sábado, 19 de setembro de 2009

O tempo vestiu o destino da mulher



O tempo do piano, bordado e dote prepararam o destino da mulher.
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Ah, o piano...Casa que se prezasse ostentava, em lugar de destaque, um vasto piano de cauda, importado da França ou da Alemanha: Bechstein, Pleyel, Steiway, Gérard.
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E quase todas, quando casavam , traziam o piano como parte do imobiliário da casa.
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As que aprendiam só para mostrar que eram "prestimosas" deixavam a música no primeiro mês de gravidez, e o piano era vendido "para auxiliar o parto".
As que não casavam continuavam a tocar com a janela aberta, na esperança de que se interessasse pela música um espírito de artista que passasse pela calçada. (Historiador Jorge Americano)

As roupas pesadas e desconfortáveis exibiam a beleza e o refinamento da mulher .
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(Os vestidos eram guarnecidos de galões de veludo...)
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O estilo de vida da mulher brasileira era exageradamente francês.







Na Constituinete de 1934, a participação feminina se acentua.
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Vários artigos da Constituição de 1934 viriam beneficiar a mulher, reafirmando a regulamentação do trabalho feminino dos Decretos-Leis de 17 de maio de 1932.
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Estabelece-se que "sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor corresponde salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 horas da manhã; é proibido o trabalho à mulher grávida durante um período de 4 semanas antes do parto e 4 semanas depois; é proibido despedir a mulher grávida pelo simples fato da gravidez.
Nas fotos:Vestidos usados de 1934 a 1941
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A moda, como a política, procura novos rumos.
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"As mudanças de estilo obedecem a uma necessidade de variar a forma feminina, a fim de exibir, em momentos diversos, diferentes partes do corpo, e , assim, aumentar o poder
de atração sobre o sexo oposto"
(Mirian Moreira Leite > historiadora).
Ousados decotes desnudam as costas femininas.
Mas, nas ruas, as mulheres se contentam apenas
com eliminar a gola.
O estilo exige um corpo frágil, delicado e esguio.
Os atributos da nova mulher decretam
a redução dos seios e dos quadris, e os esforços na ginástica ajudam o "belo sexo" a adquirir a
silhueta da moda.


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A maquilagem se acentua: pó-de-arroz, rouge e batom.
O resultado dessa mudança, foi a necessidade que a mulher sentiu de uma educação mais completa.
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Os padrões morais transformaram-se rapidamente.
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Foi num espaço relativamente curto que a nudez tomou conta das praias.Essa nudez era proporcionada por maillots mais
ousados, que mostravam os ombros e as coxas.

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Os hábitos de vida norte-americanos e europeus penetravam no país, via Hollywood, provocando mudanças nas concepções de vida das classes médias e abastadas.
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Os filmes americanos exibiam homens e mulheres incomparavelemente belos, vestidos por figunistas sofisticadíssimos
e levando uma vida fascinante.
Não podiam deixar de encantar as brasileiras, algumas das quais já começavam a se sentir independentes dirigindo seus próprios
automóveis.
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Em 1960 os vestidos
acinturados foram para o fundo do baú.
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Chegaram os vestidos chemisiers, com saias retas ou evasées,
decotes ousados e uma
écharpe no pescoço.
Desde então, a tendência de roupas com linhas alongadas não parou mais.

Os
tubinhos
substituiram babados e enfeites por franjas, espirais e correntes douradas.

A liberação atingia a praia e, em 1963, as moças desfilavam, pela primeira vez , com maiô duas peças.
Ainda não era o biquíni, mas já provocava escândalos
e desaprovação das famílias.
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Nas fotos:
1.Vestido Chanel (1960)
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2. Modelo francês com grandes estampas florais.Com saia balão, terminando
em tubinho.
3. Em meados dos anos 60, começa
a se disseminar a moda unissex.

A novidade veio de Londres,
centro do English Look
onde
boutiques como a Biba
(de Barbara Hulanick) vendiam
os
seus
produtos ao som de música pop

Em 1964, a VII Fenit
expunha, como curiosidade o monoquíni.
Estava vestido
num manequim de
borracha e não
obteve sucesso.
Os homens
comentavam que
já não havia mais com que sonhar, diante de peça tão ousada.
Em 1965:
as saias tornaram-se mais curtas,
numa moda rodopiante e alegre,
suave e viva ao mesmo tempo.
Hoje: O piano de cauda desapareceu das casas.
Uma outra cauda elas carregam em seu próprio
corpo. Dentro de minúsculos biquínis.Com o máximo de sensualidade.
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Na praia elas desfilam os seus dotes.Sem a desaprovação masculina e com aplausos da família.
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Tomando sol,
tomando os olhares dos pescadores de emoções.Sem censuras.
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Mergulham e emergem a liberdade de serem versos
nas poesias do mundo.
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Conscientes, afinal do que valem.
E agora aos homens igual no trabalho e em direitos. Para obter as mesmas oportunidades na vida.
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