"Cantando na Chuva" Papa-Xibé (...) Admito que gosto de sentar numa mesa de bar preguiçosamente instalada na calçada, o que já não dá para fazer com o prazer correspondente tamanho o assédio pedinte.
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Mas o meu prazer não deve interferir no direito que as pessoas têm de ir e vir. O que uma coisa tem a ver com a outra? Simples: trata-se do uso do espaço público.
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(...)É preciso também chamar a atenção para os restaurantes e bares que avançam com suas mesas - e toldos -para além dos limites, dificultando e , às vezes, até mesmo impedindo a passagem dos caminhantes.
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Aliás, além das mesas alguns restaurantes instalam churrasqueiras na calçada, despejando cinzas, fumaça e um bafo de dragão na cara de quem passa. O pedestre é obrigado a desviar
para o asfalto. Seguimos por entre mesas, entulhos e abusos. Só não me venham com a invariável alegação de que é preciso compreender o drama social dessas pessoas. É desculpa para a ineficiência, imobilidade ou conveniência do poder público.
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São inúmeras as formas dessa ocupação. Além dos camelôs, dos bares e de sua transformação em estacionamento, com os carros atravessados e barrando o fluxo, as calçadas recebem entulhos de obras(...) Casas comerciais por sua vez, chegam a cercar de grades a passagem pública, vedando
completamente a circulação no trecho.
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E quando, finalmente, agraciado pelos deuses do calçamento, abre-se diante do pedestre uma calçada livre, desimpedida, outra realidade barra-lhe os passos. Percebe-se que as nossas calçadas que nunca foram uma passarela, estão bem piores que as ruas, comprovando que o pedestre é um cidadão de terceira classe, ao contrário de quem tem borracha para queimar asfalto.
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Quando chove, e como chove, empoçam. São armadilhas para o caminhante.
Para quem sempre quis encarnar um Gene Kelly básico, não há locação melhor para um "Cantando na Chuva" papa-chibé.
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E assim, como também já escrevi, caminha a humanidade belenense: aos tropeções.
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* Texto de Elias Ribeiro Pinto >>Hoje >>no Diário do Pará.
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