sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Momentos inesquecíveis


1- Troféu "Destaque na Imprensa" (das mãos da atriz Mara Mazan)
2- Troféu "Literatura" ( das mãos do Leão Lobo)
3- Troféu "Destaque na Imprensa" (das mãos da atriz Rosa Maria Murtinh0)
4- Homenagem dos alunos do Colégio Universo (das mãos da aluna Izabela Galvão)

Andréa Pinheiro:os olhos que cantam

Para se manter viva seus olhos cantam canções azuis...
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Da alma à voz, da palavra ao corpo de sons:- ela habita o continente
das emoções.
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Não estamos longe de pensar que a Andréa é a abolição do limite da paixão
de cantar:- ela é música visível nos ares da cidade.
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A voz...atapetada de sentimentos.Onde se ouve o grão do amor.
(RF)
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Mara Petty


Vendo-a dançar tango: - o brasileiro gostaria de ser um Gardel da Silva!
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Mara Petty é bailarina profissional.Formou-se no Municipal de São Paulo.Hoje, com 43 anos, dança e faz apresentações de tango. É paulistana.
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Belém > está em seu roteiro de apresentações.
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"...Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura..."
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Poeta Manuel Bandeira

A nossa Simone


Simone é o canto necessário para ressoar poesia.Tem uma relação inseperavável com as canções que canta:- sua voz desenha melodias.
Ouvindo-a > interiozamos as palavras dentro de nossas almas.
Nosso prazer ,- como fãs -, não é só ouví-la, mas nos encantarmos.
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A ponte das palavras


Prezado Ronaldo Franco,

Quem lhe escreve é Francisco Simões. Sou paraense mas vim morar no Rio desde abril/1960. Sou o primogênito de 10 netos do químico industrial, falecido há muitos anos, Francisco de Oliveira Simões, que criou o Guaraná Simões, além da Kola Simões e do Paraty que tinha um sabor inigualável. Meu primeiro trabalho na vida foi como radialista, já aos 17 anos, na então estreante Rádio Marajoara, mas depois também atuei na Rádio Club do Pará, a dos bons tempos.

Escrevo-lhe depois de ter visitado o seu blog a convite do meu amigo, o jornalista que você conhece bem, o José Carneiro. Ele é também meu leitor, e incentivador. Trocamos e-mails contantemente. Li a entrevista que ele lhe concedeu e a achei excelente. Aliás fiquei encantado com o conjunto do seu trabalho prestigiando sempre tanto artistas paraenses como pessoas que se destacam na literatura e tudo o mais. Parabéns, Ronaldo.

Estou hoje com 71 anos, mas sempre ativo, escrevendo e muito. Completei no dia 25 "apenas" 22 anos de aposentado do BB. Comecei na Agência Centro de Belém, em 1957, e quando vim para o Rio trabalhei 28 anos só em Departamentos da Direção Geral do do Banco. Como fui professor, mesmo no BB, posso dizer que quase não me senti um bancário daqueles que atuam nas rotinas das agências. Felizmente.

Fiquei viúvo em 2003 e decidi me mudar definitivamente para este paraíso que é esta cidade linda de Cabo Frio, que em 2000 me honrou com o título de "Cidadão Cabofriense". E olhe que não gosto nada de políticos. Voltei à literatura em 1997. Hoje escrevo crônicas semanais e mensais, conforme o espaço literário que me abriga. Possuo também um razoável arquivo de poesias, algumas premiadas em concursos literários, mas hoje cansei desses certames e dificilmente me inscrevo em algum.

Depois, se o amigo puder, gostaria que desse uma olhada no meu site pessoal em http://www.franciscosimoes.com.br/ Ele é bem simples, pois sempre disse ao meu amigo e webdesigner, além de premiadíssimo poeta, o Fábio Rocha, do Rio de Janeiro, que desejava que a atração maior fossem meus trabalhos, prêmios, homenagens, enfim, tudo menos os enfeites que tornam certos sites mais parecendo árvore de Natal. O José Carneiro me deu ótimas referências a seu respeito, assim como minha irmã Maria Luíza, que atua na Justiça, em Belém. Creio que não nos conhecemos pessoalmente.

Desculpe importuná-lo caro Ronaldo, mas não poderia deixar de cumprimentar um paraense tão ilustre como o amigo que, para além disso, pelo que sei e que vi no blog, é um poeta dos melhores. Conhece o Alberto Cohen, poeta paraense com vários livros publicados? É também meu amigo, leitor assíduo, e mantemos contato permanente. Ele tem poesias magníficas mas entendo que tem sido injustiçado pois merecia um reconhecimento mais amplo. Mas no nosso Brasil é assim, hoje o talento nem sempre faz sucesso, entretanto o vulgar está presente na mídia quase diariamente. Sinal dos lamentáveis tempos que vivemos, amigo.

Vou encerrar pois creio já o ter incomodado bastante.

Um abraço cordial do
Francisco Mário Simões dos Santos.
Escritor, Poeta, Expositor de Arte Fotográfica, ex radialista e aposentado do BB.
(http://www.franciscosimoes.com.br/)
(http://www.riototal.com.br/coojornal/simoes.htm)
(http://www.conexaomaringa.com/)
http://www.germinaliteratura.com.br/francisco_simoes.htm
(http://www.sinal.org.br/colunas.asp)
Homepage em Londres, Inglaterra:
http://email.terra.com.br/cgi-bin/vlink.exe?Id=SgsE5ko2C6Bi9CMFlnm%2Bs9J9bjMtSzHEV%2BTgoBqYjhdGA3zXoBz2Cg%3D%3D&Link=http%3A//www.geocities.com/cantinhodofrancisco

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O pianista

* Robenare Marques

Nasceu em Belém.Iniciou seus estudos em música aos 7 anos de idade e aos 9 ingressou no SAM (Serviços de Atividades Musicais),hoje EMUFPa (Escola de Música da Universidade Federal do Pará), tendo como professora de piano a Professora Lúcia Uchôa.
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Já fez cursos com grandes músicos como Luiz Moraes (Pardal), Tim Rescala (Produtor Musical da Rede Globo), Toninho Horta, Ian Guest, Hermeto Pascoal, Bill Mays (USA), Jeff Gardner.
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Em Curitiba estudou composição e regência.
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Participou do Free Jazz Project's.
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Em 2003 retornou a Belém e assumiu a cadeira de músico pianista da Amazônia Jazz Band/Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz.
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No meio artístico instrumental paraense vêm desenvolvendo trabalhos ao lado dos músicos: Dadadá, Careca Braga, Delcley Machado, João Bererê, Marcos Vinícius (Puff) e Paulinho Assumpção.
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Dividiu o palco com os cantores Eloy Iglesias, Walter Bandeira, Alba Maria, Alexandra Sena, Cacau Novaes,Edelmiro Soares e Yuri Guedelha.
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Efetua trabalhos na área de produção musical :- arranjos e composição de trilhas sonoras para filmes, documentários e peças teatrais.
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Lançou > em 20/03/2004, na Primeira Igreja Batista do Pará, o CD "Sonse Tons" de música instrumental em piano solo.

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Alfredo Reis: O número 1 dos Festivais

* Alfredo Reis com sua filha Nanna (cantora).

