blog do poeta ronaldo franco: Para consolar: o (re)pouso duma asa da poesia

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Para consolar: o (re)pouso duma asa da poesia

o tempo
.
em nós
separando o tempo
.
em nós
o pão separando o tempo
em nós
corta o pão separando o tempo
em nós
a faca
.

(* Max da Rocha Martins ou Poeta Max Martins, morreu no final da tarde de ontem, aos 82 anos.Seu corpo será velado no Palácio Lauro Sodré.O sepultamento está previsto para ocorrer às 15 hs de hoje, no cemitério Max Domini II)

***

9 comentários:

Anônimo disse...: nossa, os mortais lamentam,mas o céu comemora a chegada de tamanha figura...; 10 de fevereiro de 2009 às 20:54
Benny Franklin disse...: Dia triste, o de hoje.

Morre o gênio. Nasce o mito.

Perda irreparável que o mundo das letras sentirá - eternamente!

Poeta não morre, dizem... Descansa!; 10 de fevereiro de 2009 às 21:05
ALFREDO GARCIA disse...: Tive o privilégio de conviver com o poeta Max Martins quando fui bancário. Uma coisa que ele falou segue até hoje comigo.
Ao ser perguntado sobre Literatura, certa vez, ele me respondeu:
- Isso tudo é uma mentirada!
Glória a MAX MARTINS, poeta dos poetas, êmulo da Poesia, fã de Lorca e Rimbaud!
AVE, POEMA!; 10 de fevereiro de 2009 às 22:29
N.Lym disse...: Poxa, vida! E só agora através do seu blog venho conhecer o trabalho dele. Que lástima. O céu hoje se alegra.; 11 de fevereiro de 2009 às 00:03
Anônimo disse...: a literatura está mais triste...; 11 de fevereiro de 2009 às 00:33
Anônimo disse...: A poesia chora.

Elaine Valente.; 11 de fevereiro de 2009 às 03:56
Anônimo disse...: Não para consolar:a sua poesia não morreu.

Hélio Cruz.Unama.; 11 de fevereiro de 2009 às 04:22
Carmem Salazar disse...: Oi Ronaldo

Te vi agora, há pouco, nos seguidores do meu blog. Puxa... obrigada! Vim conhecer o seu e, de cara, mem deparo com as palavras afiadas (e desafiadoras) do poeta Max Martins... Lindo poema. Só agora conheci esse autor. Me lembrou "Enquanto a noite não chega", romance do escritor gaúcho Josué Guimarães, pela questão do tempo.
Voltarei para saber mais...

abraço!; 11 de fevereiro de 2009 às 07:14
Anônimo disse...: Para consolar a dor da despedida
a palavra que não cala com a morte
está além da humana existência
atemporal
sal
do corpo
que se une ao espírito
transfigurado
metaforicamente
no sopro da vida
perpetuado na poesia.
...
(Re)pouse em paz, querido Max.; 11 de fevereiro de 2009 às 08:17

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Jornalista Elias Pinto

1-"Como pode existir alguém que não goste de ler, ou, pior ainda, recorra à preguiça para justificar a inapetência para a leitura?".2- "Muitos se recusam a ler romances como um "Grande Sertão: Veredas", ou "Angústia", "Quarup", "D.Quixote,alegando que não há razão para perder um tempo - de um lado, tão demorado; de outro, tão escasso e precioso - com "mentiras", ficção, que nada têm a ver com a realidade.Curiosamente, ou sintomaticamente, os que dizem isso, de que não podem perder tempo com ficção, são os mesmos que "desperdiçam" seu precioso tempo diante da Tv assistindo a uma pelada da primeira ou segunda divisão do futebol brasileiro.3-Ah, aos que professam o desaprumo entre ficção literária e realidade, vale citar o sempre renovado interesse pelas telenovelas, que é ficção e muitas vezes das mais apelativas. Em outras palavras, o problema parece mesmo que é a palavra -escrita."

Frank Sinatra

"Quando você atinge minha idade (63), ergue um muro ao seu redor.E você não se magoa como antes." * Em vez de cantar só dois ou quatro compassos de cada vez - como a maioria dos cantores - eu conseguia cantar seis, às vezes oito compassos, sem tomar ar." * Não sei o que outros cantores sentem quanto cantam...Mas, sendo um maníaco-depressivo de 18 quilates e tendo uma vida de violenta contradição emocional, tenho uma capacidade superdesenvolvida tanto para a tristeza como para euforia." * "Foram 3 décadas fecundas, movimentadas, divertidas, às vezes tempestuosas, ocasionalmente tristes, mas sempre excitantes...Quero tempo para ler, refletir...Talvez eu vá começar a viver." * My way: desgostos, tive alguns. Mas, novamente, muitos poucos para contar...

