1. " Belém vive uma insânia sangrenta, um espetáculo cotidiano de sangue, que passa ao largo da tragédia grega, dos tronos desonrados de Shakespeare, das iras homéricas e mesmo da carnificina sertaneja que Euclides gravou nas mais altas linhas já esculpidas em nossa língua:o nosso sangue barato, sem mito, que escorre, ralo (mas farto em quantidade), para a vala quando arremedo de vala há."
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2."Belém já não é mais Belém que conhecemos, que um dia percorremos, de cima para baixo, de um lado para o outro, mesmo porque já não sabemos seus limites, hoje esgarçados. É uma tapera
descomunal que arde em ressentimentos, de civilidade gangrenada, politicamente ulcerada, sangrada a facas incertas e cegadas por cobiça barata."
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3."É a bala atalhando nossas melhores intenções, descosturando o puído tecido de uma sociedade amortalhada em seus luxos de arrogância cevadas nos círculos nababescos do poder, califado nepótico que se regurgita em renovados círculos escalavrados pelos novos donos do poder que se reinventam para manter como dantes, que mesmo Dante teria de inaugurar novos círculos onde abrigar esse inferno que não merece a arte de um Gustave Doré para retratá-lo: basta-nos a mão do assassino para queimá-lo na notícia impressa que nos chega ao lar, em mais um acerto de contas."
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