sexta-feira, 24 de abril de 2009

miniartigo do jornalista José Maria Leal Paes



Íntimo, úmido e abestalhado

O estado brasileiro é uma vasta rede de corrupção. Uma vasta rede de delitos, portanto. Não há instituição a salvo da lama. Um ou outro integrante dessa monumental quadrilha, concursado ou não, se salva pela honradez.
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Onde, porém, está solarmente exposto esse homem?
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O decente se encolhe enquanto a patifaria se expande. O prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral no território do poder cheio de arrogância, soberba, pose e podridão.
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É impossível crer que o estado seja a expressão da sociedade brasileira. Se admitirmos que é, declaremos, de vez, com ou sem náusea, que o crime nos satisfaz, que o canalha nos compraz.
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Na sucessão de delitos diários - [ indiferentes a um Judiciário que se degrada ante as câmeras, ao vivo, em cores, em rede nacional ] - que nos afrontam, a farra das passagens aéreas do Senado e da Câmara guarda dimensão bicameral, também: as câmaras do prazer e do cinismo desses senhores com mandato.
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Nelas, câmaras, se escreve a história do grande otário: o povo que os elege. Os fatos sugerem a existência de um nexo sexual entre as mesas diretoras (de Câmara e Senado) e as camas (das mulheres, namoradas e amantes). Nesse prostíbulo, o contribuinte comparece como o lencinho íntimo, úmido e abestalhado.
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3 comentários:

Adina De oliveira disse...

De fato, "não há instituição a salvo da lama"...
Quem nos dera um coração contrito ao ponto de cada uma de nossa existência fazer diferença em prol de nossa nação... escrevo isto pq tb questiono qual minha parcela de culpa no meio de toda esta sujeira?
Quem nos dera estar sob este ensinamento bíblico:
"FELIZ É A NAÇÃO, CUJO DEUS É O SENHOR"

Anônimo disse...

Esse cara escreve verdades.Escreve bem.Valeu.

Téo.

jac rizzo disse...

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