A música de Alfredo Reis é de um acentuado sentido regionalista, poucas vezes saindo dessa linha.
Com atuação destacada em dezenas de festivais > tornou-se um vencedor
frequente dessa modalidade de competição.
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Em 74: no Instituto Brasil > primeiro lugar com "Vela Aberta"
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Em 76: Festival da Canção Cepeceana > primeiro lugar com Raízes Morenas.
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Em 79: Festival da Lanchonete Um > venceu com o baião "Paragens"
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II Festival da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará:-primeiro lugar com "Garras Brancas" e o segundo com "Errante".
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Com a canção "Como um solitário boto"no VI Festival da Faculdade de Ciências Agrária(84) >> conquistou o primeiro lugar.
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Dono de uma voz possante, ele mesmo interpreta as suas composições.Em 89 é eleito o melhor intérprete do IV Festival de Música Canta Belém, promovido pelo Sesc, com "Porque Deixar Morrer",de sua autoria.
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Em 94 > conquista o primeiro lugar no III Festival de MP da Secretaria de Cultura.Com a música >"Pororocando".
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Com "Xamegoso", de parceria com Príncipe, alcançou popularidade significativa:"Os caminhos que busquei/Me levaram sempre a ti/Ao luar, luar, luar,luar/Na fragância do jasmim/Um amor tupiniquim/Tem paladar..."
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Nos caminhos da vida, - Alfredo - colecionou amigos, fãs apaixonadas,
belas canções e troféus, muitos troféus....
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* Pesquisa em Ritmos e Cantares de Alfredo Oliveira.
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Governo do Estado lança editais para projetos culturais

.Edilson Moura (Secult).


O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), lança, no próximo dia 28 de fevereiro, no Espaço São José Liberto, às 20 horas, doze editais de Incentivo para o ano de 2008, direcionados aos artistas paraenses e contemplando as mais diversas áreas, como música, teatro, artes plásticas, literatura, audiovisual, fotografia, pesquisa, manifestações tradicionais, entre outras. O lançamento será feito pela governadora Ana Júlia Carepa e pelo secretário de Cultura, Edílson Moura.

A política de editais foi pensada dentro das novas metas de governo, que é promover a integração entre os órgãos estaduais que lidam com cultura.
Além disso, a própria gestão da Secult está ocorrendo de forma integrada, através da criação e reestruturação de sistemas que lidam com aspectos culturais específicos, como o Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIM) e o Sistema Integrado de Teatros (SIT). Todas as medidas buscam a implementação do Plano Estadual de Cultura (PEC).
De acordo com o Secretário Edilson Moura, o Plano detalhará os programas para a área da cultura a serem desenvolvidos como políticas públicas transversais, compreendendo a ação cultural como vetor de desenvolvimento. "A política de editais da Secretaria de Cultura é o resultado de um amplo debate entre artistas de diversos segmentos culturais e o Governo do Estado e se consolida, hoje, como um instrumento indispensável ao incentivo e à circulação da produção cultural paraense. Dessa forma, estamos garantindo a democratização dos recursos públicos investidos, a transparência no seu uso e a divisão equilibrada do orçamento", ressaltou o secretário.

Essa forma de distribuir os recursos e os projetos culturais tem outra característica, talvez a mais importante, que é a regionalização do apoio à cultura, dentro de um processo de construção participativa com os movimentos sociais culturais do Estado, realizado a partir da 1ª Conferência Estadual de Cultura (CEC) e do Planejamento Territorial Participativo (PTP). A 1ª CEC foi precedida de Conferências Intermunicipais e contou com a participação de 107 municípios de todas as regiões do Pará. E o PTP visitou todos os 143 municípios do Estado.
"Foram eventos históricos para o Pará, pois os representantes dos municípios puderam expor e discutir suas necessidades e, a partir dessas demandas, é que serão norteados todos os investimentos em Cultura para os próximos anos", afirmou Edilson. "Assim, o Governo dá oportunidade para a Cultura praticada em todo o Estado, mostrando a rica diversidade cultural dos 143 municípios, sem privilégios apenas à capital paraense".

Serviço:

Lançamento dos editais de incentivo à cultura para 2008. Dia 28 de fevereiro, no Espaço São José Liberto, às 20 horas.

As vozes de Belém


Essas vozes reduplicam (mais ainda) a ternura de Belém...

O inventor de melodias:Antonio Galdino


Antonio Galdino da Silva Fernandes Penna nasceu em Belém a 23/11/1943.Concluiu o segundo grau no Colégio Nazaré e não quis realizar nenhum curso universitário, absorvido pelo interesse musical.Iniciou-se no piano, mas, aos 13 anos de idade, encontrou o violão, que uma tia escondia no guarda-roupa.Descoberto o esconderijo da chave, pegava o instrumento tentando aprender sozinho.Aos 15 anos, compôs um bolero pensando na voz de Cauby Peixoto.Descobriu que gostava de compor mais do que tocar.
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Foi tentar a vida artística no Rio de Janeiro,em 69.Para sobreviver dava aula de violão.Após dois anos regressou a Belém. Em 71 decidiu tentar novamente. Dessa vez permaneceu até 79 na Cidade Maravilhosa.
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Levado por Jane Duboc passou a trabalhar na agência de publicidade Zurana, de propriedade do letrista Paulo Sérgio Vale, que posteriormente colocou versos em algumas de suas melodias.Compunha jingles e tocava violões nas gravações.
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Desde 1983 que Antônio Galdino é professor de violão do Conservatório Carlos Gomes, ajudando a descobrir novos talentos.
As suas harmonias trabalhadas, o lirismo que casa com a melodia, a temática regional que encontra fundo musical adequado, são aspectos que fizeram dele uma das gratas revelações da música paraense.
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Tem parcerias com >João de Jesus Paes Loureiro, José Maria de Vilar Ferreira, José Serra, Sérgio Darwich, Paulo Sérgio Valle, Ronaldo Franco e Alfredo Oliveira.
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A cantora Fafá de Belém decidiu incluir "Pergunte o que quiser", letra e música de Galdino , no seu quarto LP intitulado Estrela Radiante:
"Bem no começo da vida/Há um beijo e um medo danado de amar/Dentro do beijo um sorriso, um engano/Perto do medo um desejo, uma dor, uma lei/E nos olhos fechados/Cada um sonha o que quer ..."
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* Do livro > Ritmo e Cantares de Alfredo Oliveira.
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O olhar de Karol Kaled

Na fotografia de Karol :- vibra um impulso para o querer dizer,
para o poetar, para ser a sua voz.
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Uma voz pelo olhar > em excesso...
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(RF)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A paisagem romântica do Manjar




Convite bissexto


Dia 28 de fevereiro vou lançar o "Bissexto" (uma coletânea de poemas),
quarta -feira, na Cervejaria da Estação das Docas.Não deixe de ir.Quem sabe a gente não estica até o bissexto dia 29, hein ?
Pedro Galvão.

P.S.Às 19 hs,viu ?

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Zé passarinho...


