Domingo (...) Aqui decerto guardam-se guardados
sem forma, sem sentido. E quarto feito
pensadamente para me intrigar.
O que nele se põe assume outra matéria
e nunca mais regressa ao que era antes.
Eu mesmo, se transponho
o umbral enigmático,
fico outro ser, de mim desconhecido.
.
Sou coisa inanimada, bicho preso
em jaula de esquecer, que se afastou
de movimento e fome.
.
O quarto escuro em mim habita. Sou
o quarto escuro. Sem lucarna.
Sem óculo. Os antigos
condenam-me a esta forma de castigo.
.
*Drummond
***
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