoará
matar-me para servi-la.
Fulana quer homens fortes,
couraçados, invasores.
.
Fulana é toda dinâmica,
tem um motor na barriga.
Suas unhas são elétricas,
seus beijos refrigerados,
.
desinfetados, gravados
em máquina multilite.
Fulana, como é sadia!
Os enfermos são nós.
.
Sou eu, poeta precário,
que fez de Fulana um mito,
nutrido-me de Petrarca,
Ronsard, Camões e Capim;
.
que a sei embebida em leite,
carne, tomate, ginástica,
e lhe colo metafísicas,
enigmas, causas primeiras.
.
Mas, se tentasse construir
outra Fulana que não
essa de burguês sorriso
e tão burro esplendor?
.
Mudo-lhe o nome: recorto-lhe
um traje de transparência;
já perde a carência humana;
e bato-a; de tirar sangue.
.
E lhe dou todas as faces
de meu sonho que especula;
e abolimos a cidade
já sem peso e nitidez.
.
E vadeamos a ciência,
mar de hipóteses. A lua
fica sendo nosso esquema
de um território mais justo.
.
E colocamos os dados
de um mundo sem classe e imposto;
e nesse mundo instalamos
os nossos irmãos vingados:
.
E nessa fase gloriosa,
de contradições extintas,
eu e Fulana abrasados,
queremos...que mais queremos?
.
E digo a Fulana: Amiga,
afinal nos compreendemos.
Já não sofro, já não brilhas,
mas somos a mesma coisa.
.
(Uma coisa tão diversa
da que pensava que fôssemos.)

** Poeta Carlos Drummond de Andrade **
.
"Para mim, o "impulso" poético ou a inspiração é apenas a súbita, e geralmente física, chegada da energia para a perícia e o senso estrutural do artesão".

Poeta Dylan Thomas

Edyr Proença : A voz que fala e canta para a planície - Elias Pinto

Como forma de erguer um brinde aos 80 anos da Rádio Clube,
reproduzo trechos da longa entrevista que Edyr Proença me concedeu em maio de 1990, ao completar 70 anos de idade e 50 de jornalismo.

Publicada no jornal A Província do Pará, o título da matéria, “A voz que fala e canta para a planície”, remete ao slogan da antiga PRC-5, a Rádio Clube do Pará, onde Edyr iniciou sua carreira, em 1942.

A COPA DE 50

Quis saber de quantas Copas Edyr havia participado. Sua resposta.
Edyr – Participar mesmo eu só participei da de 1950, que eu transmiti, isso pelas dificuldades operacionais. Prova disso é que só agora uma emissora paraense vai à Copa do Mundo. De 50 para cá, é a primeira vez.
Pedi-lhe então um testemunho sobre a Copa de 50.

Edyr – Foi uma Copa que me deixou recordações indeléveis. Emoções que, quando lembro, eu as revivo. Vi coisas que eu jamais verei na minha vida outra vez. Por exemplo, o jogo Brasil e Espanha, o Brasil fazendo um futebol fabuloso, colocando uma grande equipe na roda, vencendo de 6 a 1. Uma coisa espetacular, ver o Maracanã lotado.

A charanga do Flamengo iniciou e a multidão cantou as Touradas de Madri. Você pode imaginar o que é um Maracanã lotado, cantando em uníssono. Até hoje me arrepio. E a tristeza da derrota do Brasil. Ainda agora, você me permite uma liberdade de expressão, eu ouço o silêncio da multidão. Você sabe, o campo do Maracanã é distante das arquibancadas.

Pois o silêncio pela derrota era tão grande, na hora em que terminou o jogo, que você ouvia os jogadores uruguaios gritando, se abraçando, chorando de alegria. E você via aquela multidão de cabeça baixa, lágrimas nos olhos. E, de repente, dando um exemplo de mais alta esportividade, essa multidão prorrompeu em aplausos. Uma beleza.

A COPA DE 58

Sobre a Copa de 58, na Suécia, me fez o seguinte relato.
Edyr – Na Copa de 58 fiz um trabalho que começou como uma inconseqüência da minha parte, mas que acabou dando certo. Os jogos correspondiam aqui pela parte matutina, e as emissoras do sul chegavam em precaríssimas condições de transmissão.

Fazer retransmissão pela Radional não só era muito dispendioso como também o som não correspondia. Então resolvi fazer dublagem. Saí de lá da rádio, que era no Palácio do Rádio – um ponto de difícil recepção, não sei por que – e vim para minha casa. Trouxe aparelhagem. Veio um ajudante comigo para ler publicidade, técnicos de som, e jogávamos, de casa, por linha telefônica, o som para a emissora.

Aqui em casa eu escutava razoavelmente as transmissões. Escutava o que os locutores iam dizendo e ia repetindo, procurando dar aquela velocidade de uma transmissão de rádio. E o público gostou.

Perguntei: Quer dizer, você ouvia as transmissões do Rio de Janeiro e dublava aqui em Belém, na sua casa?
Edyr – Exato. Todo mundo gostava porque estava ouvindo com som local.

Você também narrou a vitória do Brasil sobre a Suécia?
Edyr – Narrei. Havia alto-falantes pela rua, aqui na Presidente Vargas, que ficou cheia de gente. Foi uma festa.