"Que pra subir você desceu
Você desceu."
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Nos noticiários na vida de todo o dia, quantas vezes não assistimos a uma gente que, para subir, desce o nível, pisa, a moral toda enterrada na lama.
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E o mais engraçado é que essas pessoas que "se acham", em geral, não são os chefes, os superiores,mas os intermediários, os "atravessadores", o estafinho, os que, antes que o chefe estique a mão para abrir a porta, já estão com as suas na maçaneta, dando passagem...
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São os reis e as rainhas sem coroas - que interpretam os humores do patrão à revelia do próprio patrão.
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Os verdadeiramente de cima, sei, por experiência, que são - não digo sempre, mas muitas vezes - pessoas cordatas, capazes de receber em sua sala com a mão estendida e um sorriso no rosto.
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Mas o tal estafinho, até para fazer valer o cargo, sua influência junto ao chefe, dizem que este não pode receber, que não está ou está muito ocupado.
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São as pedras do meio do caminho...
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E se há pedra no meio do caminho do Zé,
o Zé se preciso for pode quintanar:- vocês, atravancadores, passarão. Zé passarinho, de mansinho...
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Os reis e rainhas sem coroas, os que assim se acham, erguem muros
em torno de seus chefes, feito aquele muro que o Pink Floyd construiu, tijolo a tijolo, num desenho ilógico, construído com a argamassa do ódio, do ressentimento, do rancor.
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Ah!, esses reis e rainhas mesquinhos...
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(RF)
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O memorialista


Eis o José Queiroz Carneiro, ou o Zé Carneiro.Carneiro para a maioria dos que com ele convive.Jornalista por vocação, professor por profissão.
Memorialista apaixonado: produz textos, artigos, livros e biografias.Está ultimando uma, que já tarda, sobre o Abílio Couceiro. E promete, ainda para este ano, as memórias dos cinemas do interior do Pará.
A História da Folha do Norte e uma releitura da epopéia da Estrada de Ferro de Bragança são trabalhos do Zé.(Que logo logo leremos.)

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RF: Do jornalista e do professor, quem predominou e ficou ?
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Zé: Acho que os dois se mantiveram no mesmo nível. Ambos me obrigaram a aprofundar a pesquisa, a investigação, o conhecimento.Ambos me construíram e devo-lhes tudo o que penso hoje.Considero-me, tanto jornalista quanto professor.
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RF: Qual a sua antologia do jornalismo paraense ?
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Zé: Paulo Maranhão antes e Lúcio Flávio Pinto hoje seriam as bases essenciais de sustentação de qualquer antologia paraense de jornalismo. Quer mais um nome ?
- Mário Faustino.
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RF: O que herdamos dos caboclos cabanos ?
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Zé: A bela história de luta, o que não é pouco. Mas a alma cabana ficou lá para as calendas amazônicas...
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RF: Qual o enderêço miserável de Belém ?
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Zé: Todos os locais onde vislumbramos os menores abandonados. Como diria o Vinicius de Moraes: - "E são crianças, Meu Deus !". Em segundo lugar, os locais onde perambulam os maiores abandonados.
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RF: O que se fareja no Ver-o-Peso ?
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Zé: As imundícies ...no cartão postal da cidade.Pra variar, o lixo da cidade, tanto na coleta quanto no despejo doméstico.
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RF: Qual capítulo de nossa história daria um romance ?
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Zé: Muitos já deram - cabanos, imprensa, líder político, a desfiguração urbana - mas a colonização via estrada de Ferro Bragança bem que merece um .
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RF: Que cena política daria um bom filme ?
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Zé: As "reconciliações" entre adversários históricos poderiam render boas comédias ou bons dramalhões. Os casos são evidentes, recorrentes e frequentes no Pará.
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RF: O que (nessa terrinha) lhe torna entusiasmado ?
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Zé: A produção artística:- música, teatro, cinema, literatura, poesia, tudo com a cor local me entusiasma...sobretudo quando se trata de cinema, -minha paixão mais antiga.
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(José Carneiro é colaborador do Jornal O Liberal)

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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Show Caros Amigos



SHOW CAROS AMIGOS

***
Dia 28 de fevereiro (5a. feira)
20h
Teatro Margarida Schivasappa / Centur
***

Participação dos cantores
Adilson Alcântara, Alba Maria, Lia Sophia, Lucinnha Bastos, Maria Lidia, Nilson Chaves,
Olivar Barreto, Patrícia Rabêlo, Pedrinho Cavalléro
e Walter Bandeira

Participação especial do pianista
Paulo José Campos de Melo

Banda Base:
Adelbert Carneiro (Baixo)
Davi Amorim (Teclado)
Figueiredo Júnior (Guitarra)
Edvaldo Cavalcante (Bateria)
Paulinho Assunção (Percussão)
Esdras de Souza (Flauta/Sax)
Daniel Delatuche (Trompete)


O show Caros Amigos é um show em solidariedade ao cantor
Júlio Freitas, que está em tratamento de saúde
e precisa viajar para São Paulo a fim de dar
prosseguimento ao tratamento.

Roadie: Elias Pinheiro
Direção Musical: Adelbert Carneiro
Direção Artística: João Ramid / Ronaldo Rosa
Produção Musical: Maria Lidia
Produção Executiva: Silvia Hundertmark

Patrocínio
Fundação Tancredo Neves / Instituto de Artes do Pará - IAP
Apoio Cultural
Fundação Amazônica Yoshio Yamada / João Ramid / Sol Informática / Doceria Abelhuda


Participe!!
Divulgue!!


Serviço:
"Caros Amigos" - Show solidário ao cantor Júlio Freitas
Teatro Margarida Schivasappa / Centur
Dia 28 de fevereiro - 5a feira - 20 hs
Informações: 3230-4315 / 3230-4316
Ingressos: R$ 20,00 (estudantes pagam meia-entrada)

Contatos/entrevistas
Maria Lídia (produção e direção):
8105-5458 / 3259-3156.
Júlio Freitas: 8135.6779

Assessoria de ImprensaLuciana Medeiroscel. 91 8134.7719

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Paulo Vieira - Uma boa raiz da poesia.




Paulo Vieira é de São Miguel

do (rio) Guamá, no Pará.

Viveu uma infância amazônico-urbana passada

na periferia da cidade, entre os restos de um floresta perdida : quintal da casa do seu avô.

Paulo e seus anjos verdes nos dão a engenharia da "poesia

autêntica e legítima".


Paulo Vieira "dá-nos o poema ágil, como pedia Oswald de Andrade, o poema saltimbanco e circence, a poesia que brinca consigo mesma e que pensa a existência e o mundo, de maneira discreta e irônica.Não se poderia encontrar melhor combinação para tão novo poeta", escreve Benedito Nunes.


Não se poderia encontrar melhor raiz para a nova poesia paraense!

..


Detalhe

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o desencanto embrutece os lábios

sem saber que o beijo

paira entre

borboletas

.


Passeio no Bosque

..


foste passear no bosque

- as árvores passeiam em tua sombra

.

Sétimo Suicídio

..


Em mim

apunhalei

o último

de mim

.

Poema

...


Ao submeter-me à geografia da noite

aceito meu alqueire de solidão

.

Primeiro Canto

....


Meio-dia:

revivo a voz morta

do galo

e vou para casa

almoçá-lo

.

Água do Ser

...


No mar das palavras

compondo

a canção submarina

de meus dias de chuva

a feiticeira

.


águas

março

mar aço

das pedras

.


decompondo folhangens

ao furor das cheias


em minhas jovens veias de peixe

.


Poeta de estimação

...


Todos os dias

depois da ceia

.


O cão late deita e rola

e me lambe os pés

.


O gato me olha

calmamente

se lambe o focinho

e sai

(pisando em plumas)

.


Apesar de ser o cão meu amigo

é mesmo um poeta esse gato

.

Eu, homem vivíssimo

tenho claras idéias de morte.

Um globo terrestre inteiro por visitar

e mal conheço os tacos da sala

.

