O paraense Júlio Cezar foi o homem que criou as bases para aeronáutica moderna, transformando balões em dirigíveis. Ele descobriu os princípios que tornaram possível navegar pelo ar, abrindo caminho para Santos Dumont chegar ao avião.
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Júlio Cezar nasceu em 13 de junho de 1843, no município do Acará. Sua família era extremamente pobre, mas a inteligência fora do comum do menino foi notada pelo bispo Macedo Costa, que o tomou sob sua proteção e o levou para o seminário diocesano, onde ele fez seus estudos preparatórios.
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A seguir, foi matriculado na Escola Militar do Rio de Janeiro, que cursou durante quatro anos.
Seu vigor intelectual expressava-se em seis línguas que falava fluentemente, e legou, ainda, para a posteridade, uma gramática da língua portuguesa.
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Em 1864, publica seus primeiros trabalhos literários , iniciando uma atividade pública que perduraria durante dez anos.
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Deflagrada a guerra do Paraguai, alista-se como voluntário no Exército e fica em Montevidéu durante três anos retornando em 1868.
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No retorno a Belém do Pará, engaja-se na imprensa. Além dos folhetins e poemas que escreveu, tornou-se notável como polemista e crítico, uma das grandes expressões da imprensa da época.
Sendo diretor de A Constituição e a Província do Grão Pará e da Biblioteca Pública.
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Mas, a partir de 1874, Júlio Cezar dedicou-se integralmente, a decifrar a dinâmica do vôo e foi, sem dúvida, um inovador no campo da aerodinâmica de apoio no ar, a concepção fusiforme dissimétrica dos balões, a forma e posição da cauda dos dirigíveis, a composição de forças para a sustentação, que constituem exemplos do estudo que realizou.
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Em 1880, publica sua teoria que estabelece um sistema aerodinâmico para dirigíveis, de forma que estes pudessem resistir ao vento. Ele explica o que chamou de forma dissimétrica.
“O meu aeróstato é, por bem dizer, uma ave investida e, admitindo que ele seja mais leve que o ar, dou-lhe superfície de resistência para que sejam para leveza ou força ascensional do sistema o que as asas e a cauda do pássaro são para o seu peso”.
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Assim como na ave, o peso é sempre proporcional às dimensões de superfícies do ponto de apoio, e tanto este quanto o peso são proporcionais à mobilidade do ar, da mesma maneira a força ascensional e as dimensões da superfície de resistência do balão do meu sistema são proporcionais entre si e a mobilidade do ar.
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Essa descoberta estabeleceu para sempre a forma dos dirigíveis – um charuto mais grosso na proa – e , mais tarde, dos aviões.
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Júlio Cezar submeteu sua teoria aos meios científicos, que a aprovaram, primeiro através do Instituto Politécnico Brasileiro, então o maior instituto científico na América do Sul, que considerou o sistema desenvolvido pelo inventor paraense o único aceitável para a navegação aérea e, mais tarde, expondo-a em Paris, na Academia de Ciências.
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O acerto do parecer seria testado na prática mais tarde, quando, em 1881, subia ao ar o “Victória”, primeiro dirigível do mundo em formato de charuto, provido de asas e leme, desenvolvido por Júlio Cezar nas oficinas de Hilaire Lachambre, em Paris.
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Com o apoio do governo provincial do Pará, Júlio Cezar patenteou sua invenção em dez países: França, Alemanha, Portugal, Inglaterra, Bélgica, Espanha, Itália, Áustria, Antiga União Soviética e Estados Unidos.
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Se somarmos a isso os atributos de idealismo e altruísmo que também o caracterizaram, teremos formado o perfil de um homem que, como tantos outros, sacrificou sua experiência a serviço do progresso da humanidade.
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Em outubro de 1881, a Sociedade Francesa de Navegação Aérea (SFNA) o convidou a expor a sua teoria de navegação aérea, o que de fato aconteceu no dia 27 desse mesmo mês, tão logo ele obteve a concessão da patente francesa para seu invento.
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A repercussão foi tão positiva que o nomearam membro da instituição, em 10 de novembro de 1881, dois dias após a realização das primeiras de suas experiências práticas na Cidade Luz. E o capitão francês, Charles Renard, que presidira a SFNA até junho de 1881, comentou: “Como eu lamento que o inventor não seja um francês!”
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Durante quase cem anos, o silêncio caiu sobre o inventor e sua obra. Somente em 1987 começou a reabilitação do inventor, através de pesquisa desenvolvida por Fernando Medina do Amaral e o PHD em física e professor da UFPA Luís Carlos Bassallo Crispino, que a partir de documentos recolhidos em vários pontos do Brasil, da França e de Portugal, restabeleceu os fatos e a importância devida de Júlio Cezar no desenvolvimento da aviação, como o homem que conseguiu explicar quais os princípios da navegação aérea.
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Falta, entretanto, a reabilitação integral do inventor paraense, de forma que lhe seja dado o espaço que merece, ao lado de Bartolomeu de Gusmão, Augusto Maranhão e Santos Dumont. Nada dizem de Júlio Cezar nas publicações, oficiais ou oficiosas, sobre o nascimento da aviação no Brasil e até hoje não houve ato que dignificasse a memória desse homem, cuja genialidade ultrapassou os seus contemporâneos para garantir-lhe um lugar na história.
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Somente o instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (Incaer), instituição que tem por finalidade principal preservar e divulgar as contribuições brasileiras para a aeronáutica, fundado em 1986, criou a Cadeira número 17, cujo patrono é Júlio Cezar Ribeiro de Souza.
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“Bem sei que a noite tem a propriedade de confundir as sombras com as realidades, seja ela a noite que resulta da ocultação do sol ou a que provém da ocultação da verdade, mas sei que a verdade, como o sol, acaba sempre, por distinguir as realidades das sombras.”
Júlio Cezar Ribeiro de Souza.
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