Arnaldo Jabor

Escreve sobre Drummond:" Drummond nunca teve a petulância de tocar a essência das coisas, como tantos mallarmeicos de segunda mão têm." 2- Quando li "No meio do Caminho", tive uma sensação de alívio. Aquilo me deu um grande alívio sim, porque eu achava que a poesia era aquela bobagem que os professores do colégio diziam. Eu li o poema em 1954, devia ter um 13 para 14 anos.Disse: "Mas não é possível! A poesia é simpoles!". É um poema tão importante que veio dar no "Águas de Março". Sem dúvida, Jobim, inconscientemente, é influenciado por Drummond, porque "é pau/é pedra/é o fim do caminho" é exatamente "tinha uma pedra no meio do caminho".Jobim é genial quando chega a essa simplicidade de fundador da primitividade do objeto despojado de qualquer significação atribuída." 3- Dizer que Drummond é o melhor poeta brasileiro é uma babaquice, porque não existe o melhor poeta brasileiro. É um racíocinio de Bolsa de Valores, burguês, competitivo: um raciocínio de corrida de cavalo! Quem é que chegou primeiro? É um raciocínio de escritório de contabilidade, uma coisa burguesa esse negócio de "os dez melhores", hit parade. Drummond é, apenas um grande poeta, como existem outros grandes poetas brasileiros. 4- Drummond tem qualquer coisa de extremamente místico na poesia. Um misticismo que perpassa no meio da cotidianeidade.*i

Poeta Mário Faustino

"Creio que o poeta moderno não pode esquecer os fenômenos psicológicos e sociais, nem as novas direções que vão tomando, paralelamente à poesia, a psicologia, a antropologia, a sociologia, a economia, a história, a filosofia, etc. Um dos aspectos principais do novo humanismo, do novo sintetismo, cuja ascensão constatamos em nossos dias, é essa preocupação pelo todo que justifica a parte, tendência à qual não pode alhear-se o poeta. Este, cada vez mais, é obrigado a ver sua poesia como forma de cultura, expressiva, tanto de seu povo como de seu meio, como de seu tempo.Na verdade, dificilmente poderia aparecer, com sucesso, em nossos tempos, o poeta inócuo, que os adolecentes enamorados vão lendo pelos bosques..." 2- "Quanto a mim, nego teminantemente que um mau poema possa servir seja lá o que for. E estou pronto, também, a reconhecer o bom poema onde quer que ele ocorra. Se meu inimigo faz um bom poema, atribuindo-me os piores epítetos, posso querer partir-lhe a cara, mas não vou, por isso, deixar de considerá-lo um bom poeta." 3- "O poeta - e, mais frequentemente, o verse maker - é aquele que , sem estar fazendo poesia propriamente dita, está, contudo, com todo o direito, utilizando o verso como meio de comunicação...Eliot já mostrou que um bom "versificador" é tão raro quanto um bom poeta." 4- "A boa poesia eleva, aperfeiçoa a língua: a má avilta o idioma."

Poeta Ruy Barata

Antes que matem os rios/ e as matas por onde andei/antes que cubram de lixo/ o lixo da nossa lei/ deixa que cante contigo/ debruçado em peito amigo/as coisas que te tanto amei/as coisas que tanto amei.* "O escritor não é um pau mandado. O escritor tem o seu universo de criação artística que qualquer partido do mundo tem que respeitar".* "Poesia, como qualquer outra profissão, é trabalho, trabalho com as palavras." * "O que nunca me foi perguntado e que sempre quis dizer é que a política, a militância política e todo o questionamento social é, no fundo, uma poesia, porque ambas, política e poesia, nutrem uma esperança comum de beleza e se alimentam do sonho de uma utopia, que é estética e social." *

Poeta Carlos Drummond de Andrade

"A maioria das pessoas que me consideram o maior poeta brasileiro não leu o que escrevi! Ouviu falar." 2- "O jornalismo é uma forma de literatura." 3- Eu também já fui brasileiro." 4- O poeta não tem que dizer "eu estou triste". O que ele tem é de encontrar uma imagem que dê a idéia de tristeza ou do estado de espírito - seja ele qual for - por meio de palavras cncretas - e não simplesmente se confessando, na base do "eu estou triste".5- Há uma indústria no Brasil que acho horrível: é a indústria dos editores que comerciam com os chamados poetas. Oferecem duas páginas de uma antologia em troca do pagamento de tanto. Então, aparecem sucessivamente, a cada ano, antologia de poetas, que nunca foram poetas, coitados - e estão sendo explorados. Isso eu acho terrível."