sábado, 24 de janeiro de 2009

Filmes Intocáveis > Carlos Eduardo Vilaça




Filmes intocáveis. Isso existe?

Certas coisas foram feitas para ser preservadas. É fato. Mas os executivos de Hollywood não querem nem saber. Para aproveitar o saudosismo da década de 80, que já rendeu milhões nas bilheterias com “Transformers” e prometem mais rios de dinheiro com “Comandos em Ação” e “Banco Imobiliário”, além do ressurgimento de nomes como Robert Downey Jr e Mickey Rourke, a onda agora é resgatar os clássicos dessa época e reimaginá-los. Em alguns casos, apenas falta de criatividade, mas em outros, um grande sacrilégio.

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Um dos primeiros a chegar aos cinemas, agora em fevereiro, será “Sexta-Feira 13”. Até aí tudo bem. Jason é “imorrível”, como diz meu sobrinho, e o personagem já foi tão sacaneado que pior não pode ficar. Mas mexer com obras cultuadas, únicas, é um risco imenso. E absolutamente desnecessário. Para se ter uma ideia, vem aí nos cinemas: “O Último Dragão”, “Arthur – O Milionário” e “Karatê Kid”. Todas essas produções são excelentes e claro que existe certa apreensão sobre o que possa ser feito. Mas nada tão grave quanto o último caso.

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“Karatê Kid” é a mais conhecida das refilmagens programadas. A saga de Daniel Larusso e do Senhor Miyagi marcou uma geração e várias pessoas, inclusive eu, têm o filme como um clássico. Uma nova versão? Ok, com muito boa vontade digamos que não tenha problema, que será interessante uma atualização da trama. Novas notícias: o protagonista é um moleque de dez anos. Epa! É pouco? Que tal Jackie Chan confirmado como o senhor Miyagi? Só pode ser brincadeira, né? Também pensei. Mas, infelizmente, é tudo verdade.

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O personagem principal será mesmo infantilizado – interpretado pelo filho de Will Smith, Jaden – e o astro chinês fará o papel de Pat Morita. Ah, detalhe: o guri já avisou que não quer aplicar o “golpe da garça”, simplesmente a cena emblemática do original (quer imitar os movimentos dos lutadores de vídeo game). Quanto a isso, não vou nem comentar. O que realmente quero dizer é que óbvio que substituir Pat Morita não é missão para qualquer um. Adoro Jackie Chan, mas ele não tem carisma e talento para um papel assim. Já estou até imaginando um Miyagi totalmente pastelão.

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Essa semana, Ralph Macchio, o Daniel-san em pessoa, pesou os prós e os contras do remake, embora tenha dito que o acha dispensável: “Eu acho que Jaden vai se dar bem. Ele tem onze anos, sabe lutar... E essa história funciona para sempre, se bem contada. Pra mim o mais difícil é preencher o espaço deixado pelo Sr. Miyagi. E eu também não sei se cabe um arco de história romântica ali no meio, com o garoto naquela idade”.

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As colocações foram pertinentes, mas Ralph não precisa se preocupar com o arco romântico. Afinal, quem duvida que esse novo “Karatê Kid” vai virar uma franquia e que acompanharemos o crescimento de Daniel-san? Se fizer sucesso, claro. E tem tudo para fazer. Já que o público americano adora o conceito de filme-família, estabelecido para essa produção, e Will Smith, por nada nesse mundo vai deixar o primeiro blockbuster de seu filho naufragar.

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Nem que para isso tenha que se apropriar de um título, de uma marca, e mandar para o espaço tudo o que isso significa, realizando um filme totalmente diferente. Azar dos fãs.
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