PATRIOTADAS

E sobre as famosas patriotadas cometidas por locutores, disse o mestre.Edyr – Isso sempre existiu. Em 1938, na Copa do Mundo na França, no jogo Brasil e Tchecoslováquia, o locutor, Galeano Neto, revoltou o povo brasileiro contra os tchecos, tinha gente que queria pegar um tcheco aqui no Brasil para dar uma surra.

Dizia o Galeano: “Estão massacrando os jogadores brasileiros. Fulano entrou violentamente sobre Perácio, que está estendido no chão. Fulano foi derrubado por um pontapé nas costas”. Uma coisa terrível. Terminou o jogo: três tchecos contundidos gravemente e o goleiro deles com o braço quebrado.

Que diabo é isso, se eles é que estavam massacrando o nosso time? Era o patriotismo.

Até hoje, desde essa Copa de 38, tem gente que tem ódio do arbitro porque ele marcou um pênalti contra o Brasil. Mas depois, quem se aprofunda no assunto, vai ver a verdade dos fatos. Foi realmente pênalti.

O Domingos da Guia não sabia regras e deu um pontapé no adversário quando a bola ia saindo, e o juiz assinalou o pênalti. “Está roubando. Ladrão.” E todo mundo indignado.

Por quê? Porque o Galeano Neto fez aquele auê terrível. Quem ia saber naquela ocasião? O locutor deve prender a atenção e a tensão do ouvinte, isso é natural. Não é falsear a verdade, mas dar aqueles salpicos normais, dourar a pílula, como se diz. Isso não faz mal a ninguém. Pelo contrário, faz bem. É aquela história: me engana que eu gosto.

***

terça-feira, 20 de maio de 2008

De Zélia Gattai:

"Continuo achando graça nas coisas,gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores".

***

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Solar Antique


Chico Pinheiro em Paris

Clik sobre o texto >

Fundação Carlos Gomes - Projeto música e cidadania






Fundação Carlos Gomes - Compromisso com a Vida
Projeto música e cidadania


Já é bastante conhecido o efeito muitas vezes surpreendente da aplicação da música no universo da educação especial, inclusive no que diz respeito ao tratamento de pessoas com os mais diversos tipos de distúrbios neurológicos ou perceptivos.
A música humaniza o relacionamento e, integrada a uma abordagem clínica, integra as dimensões psicológica, moral e espiritual, tanto das afecções quanto de seu tratamento.

A Fundação Carlos Gomes, imbuída desses princípios, criou e disseminou o encontro desses conceitos através do projeto “Música e Cidadania”, cujos ideais, expressos no próprio título do projeto, reiteram a importância da música como forma de humanizar esse processo de integração social.

Instituído em parceria com a Associação de Portadores de Necessidades Especiais (APPD), o “Música e Cidadania” conta com a experiência e sensibilidade, como coordenadora, da assistente social Dayse Addário, professora licenciada em Música pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). “A musicalização”, ressalta Dayse, “é um importante instrumento de valorização social e de inclusão cidadã”.

Os professores responsáveis pela aplicação do projeto cumpriram um período de capacitação técnica e psicológica, de maneira a conhecer e avaliar a potencialidade e diversidade de seus alunos, abrindo caminho para uma integração capaz de fazer desabrochar a criatividade inerente de cada ser humano, respeitando a individualidade e, no caso, as necessidades especiais de cada um.
Esta abordagem é, comprovadamente, um meio eficiente de aprimorar a sociabilidade, auto-estima e sensibilidade dos alunos. A aliança desses métodos estimula-lhes a criatividade e o aproveitamento dos conhecimentos adquiridos.

Vale frisar que o espaço e os instrumentos necessários para a execução do projeto são cedidos pela APPD. Por sua vez, a Fundação Carlos Gomes disponibiliza uma equipe treinada de professores de musicalização para o ensino de flauta doce, violão, cavaquinho, teclado e canto, com ênfase na música popular.

O projeto será desenvolvido, numa primeira fase, durante o período de um ano, prevendo-se sua continuidade para níveis e módulos avançados de acordo com o aproveitamento dos alunos participantes. As turmas são organizadas por faixa etária e têm duas aulas por semana, com duração de uma hora cada.

Para a realização desse projeto ao mesmo tempo inovador e de profundo significado social, assinalando o encontro entre música e terapêutica, digamos, voltada para a consolidação da cidadania, é necessário destacar o empenho do professor Antonio Carlos Braga, superintendente da Fundação Carlos Gomes.
Sua própria experiência como músico consolidou a idéia de que a música deve ser acessível a todos. E mais: ensinou-lhe que o apregoado talento inato, de berço, muitas vezes é um mito.
O aprendizado e a aplicação ao ensino, não raro, são a porta que se abre para que esse talento se manifeste, fruto do empenho tanto de um mestre atento e estimulador de potenciais quanto de um discípulo disposto a expressar-se através dessa arte sem fronteiras e que fala todas as línguas, a música instrumental.

