quinta-feira, 8 de julho de 2010


Cibérneticos e virtuais, nadamos num rio de novidades.
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Um turbilhão de recursos trazidos pela ciência, pela tecnologia, pode nos deixar desconfortáveis se já não formos muito moços, e fingimos desinteresse - cavando uma distância ainda maior com as novas gerações.
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É normal, mas não é necessário nem positivo.
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Desistir é perder o bonde, perder o contato com aqueles que ainda podemos apoiar. Aprender novidades é um bom desafio: com alguma boa vontade dominaremos as novas ferramentas com que a meninada brinca numa habilidade invejável.
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E não ficaremos distantes dela.
A tecnologia abre territórios fascinantes, mas também ameaça nos controlar, e se pensarmos um pouco sentiremos medo: o que mais vem por aí, quanto podemos lidar com essas novidades, sem saber direito quais são as positivas, quanto servem para promover progresso ou para nos exterminar ao toque do botão de algum demente no poder.

Exageradamente entregues a esses jogos cada dia inovados, vamos nos perder da nossa natureza real, o instinto.
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Viramos homens e mulheres pós-modernos, sem saber o que isso significa; somos cibernéticos, somos twitteiros e blogueiros, mas não passamos disso. E se não formos equilibrados, vamos nos transformar em hackers, e o mundo que se exploda.
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Sobre a sensação de onipotência que esse mundo nos confere, lembro a história deliciosa do aborígene que, contratado para guiar o cientista carregado de instrumentos refinados, lhe disse: "Você e sua gente não são muito espertos, porque precisam de todas essas ferramentas para andar no mato e entender os animais".
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Não vamos regredir, pois a civilização anda segundo seu próprio arbítrio.
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Mas, como quase todas as coisas, seu produtos geram ambiguidade pelo excesso de aberturas e pelo receio diante do novo. O novo precisa ser domesticado, para se tornar nosso servo servil, não nosso atestado de incompetência nem nosso perseguidor.
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Assim com o computador, assim com a internet, dos quais até hoje há quem discuta se servem para nos integrar ou nos isolar, para aperfeiçoar e humanizar ou para nos limitar e cegar. Recusar-se a conhecer melhor tudo isso, defender-se atrás do preconceito contra "esses modernismos" não ajuda em nada e nos afasta ainda mais da geração que veio logo depois de nós.
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O computador não é bom nem mau: isso depende do seu uso.
Ele tanto nos isola quanto nos integra.
As infindáveis informações nos expandem ou nos desorientam - depende da hora, da circunstância, de nós.
As possibilidades do mundo virtual são quase infinitas. Sua sedução é intensa. Tão enganador quanto fascinante, no que tange à comunicação: imenso, variado, sedutor, assustador, rumoroso e ameaçador, e frio porque impessoal.
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Amamos acariciando teclas, pesquisamos olhando a tela, ali no espaço cibernético visitamos os belos museus e os lugares mais interessantes, que de outro modo seriam inatingíveis.
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Lya Luft (Do livro Múltipla Escolha)
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