terça-feira, 7 de abril de 2009

A cidade


Ah, que saudades de ver roupas na grama!
Já não,
já não que a lira tenho desatinada
e a voz enrouquecida
e não do canto
mas de ver que venho
falar de uma cidade endurecida,
falar de uma cidade poluída
falar de uma cidade
onde a vida é
cada dia menos do que a vida:
asfalto asfalto asfalto
e mais assalto...
.
(Ferreira Gullar)

5 comentários:

Compondo o olhar ... disse...

muito interessante este texto... infelizmente é a nossa realidade!!!

bjocas

Mar Arável disse...

Na verdade relativa de todas

as coisas

a cidade não está fácil

nem a vida

Elvira Carvalho disse...

Vim desejar-lhe uma Páscoa Feliz, com muita Luz e muito Amor que irradiem por todos os dias da sua vida.
Um abraço

Lulih Rojanski disse...

Vim olhar pras suas letras, pra cidade de Ferreira Gullar, pra você. Abraço.

jac rizzo disse...

Poeta Ron (carinhosamente)!

Gosto de Ferreira Gullar, nosso
ilustre maranhense, desde os tempos
em que viveu em Buenos Aires e escrevia para o Pasquim. Viveu longos anos fora de seu país, expulso pelo regime militar.

Que ameaça oferece um poeta?
As únicas armas de um poeta
são os versos.

Sua poesia tem uma força imensa!!
Tenho alguns de seus livros mais significativos. E ainda o observo,
às vezes, a caminhar pela ruas deste
Rio de Janeiro que ele tanto ama!

E se você me permite, nesta manhã
meio nublada e quieta, deixo aqui
palavras belas que ele escreveu.
Grande abraço, meu amigo!

"Aqui me tenho
como não me conheço
nem me quis

sem começo
nem fim

aqui me tenho
sem mim

nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
transparente."