“O nosso principal objetivo é o de que todas as pessoas podem e devem ser incluídas em processo de aprendizagem dessa natureza, especial, inclusive. Para tanto, nossos profissionais ficam em constante pesquisa e investigação a respeito das alternativas metodológicas para o ensino de música, pois este é um direito de todos”, conclui o superintendente Antonio Carlos Braga.
***

Zélia Gattai : Boa Viagem !

Zélia Gattai
foi se encontrar
com o seu Amado.
Para sempre!

domingo, 18 de maio de 2008

Boteco das Letras - Elias Pinto

Na primeira rodada da seção "Boteco das Letras" em sua página dominical no Diário do Pará, Elias Ribeiro Pinto entrevista o autor deste blog.

***
A folhinha, finalmente, repousa sobre o chão.
De repente, não a percebo mais;
ela misturou-se aos infinitos
outros pontos amarelos do chão de outono...
.
Entregou-se a seu inevitável destino de participar do processo de transformação da natureza, para um dia retornar em alguma paisagem,como a lembrar-me que...
.
A vida se move em ciclos de fazer e desfazer,
que sentimentos arrefecem,que ardentes paixões esfriam,
que toda glória é efêmera...mas que os ciclos favorecem o renascer da esperança - e esse, sim, é duradouro... é eterno em todos os corações humanos...
.
(Colaboração de Vestal)
**
.




sábado, 17 de maio de 2008

Mulher Dormindo -Picasso
Considerações sobre o sono (Antonio Maria)

A pessoa que dorme está inteiramente só *** Quanto mais pobre mais comovente o ser humano que dorme *** No sono, a imobilidade das pessoas boas e confiantes é sempre desarrumada ***Gente má dorme em posição de sentido ***A mais leve carícia de sua mão sobre o corpo da amada que dorme poderá quebrar a solidão do sono e a tranquilidade da carne já não será completa (contente-se com enternecer-se, sem tocá-la)*** Se for preciso despertá-la, que seja com ruídos aparentemente casuais *** A amada tem sob os cílios a sombra suave das nuvens *** Seu sossego é o de quem vai ser flor, após o último vício e a última esperança *** Um homem e uma mulher jamais deveriam dormir ao mesmo tempo, embora invariavelmente juntos, para que não perdessem, um no outro, o primeiro carinho de quem desperta *** Mas, já que é isso impossível, que ao menos chova, a noite inteira, sobre os telhados dos amantes.

***




Onde não se tenham inventado o telefone...

...Pela descrença que em meu espírito se acentua, permite que eu deseje ser só - ou tua somente - num lugar do mundo, onde os gritos não tenham eco, onde a inveja não ameace, onde as coisas do amor aconteçam sem
testemunhas...
.
Livrem-me da pressa, das datas, dos salários e das dívidas e a todos serei agradecida, num verso submisso.
Livrem-me de mim, de uma certa insaciabilidade que apavora e de todos serei escrava numa humilde canção.
.
Permite que eu só queira, agora, esse canto de sono e preguiça, onde não necessite dos atletas, onde o céu possa ser céu sem urubus e aviões, onde as árvores sejam desnecessárias, para que os pássaros se sintam bem em cantar e dormir em nossos ombros.
.
Permite que eu deseje, agora, tomada e vencida pelas urgências que de mim exigem, um canto de sono e preguiça, onde não se tenham inventado o telefone e o relógio.
.
Permite que eu deseje, agora, um silêncio que me contagie de tristeza, uma calma boa e definida para, num momento espontâneo e sossegado, escrever as grandes definições, as palavras que me envaideçam, os versos e as cantigas que me elevem, querido, à glória e à resolução do teu desmesurado amor.

(Antonio Maria)

A casa estava quieta
e o mundo calmo
.
A casa estava quieta e o mundo calmo.
Leitor tornou-se livro e a noite de verão
.
Era como o ser consciente do livro.
A casa estava quieta e o mundo calmo.
.
Palavras eram ditas como se livro não houvesse,
Só que o leitor debruçado sobre a página
.
Queria debruçar-se, queria mais que muito ser
O sábio para quem o livro é verdadeiro
.
E a noite de verão é perfeição da mente.
A casa estava quieta porque tinha de estar.
.
Estar quieta era parte do sentido da mente:
Acesso da perfeição à página.
.
E o mundo estava calmo. Em mundo calmo.
Em que não há outro sentido, a verdade
.
É calma, é verão e é noite, a verdade
É o leitor insone e debruçado a ler.
.
* Wallace Stevens
.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

" A bola
que lancei
quando brincava no parque
ainda não tocou o chão."


