“Mas ainda que se passem cem anos surgirá o momento da identidade entre a poesia e a vida."
(Max Martins)

I
Crucifixo um óvulo de língua
entre a flecha e o ponto de mira.
Remendo uma seda de azedume
(em cópula voraz)
e mergulho no ritual de acasalamento
dos indóceis jasmins.

II
Sou: apêndice e limo de ovário,
libidinagem de puta
quando fisga esperma
e sendo triste equinócio
com esporão em riste
esnobo a cínica sarjeta.

III
Ai! O mormaço
mantido em um receptáculo
(em gozo violento, mas eficiente)
insemina borne de revolta...

IV
Mão armada, até onde?
O mainel provido de sadismo
é a inusitada armadura
que dilacera os velames
das nádegas em flexão...

V
Embora substantivo ingênuo,
o fóssil do acaso em pranto
acudir-me-á como inautêntica
vestudez no abismo.

VI
Argh!
Às vezes me finjo de algum atirador,
apenas para açular nudez
à frágil lição da flecha.
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