Fernando Velasco, o político fiel
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Blog do Poeta: A lealdade é uma palavra impronunciável no mundo político?
Fernando Velasco: - Para os desprovidos de caráter, sim.
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BP: Quem em comícios, pertinho de ouvidos, morde a mão que o ajudou?
FV: Muitos do que se acham (que diga o Jader). A história, certamente, deles se ocupará, como já se ocupou de outros. Afinal de contas não faz diferença morder a mão ou beijar a face.
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BP: Quem abana o rabo para o poder?
FV: Só abana? Alguns vão até mais além.
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BP: Fazer política é namorar homem (Rubem Braga)...O Braga tem razão?
FV: No sentido lato, sim. Agora no sentido estrito alguns nem precisam fazer política.
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BP: Nossa política se mistura com tudo?
FV: Não deveria, mas hoje, infelizmente, o despudor, a desfaçatez, a indignidade e outros péssimos ingredientes se misturam na composição desse indigesto bolo político criado principalmente nas cozinhas do poder.
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BP: Traição é o melhor cardápio na cozinha dos políticos?
FV: Depende dos comensais.
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BP: Belém está de microssaia?
FV: Graças à insensibilidade e ao desvario de alguns, está mesmo nua.
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BP: No peito dos políticos bate somente votos?
FV: Não. Como nos desafinados, também bate um coração.
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BP: Na nossa floresta de telhados, quem é mito, lenda, fábula, rei da selva?
FV: Mito: eternamente Eneida e Bruno de Menezes, o cavaleiro de todas as madrugadas.
Lenda: o velho babalorixá Miguel Silva, amigo íntimo de Magalhães Barata -o único que ousava tratá-lo de Mimi - e suas belas festas na antiga Estrada do Utinga, em homenagem a Iansã (Santa Bárbara), todo dia 4 de dezembro.
Fábula: meu padrinho Adriano Guimarães. Médico tão competente que dele meu pai dizia que bastava guardar a receita no bolso pra ficar bom.
Rei da Selva: o velho CEPC. O nome diz tudo.
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BP: Quando se passa a viver uma ponte aérea passado- saudade?
FV: Ao se percorrer um álbum com velhas fotografias de pessoas queridas que hoje se chamam saudade.
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BP: A vida seria melhor se não fosse diária (Millor), você concorda?
FV: Discordo. Se melhor estraga.
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BP: Qual a sua antologia da amizade?
FV: De A a Z aqueles que diziam e provaram ser meus amigos.
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BP: Dos tempos da brilhantina até o pentear o cabelo com o ventilador, as cabeças caboclas mudaram?
FV : Mudaram e pra melhor. Meu pai dizia que nos faltava um pouco de bairrismo para defendermos o que era nosso. Hoje, não diria mais, porque o paraensismo tomou conta de nossas cabeças.
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BP: Em que lugar da cidade seria a nossa calçada fama?
FV: Na Condor velha de guerra, bem na frente ao Palácio dos Bares, reduto inesquecível da nossa boemia.
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