quinta-feira, 3 de abril de 2008

Poeta Carlos Drummond de Andrade


Versos à Boca da Noite
.
(...) As experiências se multiplicaram:
viagens, furtos, altas solidões,
o desespero, agora cristal frio,
a melancolia, amada e repelida,
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e tanta indecisão entre dois mares,
entre duas mulheres, duas roupas.
Toda essa mão para fazer um gesto
que de tão frágil nunca se modela,
.
e fica inerte, zona de desejo
selada por arbustos agressivos.
(Um homem se contempla sem amor,
se despe sem qualquer curiosidade.)
.
Mas vêm o tempo e a idéia de passado
visitar-te na curva de um jardim.
Vem a recordação, e te penetra
dentro de um cinema, subitamente.
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E as memórias escorrem do pescoço,
do paletó, da guerra, do arco-íris;
enroscam-se no sono e te perseguem,
à busca de pupila que as reflita.
.
E depois das memórias vem o tempo
trazer novo sortimento de memórias,
até que, fatigado, te recuses
e não saibas se a vida é ou foi.
(...)
****

3 comentários:

Adina De oliveira disse...

Para Drummond sempre BRAVO!

Yasmim Uchôa disse...

Ronaldo ja tinha passado outras vezs em teu blogger só ñ tinha deixado comentario ainda axo q foi dele q veio a vontade de fazer um para mim tbm.De qualquer modo poesia linda mesmo!Drummod ñ precisa falar+nada...
=]

- Odirlei Couto - disse...
Este comentário foi removido pelo autor.