Fotos: A feira do bairro da Pedreira em BelémMadrugada: desembarcam jornais na banca do “Mosqueiro”.
O dia e as notícias amanhecem.
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Homens e mulheres comuns inauguram a praia do dia comum.
Os feirantes são marés nas margens da rua.
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O povo surfa sobre rádios, panelas, facas, roupas, pregos, óculos, farinha, bandeiras, peixes, carnes, frutas...
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A pororoca da sobrevivência arrasta trabalho e cansaço.
E como há cansaços no cansaço...
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Rostos na chuva. Caras sob o sol. O tempo é fabril.
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Comoventes são os ombros dos feirantes, sob o peso de tábuas, das sacas de farinha, edificando mínimas barracas.
São peixes velozes no rio de cimento.
A vida navega.
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(E todo o meu respeito se insere em gramas de palavras, em quilos de admiração)
O feirante não é dobrado pelo trabalho.
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O suor desce pelas axilas, ensopa-lhe o riso que seu peito ofegante elabora: é o efeito colateral da alegria de ser útil.
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Emociona-me os cuidados com as frutas e a claridade dos legumes. O convívio das maçãs com as mangas. E uma mulher arrumando o verde das alfaces como se fosse uma toalha de esperança.
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O abcedário dos sabores aprende-se com os gritos de venda.
A Pedreira ensina trabalho!
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4 comentários:
Chegeui já logo vi Clarice Lispector, eu sou fã numero um dela, e agora sou sou fã ja estou seguindo!
venha me visitar quando puder em meu cantinho da harmonia.
Com carinho
Hana
Meu poeta: A velha Pedreira, do samba e do amor, já merecia um poema rejuvenescedor como o seu. Bela homenagem a um belo bairro.
Parabéns pela criação e meu abraço amigo.
Seus textos fazem uma Pedreira humana e linda.
Lívia Pessoa
Seus textos fazem uma Pedreira humana e linda.
Lívia Pessoa.
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