Dylan Thomas

O solitário poeta Dylan Thomas



A vida curta de Dylan Thomas (1914-1953) foi um mar voraz, indomável
como as ondas de sua terra natal: País de Gales.
.
Para ele não havia limite. Tudo o que fazia era assinalado por forte luminosidade, mas revelava carência, autodestruição e um indisfarçável
egoísmo.
.
De certa maneira, fazia barulho para chamar atenção. Gostava de ser visto como enfant terrible e para imprimir mais veracidade a esta imagem, o poeta vivia rapidamente, aliciado por seus próprios excessos.
.
Aos 11 anos já tinha escrito mais de duzentos poemas. Muito jovem dirigiu o jornal da escola, trabalhou como repórter em Swansea, abrindo logo caminho na BBC de Londres.
.
Escreveu roteiros para cinema, fez documentários.Nos anos 50 era uma celebridade.Sua irreverência impressionava uma América atônica, em via de transformação.
.
Dylan Thomas era profundo, um solitário.
.
Como escritor, dedicou-se às palavras e, compulsivamente, desejava penetrar na alma de todas as letras. Era um apaixonado pela sonoridade
e , com estilo incrivelmente pessoal, soube construir uma obra - pequena, é verdade - com nome e sobrenome.
.
O vigor de suas imagens e o ritmo de sua escrita são marcas registradas.
As imagens, suas observações, metáforas e a quase impenetrável sintaxe do autor são desafios explosivos, linha após linha.
.
Por trás da neblina de suas frases e versos, indiferentes às normas, havia um autor maduro, vivo, lúcido, do primeiro time da literatura mundial.

(**Maria Amélia Mello - no livro Dylan Thomas-poemas reunidos - tradução de Ivan Junqueira- José Olympio Editora))



Da Primeira Febre de Amor


Da primeira febre de amor ao seu flagelo, da segunda,
Mais branda, ao desértico instante do útero,
De seu desdobramento ao umbigo cortado,
Ao tempo do seio e à época feliz do avental,
Quando nenhuma boca se contorcia por não ter o que comer,
O mundo inteiro era um só, um nada tempestuoso;
Meu mundo fora batizado num córrego de leite.
A Terra e o céu eram tais quais uma colina flutuante,
E o sol e a lua derramavam sua luz imaculada.
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Da pimeira impressão deixada pelos pés descalços,
Da mão que se levanta, do aparecimento dos pêlos,
Ao milagre da primeira palavra afinal articulada,
Do primeiro segredo do coração, o fantasma que adverte,
À primeira ferida silenciosa na carne,
O sol era vermelho, a luz acinzentada,
E a Terra e o céu tais quais duas montanhas enlaçadas.
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O corpo progredia, os dentes irrompiam das gengivas,
Os ossos se desenvolviam, ouvia-se o rumor do sêmen
Dentro da glândula sagrada, o sangue abençoava o coração,
E os quatro ventos, que sopravam como um só,
Irradiavam a luz do som em meus ouvidos,
Despertando os meus olhos para o som da luz.
E amarela era a areia que se multiplicava,
Cada grão dourado dava vida ao que lhe estava ao lado
Verde era a casa que cantava.
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A ameixa colhida por minha mãe amadureceu lentamente,
O menino que ela fizera emergir das trevas
Crescia forte ao seu lado no regaço da luz.
Era musculoso, carnudo, atento às coxas que gemiam
E à voz que, como a voz da fome,
Comichava no rumor do vento e do sol.
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E aprendi, com a primeira fraqueza da carne,
A linguagem do homem, a retorcer as formas do pensamento
No pedregoso idioma do cérebro, a obscurecer
E novamente urdir a trama das palavras
Legadas pelo morto que, em seu alqueire sem luar,
Não carecia de nenhum calor verbal.
A raiz das línguas se extingue num câncer estiolado,
Que é apenas um nome sobre o qual os vermes fazem xis.
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Aprendi os verbos da vontade, e tinha um segredo;
O código da noite se imprimira em minha língua;
O que fora um só eram muitos a ecoar no espírito.
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Um só útero, um só espírito, expeliram a matéria,
Um único seio amamentou o fruto da febre;
Conheci a outra face do céu que se divorcia,
O planeta bilobado que girava em uma órbita;
Milhões de espíritos nutriam uma semente,
Como aquela que bifurca o meu olhar;
A juventude se abreviava, as lágrimas da primavera
Se dissolviam no verão e em centenas de estações;
Um único sol, um só maná, aqueciam e alimentavam

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quarta-feira, 14 de maio de 2008


Bar do Parque

Sem portas
não fecha
o concerto de gargalhadas
nem cala
a liberdade
.
Não algema
mãos delicadas
nem tranca
a escandalosa saudade
.
Sem janelas...
porque o adeus na noite
é obsceno
em desamparados olhares
.
O teto
são cabeças distantes
e o cio de estrelas
da terra
.
O chão:
- a existência
do céu inventado
e o inferno do rim
(no mijo das palavras)
.
É assim o bar
do par que exibe
as bocas naufragadas
entre copos e garrafas
(sobre o lixo da escuridão)
- como um outdoor

do tédio! -
.
(...Esse par que
no barco bêbedo
dentro do mar invisível
quebra-se
nas calçadas do sol...)
.
O bar não fecha a poesia:
não tem portas a noite
nem janelas o dia
.
O bar é par do impossível
que amanhece ímpar
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***
(RF)
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terça-feira, 13 de maio de 2008

13 de Maio

13 de maio, Abolição da Escravatura - Lei Áurea!

Livre! Livre!

Ser livre da matéria escrava,
Arrancar os grilhões que nos flagelam
E livre, penetrar nos dons que selam
A alma e lhe emprestam toda a etérea lava.

Livre da humana, da terrestre bava
Dos corações daninhos que regelam
Quando os nossos sentidos se rebelam
Contra a infâmia bifronte que deprava.