O amor estende pontes emprevistas...

.

A cabana

...


cada

manga

uma vésper

.


cada

ramagem

uma nuvem

(verdoenga)

.


e a cidade inteira

foi morar à sombra

daquela mangueira

.


Poema das ruas

...


sabem as ruas:

as cargas do mundo lhes são estorvos


mas

de vez em quando

uma chuva fina refresca suas peles

....


Não me avisaram do teu pouso


Quando te vi no início

- nas linhas do livro -

o sol trabalhava a louça azul esmaltada

os pássaros moravam em teus calcanhares

e voavas.

.


Quando te vi novamente

- no fim do filme -

o musgo trabalhava a lousa fria póstuma

mas teu epitáfio era legível:


A morte tem o peso de um pouso.


...

* Do livro "Infância vegetal ".Prêmio IAP de Literatura.








Roberta Carvalho : Viver é estar em transe.

Roberta
Carva-
lho
é produ-
tora visual.
Vídeos,
foto-
grafias,
design
gráfico
e muitas
outras atividades
fazem parte
de sua produção.
Adora sair pela
cidade a pé e registrar
um pouco de tudo. Workaholic (viciada em trabalho) assumida, não pára um segundo.

É destaque no cenário das artes com obras que refletem a questão da paisagem urbana.

Paraense, de 27 anos, acumula prêmios e muitas parcerias importantes no mundo artístico.

...
RF: Cinema é misturar a farinha no leite, dar forma e esperar esfriar para ver o pão,- como define Paulo César Pereio ?
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Roberta: Não sei se necessariamente nesta ordem.
Cinema é uma arte de paciência, é meio que enrolar o pão mesmo e deixar tufar.Paciência para gerir o tempo, as pessoas, as máquinas, etc.

RF: Se arte é tudo , o nada também pode ser arte ?
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Roberta: ...Hummm...será que arte é tudo ? O nada é coisa nenhuma, é o indefinido.Se o nada tiver vida talvez possa existir arte.(risos)
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RF : Exposição fotográfica é um evento acadêmico ?
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Roberta: A fotografia tem uma relação muito latente com o mundo moderno, é um rito.Basta ver:existe uma casa de família que não tenha uma câmera fotográfica ? Como disse a Susan Sontag,é bem capaz de o ato de se fotografar ser tão comum quanto o ato sexual.(risos)
A questão acadêmica é um pedaço apenas. Agora se uma exposição é um evento acadêmico, isso já é por conta do formato do evento.A câmara fotográfica é uma máquina de produção de sentido, operada por alguém. Não é só porque ela depende de um mecanismo técnico que ela vai ser acadêmica. Ninguém percebe, fazendo uma analogia, mas a língua que falamos também é tecnologia. Ninguém nasce falando, a língua é uma prótese incorporada ao corpo, uma máquina.Engraçado isso: essa separação da poética e técnica como se uma coisa maculasse a outra...
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RF: Para o cinema caboclo, nossos rios são intérpretes envergonhados ?
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Roberta: ...Com toda essa imensidão...
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RF: O que colocaria nossa terra em transe ?
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Roberta: Viver é estar em transe.Aqui, acolá, pra onde for.Transe no sentido de inquietude.A vida em si brotar em uma bola girante é um verdadeiro transe.Alguma coisa acontece...Em outro sentido, as guerras, o congresso, etc. etc, são mesmo de deixar a terra em transe.
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RF: O que faz parte de sua mobília cultural ?
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Roberta: Yi Sang, um coreano surrealista que descobri há sete anos atrás e que desde então venho perseguindo.Kafka, Hesse, Rimbaud. Artaud,um francês que produziu teatro, roteiros de cinema, poesia...Sua obra é um protesto contra essa separação que se faz da cultura e da vida.Como se todas essas coisas que se produz, que convencionalmente chamamos de arte,- não fosse uma forma de exercer a vida, de se afirmar a existência.Isso compreendi com Artaud.A literatura , por exemplo, é meio de vivenciar a realidade, de existir mesmo, de coexistir de outras formas.Gosto de Pierre Lévy, a Santaella, Barthes e Sontag.
Mais próximos estão Acácio e Keila Sobral. O Luiz Braga pela carreira admirável que tem e pelo olhar singular.Neuton Chagas, Flávio Araújo, Daniele Meireles,Márcia Macêdo,Cláudio Assunção...que produzem coisas interessantes e tramam comigo idéias para agitar mais a cidade.
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RF: O que te deixa subitamenete assustada ?
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Roberta: Sinceramente, vez em quando assusto-me com as pessoas. Pela falta de ética e respeito.
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RF: Belém está curada da síndrome de província ?
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Roberta: Todos sabemos que não.Vivemos a aristocracia ainda.(risos)
Mas como diz um amigo: Belém tá virando metrópole.Tem até engarrafamento...(risos) Nossa cidade deve manter suas especificidades,essa mistura de tempos que Belém é.
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RF: O que se fotografa para capturar a alma de Belém ?
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Roberta: Água, muita água. Da chuva,dos rios e do ar.

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Paulo Cal - uma figuraça !


O vagabundo não tem ofício; o professor da noite, para exercer o seu, deve saber se perder.O Paulo Cal exerce a errância que não é vabundagem: flana uma inocência que não é a da criança, pois se
trata de uma inocência sem conclusão : a do boêmio que olha a
cidade com olhos de poeta.
* O Paulo Cal é um pouco Chaplin ou muito Ruy Barata ?
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RF: Quem é Paulo Cal ?
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Paulo: Um vagabundo que não deve a ninguém.
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RF: Como você se define politicamente ?
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Paulo: Eu sou da esquerda, mas uma esquerda anarquista.
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RF: Analisando o passado, onde você jogaria cimento na sua vida ?
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Paulo: Em nenhum lugar.Acho que tudo que fiz foi bem feito.
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RF: Qual seu bar preferido ?
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Paulo: Eu gosto de todos os bares.(risos)
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RF: Qual seria a sua primeira escolha num cardápio amoroso ?
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Paulo: Olha...se eu pudesse ficaria com a Marta Suplicy.Ela é professora no assunto.(risos)
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RF: E para o antepasto ?
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Paulo: Qualquer magricela, uma falsa magra que pesasse em torno de 55 quilos, com 1,65 de altura e que não fosse chata.
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RF:Vamos jogar um ping-pong ?
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Paulo: O saque é seu.
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RF:Um publicitário ?
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Paulo: O poeta Pedro Galvão de Lima.
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RF:Uma ópera ?
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Paulo: A Flauta Mágica, de Mozart.
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RF: Arquitetura...
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Paulo: Sou professor. Deixei de ser arquiteto quando descobri que é um profissão maneirista.Cheguei à conclusão que arquitetuta, corte-costura e frescura são a mesma coisa...
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RF:O Círio...
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Paulo: Não gosto do princípio organizativo da necessidade de dinheiro para fazerem uma coisa que o povo faz com ou sem.Não há necessidade de guarda, diretoria.O que eu gosto do Círio é a espontaneidade.
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RF:Arquitetos...
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Paulo: Derenji, Bibas,Paulo Chaves, Couceiro.E uma porção de gente.
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RF: Finalizando:Quem você deixaria num andaime pobre ?
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Paulo: Os políticos em série > subiriam nesse andaime.
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RF: Mais uma dose ?
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Paulo: Mais outras...
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RF: Garçom, por favor, uma garrafa!
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* O Paulo Cal escreve no caderno Por Aí > do Diário do Pará.
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O Marco do tecno-carimbó

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

Lucinnha do Pará

Linha de luz que acordes guia
Acordas um Pará para cantar
Boca que faz com que toda nota sorria
Luz em linha que afina o emocionar

Luci tez do timbre e da afinação
Lucidez por onde cada tom caminha
Em cada canto da tua voz parece haver um coração
Cada canto de nós canta a tua voz, Lucinnha

Poeta Carlos Correa Santos

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Do tempo que se caía do cavalo branco >> Até a gostosa Juliana Paes.


