domingo, 8 de fevereiro de 2009
O Arco e a Flecha > José Maria Vilar Ferreira
Teoria do Fruto
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Vivo é o paladar
Morto é o fruto
Aceso na boca
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Na árvore, no chão,
É grave a mansidão do fruto.
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Da árvore ao chão,
Navega o fruto:
massa ponderada.
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O desejo é móvel
no centro do corpo.
A medula é sólida
e o gosto infixo.
Nas veias canais de giro
giram centauros inflados à fome.
E a tudo espreita.
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O paladar é vivo,
O fruto é o centro,
e em torno dele
o desejo se move
se move..
e se move...
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Hai-Kais
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Onde o vento faz a curva
Escondi
Uma arca com lágrimas.
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Um boto persegue uma iara
Pelos rios
Entristecidos.
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O muro não resiste
À água
Em persistente arremesso.
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As chuvas
Trazem verões
Nas asas das andorinhas.
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O carimbó madruga
Enquanto a rede
Aguarda sonhos.
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A poesia vai nascer
Sem umbigo
E prematura.
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Teus olhos
Escapolem
Dos meus olhos.
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Solfejo
.
O remo mergulha n´água
e a canoa deixa vestígios,
(imagem).
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Abelhas e coqueiros na espera
pressentem o mel e o côco,
(construções).
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O poeta descobre o outono
olhando fundo o inverno,
(calendário).
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O barraco não foge da enchente
quando a enchente aparece,
(trauma).
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A flores murcham
por onde passam os pés,
(indiferença).
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Por fora amolece
por dentro o desamor queima,
(amoroso).
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Guajará se esparrama sem guias
guiando marinheiros perdidos,
(solfejo).
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