Livre! bem livre para andar mais puro,
Mais junto à natureza e mais seguro
Do seu amor, de todas as justiças.

Livre! para sentir a natureza,
Para gozar, na universal grandeza,
Fecundas e arcangélicas preguiças.

(Cruz e Souza)

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segunda-feira, 12 de maio de 2008

concha ao sonho
josémariaLealpaes

mesmo quando
eu passar, meus sonhos ficarão talvez em tuas mãos

O estrangeiro - Charles Baudelaire

A quem mais amas, responde, homem enigmático: a teu pai, tua mãe, tua irmã ou teu irmão?
- Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
- Teus amigos?
- Eis uma palavra cujo sentido, para mim, até hoje permanece obscuro.
- Tua pátria?
- Ignoro em que latitude está situada.
- A beleza?
- Gostaria de amá-la, deusa e imortal.
- O ouro?
- Detesto como detestais a Deus.
- Então! a que é que tu amas, excêntrico estrangeiro?
- Amo as nuvens...as nuvens que passam...longe...lá muito longe...as maravilhosas nuvens!

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domingo, 11 de maio de 2008

O que é ser afetivo?

O afeto não exite sem a carícia, a ternura e o cuidado.

Assim como a estrela precisa da aura para brilhar, o afeto precisa da carícia para sobreviver.

É a carícia da pele, do cabelo, das mãos e do rosto que confere concretude ao afeto e ao amor.

É a qualidade da carícia que impede o afeto de ser artificial, falso ou dúbio.

A carícia essencial é leve como uma pena.Ou como entreabrir suave de porta.

Jamais há acarícia na violência de arrombar portas e janelas, quer dizer, na invasão da intimidade da pessoa.

**Leonardo Boff ( A força da ternura- Editora Sextante)
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sexta-feira, 9 de maio de 2008





Suavíssimo > Dia das Mães !!!

Besos de Ronaldo Franco

*

Mãe

Mãe ( o ilimitado amor )




Quem disse alguma vez: até aqui a sede, até aqui a água ?

Quem disse alguma vez: até aqui o ar, até aqui o fogo ?

Quem disse alguma vez : até aqui o homem, até aqui não ?

(Juan Gelman)

Qual filho dirá: até aqui a mãe...até aqui não ???

(RF)

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A Banda Mahara

Inicialmente composta exclusivamente por mulheres, a banda Mahara foi formada em outubro de 2003 para um evento acadêmico da UEPA, apresentação essa que despertou a atenção do público e alimentou o desejo de levar a banda adiante.
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Desde o início a banda mostrou qualidade e interesse, participando de eventos como o Pró-Paz no Centur, III Mostra de Intérpretes de Música Popular Brasileira, show com Grupo Batuque no Teatro da Paz e Viva Cazuza ao lado do cantor Eloi Iglesias. Além disso, vem se firmando no cenário musical dos bares de Belém.

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Durante a sua história passou por algumas transições e hoje conta com Hivana Praxedes na voz, Elaine Valente nos violões e guitarras, Rafael Mergulhão nas guitarras e violões, Ruth Saldanha na bateria e Lina Couto no baixo.

.Os seus integrantes com suas experiências e formações diferentes, que passam do popular ao erudito, tem uma boa diversidade em grupos e trabalhos anteriores.

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“Acho que o mais interessante da banda é, sem dúvida, essa diferença entre os integrantes, cada um tem sua formação, trazendo influências ora do popular ora da base erudita dos conservatórios para dentro deste enorme caldeirão de ritmos, uma fórmula que vem dando certo nesses anos, além é claro, do toque feminino, pois quatro mulheres fazem parte do grupo. Isso também é inovador”, ressalta a guitarrista Elaine Valente.

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No repertório, músicas de Rita Lee, Lulu Santos, Cássia Eller, Legião Urbana, Los Hermanos, Cazuza, Pink Floyd, The Cranberries, U2, System a of Down, Bob Marley, Natiruts, Tribo de Jah, entre outras, que influenciam o trabalho autoral da banda que já vem sendo preparado.

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AGENDA:
Dia 25 de Maio- primeira apresentação da banda no Mormaço, às 18h.

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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Quaternaglia, Marcos Pereira e James Dick *em Belém.

Quaternaglia
Marco Pereira

James Dick



Governo do Estado do Pará
Fundação Carlos Gomes

IV Encontro de Violões
Quarta-feira, 7 de maio de 2008 – Quaternaglia & James Dick

PROGRAMA

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Concerto de Brandenburgo n. 6 BWV 1051 transcrição de Fabio Ramazzina
I- Allegro
II- Adagio, ma non tanto
III- Allegro

violões: Quaternaglia


Johannes Brahms (1833-1897)

Rapsódia em si menor op. 79 n.1

Rapsódia em sol menor op. 79 no.2

Alberto Ginastera (1916-1983)



IV- Ruvido ed Ostinato da Sonata para piano
piano: James Dick


Sérgio Molina (1967)
Quinteto para um outro tempo (2006)*
para piano e quatro violões