Como o passado em Proust nasce de uma xícara de chá; essas letras brotaram dentro de um copo de cachaça, no balcão da Casa Sagica (ali, no passado paralelepípedo da Generalíssimo Deodoro).
Continuaram na coalhada do "Sol nasce para todos". E quase dormiram no Cine Poeira...
O texto está molhado de álcool ( do mijo do White Horse). Sujo de cinzas de cigarro ( de um Continental sem filtro). Manchado de gordureba do bife lapiniano. Um bife masculino (argh!),- pelancudo e mal passado.
Com alguma exclamação perdida na praça da Condor ou mastigada com o churrasquinho de gato.
Alguns parágrafos ficaram com as esfirras e moscas, nas guarnições de vidro dos botecos da Presidente Vargas.
As reticências sumiram com as mulheres do Bar do Parque.
Algumas palavras ficaram nuas.No striptease das lembranças do Pagode Chinês.
Nomes de namoradas, (em fotos 3x4 e dedicatórias), que guardávamos na carteira porta-cédulas, foram roubados pela memória minada pela Cuba-Libre.
Bebamos, então, todas as vírgulas do conhaque com o conselho do velho David Brito:- "uma dose dá um tesão dos tempos de saliência com as empregadas domésticas..."
Bebamos o aviso do Paulo Cal:- "o uísque faz mal para a rótula da carteira do funcionário público".
Bebamos "a vodca indica que o tempo está russo",segredo do meu espião orkutiano, o mestre-jornalista Elias Pinto.
Bebamos as patricinhas da Estação das Docas, que esvaziam os bolsos dos turistas,com :- "eu quero um caipirinha com adoçante"..."eu gosto de cerveja sem alcool"..."peça mais um uísque dietético..."(?!?)
Bebamos o amor diet e bem pagas ternuras, democraticamente!
E assim se torna impossível deletar:- os namoros com sorvetes da Santa Marta, os beijos com gosto de sanduíche de mortadela, o barzinho da esquina, a sessão da tarde no Olímpia, o gastar das solas dos sapatos no arraial de Nazaré, a fotografia de todos nós montados nos cavalinhos do carrossel e a dança com o rosto coladinho no laquê.
Não, não posso deletar:- o Corujão, as conversas sem o menor ranço acadêmico, o garçom Waldir, que nos passava a perna com sua matemática, a convivência com pessoas extraordinárias na mesa de bar:
Luiz Paulo Zing, Paulo André Barata, Pedro Abílio do Carmo, Fernando Velasco, Ruy Barata, Edgar Augusto Proença, Bernardino Santos, José Augusto Potiguar, Chembra, Tito Barata, Pedro Santana Marques...
E, hoje, para matar saudades : bebamos a Juliana e todas as suas vogais.
E fiquemos com as consoantes que passaram... (Se é que isso é possível.)

Edgar Augusto - A Enciclopédia da Música Popular Paraense


O filho de Edyr e Celeste Proença,- Edgar Augusto Proença formou-se em Direito pela UFPA.Mas nunca exerceu a profissão.
Locutor, apresentador de programas radiofônicos: - desde os 14 anos na Rádio Clube. Há 34 apresenta diariamente o programa Feira do Som, hoje na Rádio Cultura.Também aparece no Barra Pesada, ao lado do Ronaldo Porto, na TV RBA, às quintas e sextas-feiras.Abre sua agenda cultural no Jornal da RBA e escreve uma coluna musical de terça à domingo no Diário do Pará ( a mais lida da cidade).Considera-se um cara feliz por trabalhar no que gosta, embora admita haver mais idealismo do que sucesso financeiro na profissão que escolheu.
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RF: Qual a melhor maneira de se gastar a vida ?
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Edgar: Fazendo o que se gosta.E insistindo em tentar consegui-lo.
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RF: Noite e bar, há alguma cumplicidade nessas palavras ?
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Edgar: Há.E a cumplicidade acaba gerando um imenso vale de lágrimas. Mas, como dizia o poeta Ruy Barata, melhor encarar este vale do que não se fazer nada.
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RF: Por que o amor começa nu e termina vestido ?
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Edgar: Quando os encantos começam a se perder > é chegada a hora de recuperá-los. O amor tem sempre que ficar nu.
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RF: A música é a possibilidade de encontrar o que passou ?
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Edgar: Há coisas que passam, mas que deveriam ficar para sempre. A música faz com que fiquem.
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RF: Onde você solta seus ímpetos, humores e êxtases ?
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Edgar: Sempre onde estejam as pessoas que admitam meus defeitos e virtudes.
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RF: A República da Conversa é um forma sublimada de se fazer amigos ?
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Edgar: Não há amizades verdadeiras que dispensem a República da Conversa. Como frequentador de bares, sou seu integrante cativo.
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RF: Saudade é uma cobra que morde o rabo do passado ?
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Edgar: Quem não tem saudade é porque não viveu.
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RF: Quais os amigos que ainda dançam samba em suas recordações ?
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Edgar: Edyr Proença, Ruy Barata e David Miguel nunca deixaram de dançar em minhas lembranças.
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RF: E o que se tornou um tango em suas memórias ?
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Edgar: Não cultuo o que possa ter me causado qualquer tipo de mágoa ou tristeza. Nem sei dançar tango...(risos)
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RF: Mostre-me no seu álbum de recordações fotografias de uma Belém inesquecível...
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Edgar: As da Belém onde se podia andar a pé pelas madrugadas, sem o menor receio de violência.
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RF: O que lhe tira do sério ?
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Edgar: Pessoas chorando. Saio do sério ao observá-las.Crianças e velhos principalmente. Sinto vontade de agredir quem possa tê-las magoado.
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RF: Você adotaria a frase: " O calypso é como pegar surf: estoura na praia do povo"...
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Edgar:Não. Acho o calypso um brega metido a besta.Na minha praia não toma banho.
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RF: Na nossa floresta de telhados: quem é mito, lenda, fábula, cantor da planície e o compositor de nossa raça musical ?
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Edgar: Waldemar Henrique, Gentil Puget, Paulo André e Ruy Barata, Nilson Chaves, Walter Bandeira, Edyr Proença e Adalcinda Camarão e João de Jesus Paes Loureiro traduzem tudo isto.
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RF: A "Feira ( passados tantos anos) do Som " não seria o Shopping da Música Paraense ?
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Edgar: Depende do shopping.O da feira eu gostaria que fosse daqueles bem populares, mas que vendesse música honesta.
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RF: Onde seria a calçada da fama em Belém ?
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Edgar: Ainda hoje, creio, em frente ao Bar do Parque na Praça da República.
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RF: A conta bancária credita amizades ?
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Edgar: Infelizmente sim. Mas o pior é quando as pessoas bajulam a turma local do rádio, TV e jornal pensando se tratar de gente rica...(risos)
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RF: O que você não suporta sob seu nariz ?
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Edgar: Qualquer tipo de injustiça ou desigualdade.

