segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O cru e o cozido texto


Le cru et le suit: em retalhos. Com o mesmo cérebro que vocês pensam.
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A vida com que estamos à volta é, de uma janela ou de uma porta, a casa de tudo o que acontece, embora muitas vezes não saibamos o que seja ou fique evidente na cozinha o que acreditávamos ter ocorrido assim ou assado, na verdade se deu (muitas vezes) muito cru.

Ele > a gente não esquece.

Ela > é mostrada como paisagem, a porção doméstica ,que tem de estar lá como espera, mas na qual ninguém presta atenção.Ela > o amor tão próximo, na qual a história não presta a devida atenção.Ela > a ternura de que ninguém se ocupa.

Essa mão pequena examina por dentro o homem.Ela o toca suavemente, talvez na verdade não mais clara...E sente a diferença.


O que pode pensar, afinal, de alguém que não se conhece? Seus olhos não traem nada.


Andar e andar: o desenraizamento do pensamento.Inventar distâncias (que é também forma de encontro).Tropeçar em enigmas. Atravessar perguntas. Bater em portas erradas. Abrir janelas sem respostas.
Eles se sentem em casa aqui na rua...Não sabemos para onde vão.Pessoas não tem radar.

(Objetivo cego? Desaparecimento? Mapas encantados?)

Nuvens reais:nenhuma inventada:que não se deixam capturar por ninguém.

A gente tem que ficar aqui, - não, ali não, aqui no canto - para ver direitinho...
( Tem gente que mora, literalmente, nas nuvens.
Isso torna o céu arrogante.
Algum dia, quem sabe, podemos estar debaixo dos pés de outros.)

"O passado não tem átomos", (dissera Arno), e todo monumento é uma falsificação, e todo nome em tal monumento não lembra uma pessoa, mas a ausência dela."
Aqui o que divide não é a água (o que seria o óbvio líquido) , mas as notícias dos jornais, quando a história política é contada (com raiva) com todas as tintas. Podemos sentir o cheiro dessas tintas fisicamente.
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Ah, esse muro de papel...
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Boa semana, leitores.
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(RF)
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7 comentários:

papistar_nunes disse...

Meu Deus, o que comentar dessas verdades tão bem ditas, tiradas do âmago da consciência de um poeta que a tudo observa com olhar de justiça, de amor,de igualdade,de elegância e bom senso?
Só tenho a dizer para os que não tem o privilégio de enxergar com esse olhar , para acreditarem no invísivel, ou seja,olhar com o olhar de Deus. Dá tudo no mesmo: verdade, bondade, cortesia e amor.Beijos lindo poeta.

Anônimo disse...

Esse poeta é show.Tenho orgulho de conhecê-lo pessoalmente.Ele dança com as palavras.Musicalmente verdadeiro.
E quem o conhece sabe disso.É franco que dói.kkkkk

Afonso Assis

Abraços da turma do peixe-frito.kkk

Anônimo disse...

Excepcionais textos.

Bruno

Anônimo disse...

Verdades em palavras.Poucos sabem escrevê-las.Tu sabes.E bem.Beijos,lindo poeta.

Josefina Corrêa

Anônimo disse...

Textos e Fotos combinando verdades.Lido.Relido.E achei tudo lindo.

Fátima Bezerra.

Anônimo disse...

Ronaldo como sempre franco demais.

Adorei o que vc escreveu aqui.
Tereza Magalhães

Anônimo disse...

Com simplicidae e criatividade tu dizes tudo com verdades.

Ana Paula Drago.