sexta-feira, 19 de março de 2010

"Romper-se, fragmentar-se, desmoronar-se numa unção castradora e ressurgir, renascer igual ao de outrora, novamente o mesmo,dentro de uma humanidade quase pitoresca por ser universal em sua essência enigmática: isto é o que leio nessa coletânea de Digliane Melo Almeida.
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São histórias de "parto" e "porto"; de desterro e de reencontro; de preenchimento e vazio, e talvez por isso o título do livro seja feito da antítese do chão duro e amargo das dores humanas.
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O piso do texto desta querida escritora é um caminho de grãos que desvedam machucados. Por outro lado, me pareceu que cada personagem das narrativas segurou imenso fardo que, ao final, transmuda-se em longínquas estradas de pesos de isopor.
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O doce da vida é então aquilo que se mostra no auge do cansaço: algum riso doido de esperança e conformismo nos quase heróicos personagens.
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Talvez algum outro retrato da realidade mais sistemática e fria se pinte por ali e acolá, como por exemplo, a exposição da pobreza, mas o que há de ser ressaltado é uma tentativa valente de alinhavar pedaços comuns da alma humana, ou colá-los, à complexa simplicidade dos que são abruptamente "invisíveis"em nossa sociedade.
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Isto faz parte da humanidade com que a autora acostuma-se a escrever, atentem.
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É justamente este conjunto enigmático e febril que fascinará o leitor, prendendo-o nas narrativas dilacerantes e ocultamente risonhas e, por vezes, causando-lhe certo desconforto frente à lente clara e gigante da exposição da humanidade em seu sentido lato."
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Freddie Toledo
*Amigo pessoal da escritora, apenas

A jovem Digliane Melo Almeida (foto) graduou-se em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa, pela Universidade da Amazônia e atualmente é servidora pública. Começou a escrever contos em 2007 ao participar do Festival de Arte da Assembléia Legislativa, no qual obteve terceiro lugar nesta categoria. Em 2008, no referido festival, obteve o primeiro lugar.
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A autora foi vencedora do Prêmio Barão de Guajará - Gênero Monografia, no ano de 2006, em um concurso promovido pela Academia Paraense de Letras, com o livro " A Poética Marginal de Cazuza: Em busca de uma Ideologia", editado pela Imprensa Oficial do Estado do Pará com a tiragem de mil exemplares.
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