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O show do Serginho


Saiba tudo sobre a minissérie:"Queridos amigos"

Clik aqui:http://presite.queridosamigos.globo.com/index.php

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Skema lança CD


Dia 22 de Fevereiro (sexta-feira)às 19 horas.Local:Estação das Docas.

Elias Pinto - Em nome do livro -

Elias Ribeiro Pinto criou fama de boêmio.Merecida, diga-se.Mas tentem convidá-lo para um chope.O homem está sempre escrevendo (sua coluna ,sua página)ou lendo (o livro mais recente).É difícil até mesmo encontrá-lo em casa,um labirinto de livros.A bordo de tanta leitura, é raro vê-lo falando sério, estilo "doutor".Está sempre brincando. Sério é o respeito que sua página de livros, há mais de 11 anos publicada no Diário do Pará, conquistou no Brasil.
É sério.As grandes editoras lhe mandam livros diariamente.Ele é convidado para Bienais, Flips, entrega de prêmios literários nacionais.E conseguimos que ele respondesse seriamente as perguntas a seguir.Quer dizer, nem tão sério -ou esotérico - assim.

RF: Companheiro Elias, e aí, como vai levando a vida ?
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Elias: Se eu fosse o Zeca Pagodinho, obviamente que eu deixaria a vida me levar, bancado pela Brahma, de preferência.Se eu fosse o poeta Mallarmé,diria:La chair est triste, hélas! et j'ai lu tous les livres, que o Mário Faustino nos traduziu como: "Ai de mim, a carne é triste e li todos os livros".Bem, não consegui ler todos os livros da estante aqui ao lado do computador.E se a a carne é deveras triste, também é gostosa.Aliás, no livro A Montanha Mágica Thomas Mann diz que é nas partes mais adiposas da anatomia feminina que costumamos demorar os olhos e onde nossas mãos mais tem gosto em passear. Pena que as mulheres andem magras além da conta.Resumindo: como não sou Pagodinho, Mallarmé nem Thomas Mann, tento viver da melhor forma possível, como um Pinto no lixo que é este mundo.
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RF: Na sua coluna você tem escrito constantemente sobre o poder civilizador do livro, inclusive para fazer frente ao avanço da criminalidade e das drogas entre a juventude.Como é isso ?
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Elias: É verdade.Você aí, leitor do Blog Franco,duvida dessa capacidade civilizadora do livro ? Pois um texto recente, na minha coluna, me referi ao exemplo da Colômbia. Algumas de suas cidades, como Bogotá e Medellín, que estão entre as mais violentas do mundo, se transformaram
em avançados laboratórios de prevenção à criminalidade. A engenharia
por trás dos índices de redução da criminalidade na Colômbia revela uma rede de múltiplas ações que combinam com repressão, além de fatores subjetivos, como elevar a auto-estima das pessoas.
O livro é peça fundamental nesse conjunto de reação ao crime.Exemplo ?
Numa das regiões mais pobres de Medellín estão construindo uma imensa biblioteca para servir tanto de ponto de encontro quanto de leitura. A idéia é que, em cada bairro, o principal centro seja uma biblioteca.
Pode não ser regra , mas pressupõe-se que quem gosta de ler não gosta de matar.
Este é um exemplo que poderia muito bem ser adotado - ou adaptado - nas grandes e violentas cidades brasileiras, como é o caso de Belém.Ou seja, é possível, usando a inteligência , a criatividade, fazer frente a essa avalanche criminosa que encurrala o cidadão paraense. Não essa coisa de abraçar praças e museus, mas de efetivamente planejar e executar - não como fazem os assaltantes ,claro.Ih, cara me empolguei. Mas foi por uma boa causa.

RF: Você > governador o que faria pela cultura do Pará ?
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Elias: Companheiro Ronaldo, eu, governante, não titubearia, não hesitaria em construir escolas e semear bibliotecas, mesmo humildes, mas dignas, bem administradas, nos bairros e nas áridas, extremamente áridas periferias da cidade.
E de criar projetos de socialização em torno desses núcleos de saber.Como na Colômbia, é preciso conjugar policiamento com urbanismo e educação. Sem deixar que a Estação das Docas e o Mangal das Garças definhem, ou que o canto operístico deixe de trinar no Teatro da Paz (mas arquivaria a megalomania do arquiteto-mor), e sem descuidar do centro histórico da cidade, buscando soluções culturais e educativas compatíveis para o Estado.
Bolsa disso, bolsa daquilo, vá lá que seja.Bem delineados, administrados e acompanhados, esses projetos atendem necessidades imediatas.Mas o que precisamos, de verdade, não são projetos populistas, mas projetos dignamente populares.Como dar livro, praça, música, teatro, aprendizado, diversão, urbanização, em vez de cachaça, evangélicos orquestrados, pasta de cocaína e tresoitão.
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RF: E aqui no Brasil, temos bons exemplos de estímulo à leitura ?
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Elias: Pois agora mesmo o projeto Jegue-Livro- que beneficiou, em pouco mais de um ano, 6.500 moradores,entre crianças, jovens e adultos, de 12 comunidades de Alto Alegre do Pindaré, no Maranhão, a 399 kms de São Luís - acaba de receber o prêmio Vivaleitura, maior premiação individual para o incentivo à leitura do Brasil.Isso mesmo, Jegue-Livro.A cada 15 dias, um jegue carrega livros em cestos às comunidades rurais, seguido de jovens, que promovem atividades de incentivo à leitura.
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008



Poeta em estado puro


Carlos Correia Santos é poeta, contista e dramaturgo.Aos 31 nos, já teve roteiro de curta metragem premiado pelo Ministério da Cultura,já foi por 3 vezes consecutivas vencedor do Prêmio Funarte de Dramaturgia (mais importante certame nacional de textos teatrais) e tem ganhado importantes concursos literários dentro e fora do estado.Orgulha-se de receber crtas de jovens fãs gaúchos e afirma que o estudo de violino é um de suas paixões.
ENTREVISTA
RF : Como vai a poesia cabocla ?
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CARLOS : Cada vez mais universal.Cada vez mais na proa do moderno, pronta para navegar pelo mundo.O mundo nada mais é do que um punhado de aldeias caboclas apinhadas de poesia.
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RF : E o teatro ?
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CARLOS :O teatro me pediu em namoro e eu aceitei. Hoje estamos recém casados.Minha peça "Nu Nery", encenada pelo grupo Palha, é uma lua de mel.
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RF: Chovendo no molhado...(rs)Como vc vê o movimento literário no Pará, especialmente em Belém ?
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CARLOS : A cena literária atual anda escrevendo um momento muito interessante. Vários escritores bons, atuantes, talentosos.Gente como a maravilhosa Josette Lassance,como esse grande Ronaldo Franco (risos).Só acho que o escritor atual tem que ter mais consciência sobre a história literária Paraense.Tem que conhecer mais grandes nomes que vieram antes.
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RF: A cidade cresce pela loucura de ser outra cidade ?
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CARLOS : Acho que hoje um pouco menos.Eu sofria ao ver, tempos atrás, o quanto Belém queria ser o Rio ou Bahia.Penso que hoje Belém quer ser Belém.Finalmente.
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RF: Qual é a nossa melhor paisagem humana ?
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CARLOS: Dira Paes, sem dúvida. Além de levar em si mesma nossa paisagem mundo afora, ela é um paraíso de talento, um oásis de simpatia e um remanso de simplicidade.
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RF: Para quem vc daria um sopão de letras ?
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CARLOS : Para quem se entala com um poema, para quem não engole um romance, para quem não se delicia com um conto.
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RF: Quais são as suas músicas de cabeceira ?
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CARLOS: Ah, rapaz,muitas. As feitas com os meus parceiros queridos Nilson Chaves, Lucinnha Bastos e Fábio Reis.Músicas paraenses de raiz.Música francesa.Música para dançar.O riso de minha mãe.
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RF: O que em Belém é uma guerra fútil ?
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CARLOS: A tola negação da identidade que vem da periferia. Nossa identidade está também no Jurunas, no Guamá, na Terra Firme,etc.
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RF: O que seria uma pororoca nas nossas ruas ?
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CARLOS: Passeatas de poetas dizendo poemas ininterruptamente.Dia e noite.
...
RF: Qual seria o seu time de cantoras de primeira divisão ?
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CARLOS: Lucinnha Bastos, Lia Sophia, Simone Almeida, Marisa Brito, e Ani Barbosa,minha irmã.
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RF: Quem vive no "tucupi"?
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CARLOS: Quem acha que é faisão mas nunca vai deixar de ser pato.
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RF: O que herdamos dos rios,do verde?
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CARLOS: Sons, tons, dons.Rumores que estão em nossa fala, em nosso andar, em nosso criar e recriar.
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domingo, 17 de fevereiro de 2008

