quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mais doido ainda por nunca ter lido Marx

Marx
Pero por qué no te callas?

Um dos atributos da boa poesia é a economia verbal, a condesação carregada de significado. Entre os brasileiros, João Cabral de Melo Neto é uma tradução possível desse ideal, sem perder de vista a Carlos Drummond de Andrade.
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Mesmo o lirismo não precisa se derramar como no rótulo daquele vinho, Raposa, ao qual papai adicionava água e açúcar, dando de beber ao meu infante alcoolismo, hoje sob rédeas curtas, quero crer.
Ninguém sai derramando vinho bom.
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O Fórum Social Mundial poderia seguir esta lição poética.
Houve gente muito boa que passou por aqui por Belém, mas sua palavra desmanchou-se em meio à saturação de discursos. É o problema da(s) esquerda(s): dar voz, pretensamente democrática, à sua pluralidade.
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O que sobra desse coro de descontentes (mas alguns bem mais contentes, e contemplados que outros) é a polifonia desafinada, o samba do marxista doido, mais doido ainda por nunca ter lido Marx.
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Nem sempre é gritando que se dá significado a um protesto.
Palavras poucas podem conter linguagem carregada de significado.Como as do rei espanhol Juan Carlos dirigiu ao presidente venezuelano Hugo Chávez, quando mandou que este se calasse durante a cúpula Ibero-Americana de 2007.
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Elias Pinto.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto.

Téo.