quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Amor/Desamor

Ah, os casais de antigamente! Como eram plácidos e sábios e felizes e serenos...
(Principalmente vistos de longe. E as angústias e renúncias , e as grandes humilhações caladas?
Conheci um casal de velhos bem velhinhos, que era doce de ver - os dois sempre juntos , quietos, delicados. Ele a desprezava. Ela o odiava.)
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Sim, direis, mas há os casos lindos de amor para toda a vida, a paixão que vira ternura é amizade. Acaso não acreditais nisso, detestável Braga, pessimista barato?
E eu vos direi que sim. Já me contaram, já vi. É bonito. Apenas não entendo bem por que sempre falamos de um caso assim com uma ponta de pena. ("Eles são tão unidos, coitados.") De qualquer modo, é mesmo muito bonito; consola ver.
Mas, como certos quadros, a gente deve olhar com certa distância.
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"Eles se separaram" pode ser uma frase triste, e às vezes nem isso.
"Estão se separando" é que é triste mesmo.
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Mas no meio de tudo isso, fora disso, através disso, apesar disso tudo - há o amor. Ele é como lua, resiste a todos os sonetos e abençoa todos os pântanos.
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* Rubem Braga
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