Lançamento


Veja aqui >> meu poema em vídeo

http://www.orkut.com/FavoriteVideoView.aspx?uid=1898117550096382099&ad=1196381217

Músicos do Pará

O operário da noite:Pedrinho Cavalléro

Escreve Alfredo Oliveira:

"No final da década de 70, e ao longo dos anos 80, foram se multiplicando
os bares com programação de música ao vivo.Nesses locais surgiram os operários da noite, no dizer do poeta Ruy Barata, referindo-se aos cantores que varavam as madrugadas desfiando canções nos tablados.O jovem Pedrinho era um deles".

"Maioridade.Maturidade.21 anos de muito aprendizado.Nesse tempo conheci todo tipo de gente: do super poderoso ao super comum.Encarei todo o tipo de situação: do palco ao bêbado.Fui à luta contribuindo com a cultura da minha terra,cantando a minha história que acabou se confundindo com a história da cidade de Belém", - palavras do pássaro cantador.
...

Pedrinho é uma espécie de capital musical do Pará.
Pará > capital >>Belém do Pedro.

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Poeta Ruy Barata:"fazedor de uma poesia maior"


"Quero crer que minha geração tenha ficado com o Ruy, fazedor de uma poesia maior, mais alta,irmanada à dor universal que não se acomoda mais às margens, porque o rio se faz caudaloso e transbordará cobrindo as referências, as diferenças.
O anjo bêbado, notívago, perdido na escuridão dos labirintos, este é o anjo Ruy Barata que, a exemplo do anjo torto de Drummond, anuncia o perigo nas fronteiras do reconhecimento da espécie humana".
Maria Lúcia Medeiros (no livro Antilogia-RGB Editora)
Canção do Quarenta Anos
Poema, suspende a taça
pelos dias que vivi.
Espelho, diz-me em que jaça
mais fiel me refleti.
Quarenta anos correram
e neles também corri.
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Quarenta anos, quarenta.
Quantos mais ainda virão ?
Morrerei hoje de infarto
ou amanhã de solidão?
Serei pasto da malária ?
Serei a presa do avião ?
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A morte engendra esperança.
A morte sabe fingir.
A morte apaga a lembrança
da morte que vai ferir.
E em cada instante que passa
a morte pode surgir.
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Quem pode medir um homem ?
Quem pode um homem julgar ?
Um homem é terra de sonhos,
sonho é mundo a decifrar.
Naveguei ontem no vento,
hoje cavalgo no mar.
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Hoje sou. Ontem não era.
Amanhã, de quem serei ?
Um homem é sempre segredos.
Por qual deles purgarei?
Dos meus netos, qual o neto
em que me repetirei ?
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Que virtudes foram minhas ?
Que pecados confessar ?
Que territórios de enganos
a meus filhos vou legar ?
A quem passarei meu canto
quando meu canto passar ?
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Ah! Como a vida é ligeira!
Ah! Como o tempo deflui!
Este espelho não mais fala
da criança que já fui.
Das minhas rugas ruindo
apenas um nome rui.
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Quedê rede balançando ?
Quedê peixinhos do mar ?
Quedê figo da figueira
pro passarinho bicar?
E o anel que tu me deste
em que dedo foi parar ?
.
Dezembro chama janeiro
Fevereiro vai chamar ?
Monte-Cristo se me visse
não iria acreditar.
Como está velho, diria
a donzela Dagmar.
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Um homem cresce espalhando
o reino em que foi feliz.
Onde Athos ? Onde Porthos ?
Onde o tímido Aramis ?
Um homem cresce querendo
e cresce quando não quis.
.
Crescer é rima de vida,
mas também é de morrer.
Crescer é terna ferida
que só dói no entardecer.
Em cada raiz da morte
há sempre um verbo crescer.
.
E cresço: macho e poeta
Subo em linha, volto em cor.
Cresço violentamente.
Cresço em rajadas de amor.
Cresço nos filhos crescendo.
Cresço depois que me for.
.
Cresço em tempo e eternidade,
cresço em luta, cresço em dor,
não fiz meu verso castrado
nem me rendo ao opressor.
Cresço no povo crescendo,
cresço depois que me for.
.
E cresço na aurora livre
galopando esse corcel.
Cresço no verso espumando
entre as linhas do papel.
Cresço rubro de esperança
na barba de Don Fidel.
.
Quarenta anos, quarenta
E nem sequer percebi.
Quarenta anos correram
e neles também corri.
E nesses quarenta anos,
oitenta de amor por ti.
.

O beijo é a náusea com fome



Poeta Jossette Lassance

...sua textualidade ganha densidade,caracterizando uma forma singular de ver-sentir-tocar-exprimir o mundo...

Habita em seus versos e prosas a aspereza anunciante de um presente humano com seus vermes-vertigens de seres que buscam em outros o ausente em si.

(Prefácio do seu livro "Galeria dos Maus")

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O beijo é a náusea com fome

a fome é o romper-se

entreposto ao paladar

a rixa da ausência

a morte é a escura trama

da agonia da terra

é o grão pedindo

que a chuva mije

escura dama que protege

enquanto o sol ferve

as rugas do tempo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Revelando o trabalho da fotógrafa Ana Mokarzel




Poetas de Belém

*José Maria de Vilar Ferreira

(*) Renasci de amor primeiro

Remorri de amor depois

Janeiro

atirou sua flecha

acertando capricórnio

e Belém cresceu invicta.