I- Passado
II- Oração sem palavras
III- O Espelho dos Enigmas

piano: James Dick
violões: Quaternaglia


* dedicada a James Dick e Quaternaglia



Sábado, 10 de maio de 2008 – Quaternaglia & Marco Pereira

PROGRAMA



Tom Jobim (1927-1994)
Chora Coração arranjo : João Luiz

Egberto Gismonti (1947)
Um Anjo (1999) arranjo: Paulo Porto Alegre
Karatê* (1997)

violões: Quaternaglia

Marco Pereira (1950)
Dança dos quatro ventos (2006)

violões: Quaternaglia e Marco Pereira


Radamés Gnatalli (1906-1988)
Pixinguinha

Waldir Azevedo (1923-1980)
Pedacinhos do céu

Ary Barroso (1903-1964)
Na baixa do sapateiro
Baden Powell (1937-2000)
Suite Baden Powell I- O astronauta (c/ Vinicius de Moraes) II- Vou deitar e rolar (c/ Paulo Cesar Pinheiro) III- Cai dentro (c/ Paulo Cesar Pinheiro) IV- Deixa

violão e arranjos : Marco Pereira

Paulo Tiné (1970)
Siberia* (2006)
Rabichola de cabra* (2006)

Paulo Bellinati (1950)
Carlo’s Dance* (2006)

violões: Quaternaglia

Marco Pereira
Sambadalú (2006)

violões: Quaternaglia e Marco Pereira

JAMES DICK

Um dos mais importantes pianistas de sua geração, James Dick é um intérprete cujo pianismo brilhante e musical traduz-se em performances de alto rigor intelectual e autenticidade emocional.
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Vencedor dos primeiros prêmios nos concursos internacionais Tchaikovsky, Busoni e Leventritt, Dick tem realizado recitais e concertos com orquestra nas mais proeminentes salas do mundo, tais como Carnegie Hall, Alice Tully Hall, Town Hall e 92nd Street’s Y (Nova York), Kennedy Center e National Gallery of Art (Washington), Orchestra Hall (Chicago), Queen Elizabeth Hall, Wigmore Hall e Purcell Room (Londres),Theatre du Chatelet e Salle Gaveau (Paris), e Rudolfinum (Praga).
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Sua próxima turnê incluirá apresentações em Bucarest, Istambul, Brasil e França.
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Dick tem atuado com a Chicago Symphony, Philadelphia Orchestra, National Symphony e outras orquestras, sob a regência de Eugene Ormandy, John Barbirolli, James Levine, Lorin Maazel, James de Preist, Lawrence Foster, Sergiu Commissiona e, mais recentemente, com Eiji Oue, Robert Spano, Christopher Hogwood, Stefan Sanderling, Pascal Verrot, Andrey Boreyko, Grant Llewellyn, JoAnn Falletta, Charles Olivieri-Munroe e Heiichiro Ohyama, entre outros.
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Sua atuação com grupos camerísticos inclui concertos com os quartetos Cleveland, Tokyo, Parisii, Colorado, Ravel, Debussy, Danel, Eusia, Cassatt e Quaternaglia, e colaborações com Erick Friedman, Yo-Yo Ma, Young Uck Kim, Raphael Hillyer, Håkan Rosengren, Martin Lovett e Carol Wincenc, entre outros.
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James Dick é um grande incentivador de novos repertórios, e tem encomendado obras a compositores como Benjamin Lees, Malcolm Hawkins e Chinary Ung.
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Entre as estréias mundiais realizadas por Dick podemos citar Flights of Passage: From Silent Sun to Starry Night, de Claude Baker (apresentada no Alice Tully Hall de Nova York, na Salle Gaveau de Paris e no Purcell Room de Londres) e The Birth of Shiva, uma fantasia para piano solo escrito por Dan Welcher (estréia em Washington D.C). Recentemente, estreou o Quinteto para um outro tempo para piano e quarteto de violões, de Sérgio Molina.
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Na Inglaterra, Dick aperfeiçoou-se com Sir Clifford Curzon, e foi eleito Sócio Honorário da Royal Academy of Music. Em 1994 foi condecorado “Chevalier des Arts et des Lettres” pelo ministro da cultura da França. Recebeu em 2003 o título de “Músico do ano” do estado do Texas, e é também um “International Sterling Patron” da Fraternidade Mu Phi Epsilon.
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Seu incansável compromisso com a educação de jovens músicos levou-o, em 1971, a criar o “International Festival Institute” em Round Top (TX), um dos mais importantes festivais de verão dos Estados Unidos dirigido a cameristas e músicos de orquestra, e que tem sido aclamado internacionalmente pela excelência de seu corpo docente.
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QUATERNAGLIA

