sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Rola o Tempo.





Estarei mesmo sozinho?
.
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado
.
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
.
E nem precisava tanto...
.
Precisava de mulher
que entrasse nesse minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer
.
(O que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.)
.
É antes a confidência
exalando-se de um homem...
.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é meu coração.
.
Quantos ritmos
o pisar de uma mulher criou
na pauta de meu dia?
.
De tudo ficou um pouco:
duas folhas de grama
de teu silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados
.
E se tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim?
.
Mas deixa o mundo existir!
Irredutível ao canto,
superior à poesia,
rola, mundo, rola, mundo,
rola o drama, rola o corpo,
rola a saudade,
rola o milhão de palavras
na extrema velociade,
rola-me, rola meu peito...
.
*Versos de Drummond
.
***

Um comentário:

Nega Cesária disse...

Ah! esse poetinha vestido de Drumond...
Tinha que ser o Ronaldo!
Belas palavras, belos poetas.