sábado, 9 de janeiro de 2010

Poemas de Jorge Nelson dos Prazeres Campos
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Ânsia
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Na lonjura do teu corpo
de ancas âncoras perfumadas
navego seco num secreto rio
meandroso de desejos.
E na ânsia notívaga
do teu amor jusante
deparo-me, deploro-me
com a oca parede do espaço,
pororoca implacável
que impede meu navio
de nervos de fogo
invandir teu magnético
delta de pêlos acanalantes,
voluptuosa forma,
do teu sinuoso litoral.
**
Poema de ilha
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O horizonte visto do pontal
é faca de ponta que
rasga a humanidade
e fere o infinito
em sua forquilha de céu e água,
real e desconhecida,
baladeira dos seres vagantes
as praias emudecidas,
em seu destino fluvial.
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O barco sonha com o peixe.
O homem nasce no barco.
O sonho da pedra é ser areia.
O profeta aponta o cardume.

O carma do homem é ser peixe,
dividido ao meio da faca
do horizonte da ilha que existe
em nós.
.
***

4 comentários:

Luciana Persi disse...

Teu blog é demais!!!!!

Anônimo disse...

Grande Ronaldo,
Nesses dois anos, tua nave tem atravessado as fronteiras parauaras e tupininquis, levando a reboque nossa cultura literária,musical,teatral, todas as artes possíveis e imagináveis. Superaste as outras mídias, que muito pouco promovem e divulgam esses esquecidos batalhadores da terrinha.
Prossegue, sempre com bom ânimo.
Abraços,
Jorge Campos

Andréa Maroja Simões disse...

Com imensa tristeza li hoje nota no Jornal Liberal, informando falecimento do poeta Jorge Campos. Infelizmente nossa cultura paruara e tupininquim não reconhece talentos com o de Jorge. Foi quietinho, silencioso, depois de uma vida de tantas inquietudes.

Luana Campos disse...

Sem dúvida, meu pai foi um grande homem, além de sua estrutura física que não me deixa mentir, mas pela imensidão de sentimentos que ele fazia questão de externar, nas suas poesias, nas suas composições e pinturas. Um amor de pai, um marido companheiro, amigo "ácido", mas gostava do seu jeito. A dor da partida é indescritível, vê-lo e não poder fazer nada é a dor mais insuportável que uma filha pode presenciar. Trocaria sem pestanejar, todo aquele sofrimento. Mas não vim para lamentar o que houve e sim levantar as mãos aos céus pelo grande presente que Deus me deu, de ter um grande pai como o Poeta Jorge Campos - para os amigos, meu urso, meu amor, meu PAIJÃO! Eu te amo, meu amorzinho, vai em paz e cuide de nós!
Um beijo, Luana Campos