sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008



Poetas de Belém

*José Maria de Vilar Ferreira

(*) Renasci de amor primeiro

Remorri de amor depois

Janeiro

atirou sua flecha

acertando capricórnio

e Belém cresceu invicta.

Avulsa paixão

entre desatenta maravilha

e recatado ardor

Prédios

Casarões

Ruas

Articulam outro tempo

encaixado no tempo:

memórias pousadas

no vértice dos séculos

:::

* Jorge Andrade

Por algum tempo

Viveu em Belém

( o sol

já era signo

diário)

o capim

alongava-se

do quintal à rua

e o saguão escondia

os gafanhotos

a chuva

datada

dava o tom sem sofisma da música

o ritmo úmido da vida

e as mangas

espiavam

de seu verdor

a fome

que se instalava

em cachos

sob a sombra

das mangueiras

:::

*João de Jesus Paes Loureiro

Sobrados

so brados

sobra dos

Sossobrados

:::

* Antônio Juraci Siqueira

Mangueira

Enquanto o vento balança

Tua rama, satisfeito,

Sinto o verde da esperança

desabrochar no meu peito

:::

* José Ildone

Se mandassem pesar

o peso que a vida tem,

eu passaria minha vida

a ver o peso em Belém

:::

*Eneida

Sempre

desejaram

ser bailarinas

as nossas

mangueiras(...)

*Edyr Proença e Adalcinda Camarão

Belém, minha terra,

meu pão,

minha casa,

meu sol de janeiro a janeiro a suar!

(...) Só quero uma esteira na terra e o ruído

da enchente de ouro do rio Guajará(...)

:::

* Age de Carvalho

(...)Santa Maria do Grão Pará,

eu te esquecerei na Praça da República,

longe do Forte e dos canhões,

sem teus ingleses dos alfarrábios da Biblioteca Pública,

perto dos Correios do funcionário,

na esquina da Riachuelo,

na 1o.de Março,

na zona.

:::

*Max Martins

A canoa traz o homem

a canoa traz o peixe

a canoa tem um nome

no mercado deixa o peixe

no mercado encontra a fome

a balança pesa o peixe

a balança pesa o homem

a balança pesa a fome

a balança vende o homem

vende o nome

vende o peso

peso de ferro

-homem de barro

vende o peixe

vende a fome

vende e come

a fome

vem de longe

nas canoas

ver o peso

come o peixe

o peixe come

o homem ?

pese o peixe

pese o homem

o peixe é preso

o homem está preso

presa da fome

ver o peixe

ver o homem

vera morte

vero peso.

2 comentários:

Benny Franklin disse...

Salve, Ronaldo!
Bem. Aqui o sistema é paraoara:
poesia de graça. Obrigado.
Parabéns, pelo Blog.
Abçs.
Benny Franklin

)O( disse...

eOla Poeta RON

Amei esse seu lugar de estar "sempre sendo"..nascendo...emergindo


Belem tem sons de crianças correndo
são os meninos
que cheiram rios
a atirarem-se
na noite
como vagaluas.

rS