Avulsa paixão

entre desatenta maravilha

e recatado ardor

Prédios

Casarões

Ruas

Articulam outro tempo

encaixado no tempo:

memórias pousadas

no vértice dos séculos

:::

* Jorge Andrade

Por algum tempo

Viveu em Belém

( o sol

já era signo

diário)

o capim

alongava-se

do quintal à rua

e o saguão escondia

os gafanhotos

a chuva

datada

dava o tom sem sofisma da música

o ritmo úmido da vida

e as mangas

espiavam

de seu verdor

a fome

que se instalava

em cachos

sob a sombra

das mangueiras

:::

*João de Jesus Paes Loureiro

Sobrados

so brados

sobra dos

Sossobrados

:::

* Antônio Juraci Siqueira

Mangueira

Enquanto o vento balança

Tua rama, satisfeito,

Sinto o verde da esperança

desabrochar no meu peito

:::

* José Ildone

Se mandassem pesar

o peso que a vida tem,

eu passaria minha vida

a ver o peso em Belém

:::

*Eneida

Sempre

desejaram

ser bailarinas

as nossas

mangueiras(...)

*Edyr Proença e Adalcinda Camarão

Belém, minha terra,

meu pão,

minha casa,

meu sol de janeiro a janeiro a suar!

(...) Só quero uma esteira na terra e o ruído

da enchente de ouro do rio Guajará(...)

:::

* Age de Carvalho

(...)Santa Maria do Grão Pará,

eu te esquecerei na Praça da República,

longe do Forte e dos canhões,

sem teus ingleses dos alfarrábios da Biblioteca Pública,

perto dos Correios do funcionário,

na esquina da Riachuelo,

na 1o.de Março,

na zona.

:::

*Max Martins

A canoa traz o homem

a canoa traz o peixe

a canoa tem um nome

no mercado deixa o peixe

no mercado encontra a fome

a balança pesa o peixe

a balança pesa o homem

a balança pesa a fome

a balança vende o homem

vende o nome

vende o peso

peso de ferro

-homem de barro

vende o peixe

vende a fome

vende e come

a fome

vem de longe

nas canoas

ver o peso

come o peixe

o peixe come

o homem ?

pese o peixe

pese o homem

o peixe é preso

o homem está preso

presa da fome

ver o peixe

ver o homem

vera morte

vero peso.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


"Cidade Velha" (Livro lançado pela editora RGB)
Escreve Amarílis Tupiassu:
O poema de RF narra, num tecido de sons fragmentários, numa montagem, remotagem de quadros, de ecos, na fusão de tempos, uma longa história de triunfo e desastres,uma longa história de lutas escarniçadas, de embates ainda não finalizados.
Assim é que as tramas, as teias do poema se aderem a esses relatos:imaginosamente, em escrita ágil, que instiga, inquieta,compraz.
...Daí que as sonoridades mais correntes no poema inteiro ressoem a interrogações e exclamações , indício do pasmo e do não-saber , da impossibilidade de saber...
...O poema então é um intento ao retorno, a fala de desalento quando a aventura se lança aos trajetos da retrospecção, às idades lá atrás, às idades cuja densidade é vedada aos pósteros, ainda que se incite uma enorme curiosidade...
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Aqui > alguns versos:
Quantos botões de Paris
para abotoar pecados ?
Quantos novelos de linha
para costurar mentiras ?
.
Os bolsos de linho
trouxeram a sífilis
Enfiaram caravelas
esconderam gonorréias
sob os vestidos de chita
E das batinas pingaram aflições...
.
Quantos moleques amarronzados
saíram
do ventre do saco da farinha
mediram-se
em balcões de quitanda
cresceram
os bigodes por detrás dos leques
envelheceram
os chinelos gastando varandas ?
.
Mulheres nas janelas:
bibelôs de carne
fêmeas debruçadas
em tardes compridas
.
Que olhos vigiaram as virgens?
(se as sombras
eram convertidas
em mulher ...)
.
Quantas caligrafias
incendiadas
e nomes à cinza ?
Onde o fósforo
do amanhã ?
No fogo
dos fundos das redes ?
Rede sem pátria mãe
Rede sem pátria filha
- Berço ao vento -
Rede mortalha
na vertigem
do "Brigue Palhaço"
- Tálamo -
em noite de cio
do corpo com a dor
do sangue com o rio
.
Quantas aldeias
e arcos
deslembrados no pó ?
.
Quantas flechas
sopraram
lamparinas e cabanas ?
.
Quantas sombras
tremeram
no ribombar dos canhões
.
Quantas noites
acenderam
claro medo ?
.
De qual rio
suspenso
somos vítimas ?
.
Quanta água para ser pátria d'água ?
.
Quantos segredos
abriram
goteiras nas línguas ?
.
Quantas chuvas
íntimas
no bordel das conversas ?
....
Ó tempo
por cima
das árvores
Invisível como vento
movimenta as folhas da carne
e sobe em resma de sexo.
.
Quantos amarronzados
fingiram-se de brancos ?
.
Quantos assumem o pardo
desde Castelo Branco ?
.
Quantos pardos
quando tipóias
juntaram os ossos do amor ?
.
De quantos bichos
os morenos vestiram-se
para serem humanamente despidos ?
.
Por quantas coxas
a serpente negra passou ?
.
Qual era a louça de porcelana
que subia a família
na cristaleira ?
.
Por que o pestiqueiro
fechava-se
com vergonha ?
..
Quanto à Cabanagem
foram os lusos
ou os cafusos
em confusão nos espelhos ?
...
Semanas santas
sossegavam feridos encontros
O amor gritava
3 mil horas de agonia
Cristos mortos
eram escoltados
por tristeza mortal
Sobre nossas cabeças
qual século crucificado ?
...
Que calvário
estreitou
as ruas do sol ?
...
Em que (a)Deus
as mães pregaram os filhos
e os pais cruzaram os braços ?
...
Quais gavetas
entulhavam ausências
e traições de alfazema ?
...

Versos de Ronaldo Franco

Fragmentos de poemas de Ronaldo Franco

*Teus olhos
plantam interrogações
em minha boca

Colhes o meu silêncio
com a tua língua

Que tem a ver o beijo
com o jardim
das palavras ?
...

*Teus pés
começo da minha árvore:
não só de frutos
também de dobras
de sombras
de sobras de nós

...

*O homem
longe das fraldas
do seu reino-menino...

O homem
sem o hábito do pipo...

Podes vê-lo
conversando
com os teus segredos
...

*Sempre que a vejo
tudo é uma confusão
de braços e pernas

Ontem hoje amanhã
é uma mistura de vésperas
- do sim e do não -

E horas
que se desentendem
com a noite e o dia
...

*Longe de nós
o diabo da distância!

Somos anjos
na prisão encantada
e perpétua do amor

...

*Ela
move-se na caligrafia do poeta
com todas as letras do seu corpo

Goza sob respostas
Quebra as tardes do tédio
Engessa noites de luar

Sem a minúscula preocupação
do que se passa lá fora
...

*Essa mulher
é a sucessão de esperas

Como borboleta
ilha estrela lua

Como uma canção de outras lembradas
Com uma rua de outras desviadas
...

*Suas pernas me chamam
com urgência
Como se longe
fosse apenas uma pedra
Como se perto
fosse apenas uma porta fechada

...

*Adoro a sacanagem
dos verbos repetidos
o sexo dos adjetivos
os substantivos na tua respiração
E todos erros gramaticais
de nossa cama
...

*E toda lágrima derramada
bebamos com sede
com a concha de nossas mãos

...

*Sob o poeta
tu finges ser uma poesia
para que eu sinta
em cada sílaba do teu umbigo
a linguagem da ternura

...

Que prisão tem a tua paixão
que quando dá uma folga
continuo dentro dela?


...