O Quaternaglia Guitar Quartet (QGQ) tem sido aclamado como um dos mais importantes quartetos de violões da atualidade, tanto pelo alto nível de seu trabalho camerístico quanto por sua importante contribuição para a ampliação do repertório.
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Em seus quinze anos de atuação, o grupo – formado pelos violonistas brasileiros João Luiz, Fabio Ramazzina, Paola Picherzky e Sidney Molina – vem estabelecendo um cânone de obras originais e arranjos audaciosos, o que inclui a colaboração com compositores brasileiros de diversas gerações, tais como Egberto Gismonti, Paulo Bellinati, Sérgio Molina, Almeida Prado e Paulo Tiné. Sua atuação começou a despertar o interesse da crítica internacional a partir de 1998, após a obtenção do "Ensemble Prize" no “Concurso Internacional de Violão de Havana” (Cuba) e da participação em importantes séries de violão e música de câmara dos Estados Unidos, como Guitarists of the World, Allegro Guitar Series, Chamber Music Sedona, Friends of Music e Round Top Festival Hill.
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O lançamento do CD Forrobodó na Europa pelo selo Carmo/ECM (2000), produzido por Egberto Gismonti, foi o registro pioneiro de um repertório original de grande virtuosismo – quase integralmente dedicado ao próprio quarteto – que tem sido modelo para alguns dos principais ensembles violonísticos da atualidade. Esse trabalho de pesquisa prosseguiu no CD Presença (2004), que traz também a primeira gravação mundial do Quarteto n. 1 de Radamés Gnattali, e no DVD Quaternaglia (2006), gravado ao vivo no Auditório do Itaú Cultural, em São Paulo. Anteriormente, o CD Antique (1996), contendo transcrições de obras renascentistas e barrocas, havia sido finalista do “Prêmio Sharp” na categoria "Música Clássica" e possibilitou ao quarteto receber o “Prêmio Carlos Gomes” da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo como o “melhor grupo de câmara do ano”.
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Segundo os críticos do jornal Los Angeles Times, "o quarteto de violões Quaternaglia foi atraído pela oportunidade de adicionar experiência e tempero a um jovem gênero musical, criando um cânone de fogo" e "uma aura de pureza penetrou o concerto do quarteto de violões Quaternaglia, que preencheu todos os requisitos com serenidade e inteligência em sua estréia na Califórnia".
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Já o crítico do periódico Fort Worth Star Telegram afirmou "os quatro brasileiros tocaram todo o concerto de cor, com integração precisa" e "em concerto que emocionou uma multidão, cada detalhe de interpretação esteve em harmonia". Segundo o Valley Scene Magazine, “a maestria do grupo somente foi igualada pelo seu entusiasmo. Mesmo nos momentos musicais mais complexos, podemos vê-los sorrindo e aproveitando cada momento: a performance foi impecável.
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O álbum de estréia do grupo, lançado em 1995 com a primeira gravação da versão do violonista e luthier Sérgio Abreu para as Bachianas Brasileiras n. 1 de Villa-Lobos, e contendo também a gravação integral da obra para quatro violões do compositor cubano Leo Brouwer, tornou-se um modelo de produção artística e técnica para grande parte dos trabalhos fonográficos do violão clássico brasileiro da segunda metade dos anos 90.
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A proposta ousada e madura do trabalho violonístico-camerístico do Quaternaglia foi imediatamente reconhecida por publicações especializadas, como as revistas Classical Guitar e Les Cahiers de la Guitare.
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Desde a estréia no exterior, no “I Festival Internacional de Violão Abel Carlevaro” (Uruguai, 1996), o grupo tem se apresentado em cidades como Buenos Aires, Caracas, Havana, New York, Los Angeles, Washington, Chicago e em mais de quinze estados brasileiros.
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Também cabe destacar a atuação do Quaternaglia como solista convidado de orquestras no Brasil e nos Estados Unidos. Entre as principais obras de seu repertório de concertos podem ser citadas o Concierto Andaluz, de Joaquín Rodrigo, apresentado como parte das comemorações do centenário de nascimento do compositor no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, O Percurso das Almas Cansadas e Forrobodó, escritas pelos compositores Sérgio Molina e Egberto Gismonti especialmente para a apresentação do Quaternaglia no “I Festival Internacional de Violão de Round Top” (EUA, 2005) e o Concerto Italico, de Leo Brouwer (Cuba), obra estreada no Brasil pelo Quaternaglia em 2004.
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A atividade didática do quarteto também é bastante intensa, e o grupo desenvolve um trabalho acadêmico regular nas cidades brasileiras de São Paulo (SP) e Belém (PA), além de ser convidado periodicamente para ministrar masterclasses e palestras em instituições americanas como Delta State University, University of Arizona, Glendale College, Texas Christian University e California State University, entre outras.
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Na temporada de concertos 2006-2007 o grupo realizou turnês de lançamento do DVD Quaternaglia pelo Brasil e pelos Estados Unidos, onde gravou um novo CD e estreou, ao lado do pianista norte-americano James Dick, o Quinteto para um outro tempo, de Sérgio Molina.
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O crítico Gil French, do American Record Guide, disse: “O Quaternaglia Guitar Quartet foi atordoantemente comunicativo em uma fabulosa versão da ‘Embolada’ de Villa-Lobos, em um comovedor e tranqüilo tema de Egberto Gismonti, no polirrítmico tour de force Baião de Gude, de Paulo Bellinati, e na Sonata Cravo e Canela, de Sérgio Molina. O público exigiu um encore – uma sensacional, clara, lírica e consumadora ‘Fuga’ da mesma Bachianas Brasileiras”.
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Os músicos do Quaternaglia utilizam três violões de seis cordas e um violão de sete cordas especialmente construídos pelo luthier brasileiro Sérgio Abreu.

