sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O poeta Vicente Franz Cecim

* Essa palavra-sombra como os homens têm sua sombra.

* Ouçam: a árvore que canta cinzas
Ouçam: ela sabe dos fins

Naquela árvore cantavam
as folhas
e o vento que nos dará a um invisível outro vento

Mas agora o vento pára. As folhas na árvore calam.

* Então, os frutos na árvore , enegrecendo, enegreciam
E ela, por suas raízes presas na terra, ia odiando
os céus humanos

A impaciente árvore. E agora ela dizendo:
- Ouçam as histórias da terra, esqueçam os céus
- Ouçam, ouçam: as raízes humanas

* Nanoitenegra

Céusemsol

É isso também a vida ?
E elas, luzluzindo. As estrelas ? Ondes ?

É lá onde ela a vasta vai luzfugindo na distãocia.
Longes.

Agora, vai amanhedescendo tudo pela linha do
horizonte.

* Que frutos caídos ainda dará o humano, ah

Para onde foi a paz dos sonos sem sonhos ?


*
Cobertor feito de ervas

O animal do frio
dormiu três noites em meus ossos

A vida não é guardar as pedras do caminho
nos olhos

não deve ficar a paisagem ultrapassada

Os passos não sabem de nada
A próxima será a última

e ninguém sabe onde está.


** Do livro: O SERDESPANTO

2 comentários:

Anônimo disse...

Vicente é o poeta para mil talheres.
Para a fome de poesia.

Eduardo Vieira

itamar disse...

Vicente Cecim, uma cara enigmático ou transparente demais?
O conheci na adolescência e ainda hoje mantenho contato com ele.
nunca o entendi direito.
Não li suas obras.
vou ler e talvez consiga entende-lo agora.