sábado, 19 de junho de 2010

Num tempo de descobertas,
espaço para a experimentação
Assumir uma preferência sexual, na maioria dos casos, exige abrir mão
de outra e, nesse processo, é comum os adolescentes testarem possibilidades.
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Essas experiências, é claro, não se dão apenas na fantasia mas também de forma bem concreta - com beijos, manipulação mútua ou relações sexuais.
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E muitas vezes isso se manifesta ainda na forma de ciúme ou agressividade em relação aos amigos e amigas.
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"Tudo isso faz parte do desenvolvimento da sexualidade e deve ser encarado com normalidade. O que não podemos fazer é repassar preconceitos e tabus para os jovens, pois é sabido que isso prejudica seu desenvolvimento emocional", afirma o psicanalista Tiago Corbisier Matheus.
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Ele faz um alerta, porém, para uma "moda" atual: meninos e meninas que gostam de beijar meninos e meninas nas escolas, nos shoppings, em festas etc.
"Nesse caso, é importante perceber se o jovem está experimentando por necessidade própria ou se o faz apenas para satisfazer às expectativas do grupo",ressalta.
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Outra situação comum e que também merece cuidado e a de adolescentes que adoram a promiscuidade como uma forma de evitar o envolvimento emocional."É o caso da jovem que beija vários meninos e meninas, mas nunca se permite uma relação de intimidade com um deles. Se isso persiste, o desenvolvimento da sexualidade também pode ser prejudicado", afirma Matheus.
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Estereótipos e expectativas
na questão de gêneros
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Além do desafio de encarar as mudanças corporais e a avalanche de desejos e novas experiências, construir-se e posicionar-se sexualmente como homem e mulher é um desafio e tanto na adolescência.
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Principalmente porque a sexualidade não é constituída apenas de determinantes biológicos, mas por um complexo de marcas culturais, sociais e econômicas.
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O adolescente aprende com o meio o que é esperado dele na relação com o outro.
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Como meninos e meninas estão formando a própria identidade, é essencial eles confrontarem as ideias que têm sobre o comportamento de homem e de mulher ( o que inclui, em muitos casos, contestar até modelo dos pais, geralmente considerado perfeito durante a infãncia).
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Freud escreveu que é essa nova significação de papéis, com a adoção de outros modelos de identificação fora da família, que consolida a sexualidade de cada um.
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Na vida real, isso pode provocar grande ansiedade, pois novas referências podem se chocar com os antigos e criar contradições difíceis.
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Éa luta entre o que o adolescente quer ser (como homem e mulher), a autoridade que ele efetivamente dispõe para se tornar isso (já que ainda não é totalmente independente) e o que se espera que ele seja (na família e na comunidade).
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Daí a importância de a escola ensinar a questionar os estereótipos atribuídos ao comportamento sexual masculino e feminino.
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Por isso, de nada adianta apenas defender que é essencial usar camisinha - mas deixar que os alunos falem mal das meninas que andam com preservativos.
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Da mesma forma, não vale só mencionar a ejaculação precoce - e se esquecer de abordar a cobrança que pesa sobre os homens, que precisam "provar" sua virilidade.
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"Despejar informações sobre sexo seguro é pouco para conscientizar os jovens e garantir que terão uma vida sexual saudável. Pesquisam mostram que eles sabem que têm de usar camisinha, mas não a usam. Daí a necessidade de conversar, de fazê-los pensar" diz Mônica Mais, especialista em Educação Sexual.
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Enfim falar sobre sexualidade exige exercitar a tolerância, o acolhimento ao outro e o olhar para si mesmo.
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Como disse o educador Paulo Freire (1921-1997):
"A sexualidade, enquanto possibilidade e caminho de alongamento de nós mesmos, de produção de vida e existência, de gozo e boniteza, exige busca de saber de nosso corpo. Não podemos viver autenticamente, no mundo e com o mundo, se nos fechamos medrosos e hipócritas aos mistérios de nosso corpo ou se os tratamos cínica e irresponsavelmente.
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7 comentários:

Anônimo disse...

Bacana a matéria poeta.

Neilce disse...

Bastante interessante este texto de seu blog que trata da sexualidade dos adolescentes. A sociedade brasileira avançou em muitos aspectos, porém no que se refere á discussão sobre sexualidade ainda há mto a ser feito, pois poucas são as famílias que colocam na mesa das conversas diárias a sexualidade dos filhos (as)/para com os filhos(as). A escola, então, é um baú fechado;´qto aos governos, tanto no âmbito municipal, estadual e federal, a omissão é total. Não há políticas públicas de esclarecimentos e prevenção referente à sexualidade dos adolescentes; se há são tão insignificantes, qto desconhecidas. O resultado? Um número cada vez mais crescente de adolescentes grávidas; bem como de adolescentes (meninos e meninas) contaminadas por doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids. É de se lamentar.
Um forte abraço poeta!!!

Anônimo disse...

Tema excelente para debate, amigo.

Keila Dias.

Anônimo disse...

Fantástico meu Mano Poeta, já indiquei para minha filhas Vanessa e Vitória.

Beijos

Valdo

Lígia Saavedra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lígia Saavedra disse...

Amigo, acho mesmo é que estamos revivendo"os últimos dias de Pompéia".
Tenho amigos que permitem que a filha de 13 anos viaje só com o namorado para Algodoal para passar feriados e fins de semana por que são modernos.
Enfim...

Bjs

Unknown disse...

Vou utilizar o texto para intertualizar a nova com os alunos aqui do Martins Vianna.
Grata,
Rachel Chaves - Coordenadora Pedagógica