MARCO PEREIRA

É natural de São Paulo onde fez seus estudos de violão sob a orientação do mestre uruguaio Isaias Sávio no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Viveu na França por cinco anos; recebeu o título de Mestre em Violão pela Université Musicale Internationale de Paris e defendeu tese sobre a música de Heitor Villa-Lobos no Departamento de Musicologia da Universidade de Paris-Sorbonne.

Em Paris, recebeu forte influência jazzística e também de música latino-americana, o que caracteriza, especialmente, o seu trabalho de composição.
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Apresentou-se com grande sucesso no Festival de Jazz de Paris de 1989, o que lhe possibilitou fazer apresentações na Alemanha, França, Suiça, Dinamarca, Canadá e Estados Unidos.
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Na Espanha, obteve dois prêmios em importantes concursos internacionais: Concurso Andrés Segóvia (Palma de Mallorca) e Concurso Francisco Tárrega (Valência).
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De volta ao Brasil, foi a Brasília a convite da UnB (Universidade de Brasília), para criar os cursos de Violão Superior e Harmonia Funcional. Gravou dois discos pelo selo Som da Gente, de São Paulo (Violão Popular Brasileiro Contemporâneo e Círculo das Cordas), trabalhos que o levaram ao Town Hall, de Nova York, em 1988.
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A partir de 1990, já morando no Rio de Janeiro, participou, em quatro oportunidades diferentes, do Free Jazz Festival: numa memorável apresentação do Trio D'Alma, em 1989; com seu trabalho solo, em 1991; ao lado de Wagner Tiso, em 1992 e ao lado de Edu Lobo, em 1996. Gravou com importantes artistas do cenário musical brasileiro, tais como: Zélia Duncan, Edu Lobo, Cássia Eller, Gilberto Gil, Gal Costa, Wagner Tiso, Daniela Mercury, Zizi Possi, Rildo Hora, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Milton Nascimento, Leila Pinheiro, Fátima Guedes, Nelson Gonçalves e Roberto Carlos, entre outros. Recebeu o prêmio Sharp em dois anos consecutivos: em 1993, o de Melhor Arranjador de MPB pelo disco Gal, da cantora Gal Costa e em 1994, na categoria instrumental, o prêmio de Melhor Solista e Melhor Disco Instrumental do ano, pelo trabalho Bons Encontros, em duo com o pianista Cristóvão Bastos.
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Em 1995, lançou três CDs: Dança dos Quatro Ventos pelo selo belga GHA, Elegia pelo selo Channel Classics da Holanda e Brasil Musical pelo selo Tom Brasil de São Paulo. Em 1999, gravou o elogiadíssimo CD de violão solo, Valsas Brasileiras, com um repertório primoroso de modernas valsas populares. Em 2001 lançou o CD Luz das Cordas em duo com o bandolinista Hamilton de Holanda.
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Foi diretor artístico da Série Grandes Encontros, um importante projeto de valorização do músico brasileiro que aconteceu no Teatro Leblon - Rio de Janeiro entre os anos de 1999 e 2002. Tem mantido intensa atividade como solista, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, onde se apresenta freqüentemente.
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Atualmente é professor adjunto no Departamento de Composição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Suas composições estão editadas pela Editora Lemoine de Paris e pela GSP (Guitar Solo Publications – San Francisco, CA – USA. Suas obras para violão têm sido gravadas e tocadas em concerto por grandes intérpretes americanos e europeus.
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Seus mais recentes lançamentos em CD são: Original – CD autoral com composições próprias para violão solo e O samba da minha terra – com composições próprias e novas leituras de clássicos da música brasileira. Em julho de 2006 participou com grande sucesso do Umbria Jazz Festival na Itália onde fez o lançamento do seu CD italiano Stella del Matino gravado para o selo EGEA – Perugia. Em 2007 foi lançado seu primeiro trabalho de violão com orquestra: o CD Camerístico pelo selo carioca Biscoito Fino, o CD Essence pelo selo europeu Kind of Blue e o livro com CD Ritmos Brasileiros, um trabalho de pesquisa dos principais ritmos brasileiros de todas as regiões do Brasil.
***

Três e um, em uma noite suja

droptexto
josémariaLealpaes

Inspirada no fenômeno três travestis e um Ronaldo numa noite suja, é aguardada campanha institucional.

Texto: O ministério da Saúde adverte: dinheiro em excesso provoca misoginia.

***

Ps. Vá ao dicionário, por favor. Afinal, médicos têm dialeto próprio.

Ferreira Gullar

Traduzir-se
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Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo
.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
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Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
.
Traduzir uma parte
na outra parte

- que é um questão
de vida ou morte -
será arte?

***
"Não a vi abraçada.
levada no colo por alguém
desesperado que tentasse
lhe devolver a vida,
que a cobrisse de beijos,
que a regasse de lágrimas.
.
Estava ali deitada,
a criança indefesa,
como um bicho atropelado
com o qual
ninguém sabe o que fazer.
.
Na nossa sociedade,
em que as sombras mais escuras
do nosso lado animal
andam vivas e ativas,
lá ficou,
por um tempo interminável,
caída,
quebrada,
arrebentada, e viva,
a menina quase morta.
S o z i n h a ."

(Lya Luft - Ponto de Vista - Revista Veja)

***