ce qu´on dit au poète propos des flreurs
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Paulo Vieira não é, como Baudelaire, um poeta satânico, mas suas orquídeas são anarquistas como as flores do poeta maldito são do mal:por provocação, por ruptura com a maviosa graciosidade(...)
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Os poemas de Paulo Vieira rompem com a ditadura vanguardista da palavra rara, pingada, e reatam com a tradição de uma poesia discursiva. Recorrem pouco às infantilidades do surrealismo, o mais autoritário dos movimentos de libertação poética, mas apresentam traços correntes essenciais da modernidade lato sensu, como as ambiguidades e as nuances íntimas do simbolismo, certos jogos gráficos próximos dos caligramas ou até do concretismo,etc. Há pinceladas disso tudo num conjunto que no entanto (ou portanto) não segue as palavras de ordem de nenhuma escola.
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Nem vanguardista, nem neo-isso ou pós-aquilo, essa poesia, que sofreu várias influências perceptíveis (enigmax m, nem tão enigmático assim, confessa quase explicitamente a de Max Martins) sem imitar nenhum modelo, não chega ao ponto de ser completamente uma voz singular com identidade arestada e reconhecível. E talvez seja de esperar que nunca chegue lá, pois essa relativa indefinição é um precioso resquício de imaturidade numa obra que, por muitos lados, já é bem madura.
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Sim, a poesia de Paulo Vieira, como seu autor, tem fartos cachos de cabelos pretos e olhos brilhantes de mocidade.
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Paulo Vieira termina este seu último livro em data como a fórmula finis operis punk ,explosivo encontro de duas línguas e noções que pertencem a culturas incompatíveis, ilustração pelo latinglês do anarquismo anunciado no título.
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A construção é simétrica à do título: o latim de finis operis, língua nobre, orquidácea, choca-se com o anarquista punk.
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Destarte, o fim remete ao início, como um convite a reler o conjunto dos poemas.Pois não.Poesia não é coisa que se leia, é coisa que se relê, sem fim.
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Christophe Golder
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Paulo Vieira não é, como Baudelaire, um poeta satânico, mas suas orquídeas são anarquistas como as flores do poeta maldito são do mal:por provocação, por ruptura com a maviosa graciosidade(...)
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Os poemas de Paulo Vieira rompem com a ditadura vanguardista da palavra rara, pingada, e reatam com a tradição de uma poesia discursiva. Recorrem pouco às infantilidades do surrealismo, o mais autoritário dos movimentos de libertação poética, mas apresentam traços correntes essenciais da modernidade lato sensu, como as ambiguidades e as nuances íntimas do simbolismo, certos jogos gráficos próximos dos caligramas ou até do concretismo,etc. Há pinceladas disso tudo num conjunto que no entanto (ou portanto) não segue as palavras de ordem de nenhuma escola.
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Nem vanguardista, nem neo-isso ou pós-aquilo, essa poesia, que sofreu várias influências perceptíveis (enigmax m, nem tão enigmático assim, confessa quase explicitamente a de Max Martins) sem imitar nenhum modelo, não chega ao ponto de ser completamente uma voz singular com identidade arestada e reconhecível. E talvez seja de esperar que nunca chegue lá, pois essa relativa indefinição é um precioso resquício de imaturidade numa obra que, por muitos lados, já é bem madura.
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Sim, a poesia de Paulo Vieira, como seu autor, tem fartos cachos de cabelos pretos e olhos brilhantes de mocidade.
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Paulo Vieira termina este seu último livro em data como a fórmula finis operis punk ,explosivo encontro de duas línguas e noções que pertencem a culturas incompatíveis, ilustração pelo latinglês do anarquismo anunciado no título.
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A construção é simétrica à do título: o latim de finis operis, língua nobre, orquidácea, choca-se com o anarquista punk.
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Destarte, o fim remete ao início, como um convite a reler o conjunto dos poemas.Pois não.Poesia não é coisa que se leia, é coisa que se relê, sem fim.
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Christophe Golder
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Sobre Infância Vegetal ( seu primeiro livro)
Nem é preciso chamar a atenção do leitor para o apuramento de forma sem formalismo - o verso escrito como se desenhado - singrando tantas vanguardeiras direções, outrora divididas, concretismos e neos, práxis e etc, hoje águas dormidas.
Afinal Paulo Vieira dá-nos o poema ágil, como pedia Oswald Andrade, o poema saltibanco e circense. Mas Infância Vegetal nos oferece, igualmente, a poesia que brinca consigo mesma e que pensa a existência e o mundo, de maneira discreta e irônica. Não se poderia esperar melhor combinação para tão novo poeta.
Benedito Nunes
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