Dono de uma língua mordaz, em vida ele não foi, nas paróquias literárias, figura das mais estimadas, para quem vale o risco de guardar o lugar ao lado num jantar entre confrades. Marques Rebelo (1907-1973, nome de tantas guerras desse carioca de Vila Isabel batizado Edy Dias da Cruz, foi, como Lima Barreto (e sem distanciar-se de Machado de Assis), um grande cronista do Rio de Janeiro, numa família de cariocas da gema que também engloba Manuel Antônio de Almeida e João do Rio.
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Sua obra mais importante (reeditada em 2002 pela Nova Fronteira) é O Espelho Partido, título geral desse romance-rio de que emergiram três volumes (O Trapicheiro, A Mudança e A Guerra Está em Nós, de 1959, 1962 e 1968) dos sete que o autor havia programado. Os demais ficaram apenas indicados nos títulos. De composição estilhaçada, fragmentada, a trilogia, estruturada sob a forma de diário, é escrita pelo corrosivo e mordente Eduardo Rebelo, alter ego do autor.
Sua obra mais importante (reeditada em 2002 pela Nova Fronteira) é O Espelho Partido, título geral desse romance-rio de que emergiram três volumes (O Trapicheiro, A Mudança e A Guerra Está em Nós, de 1959, 1962 e 1968) dos sete que o autor havia programado. Os demais ficaram apenas indicados nos títulos. De composição estilhaçada, fragmentada, a trilogia, estruturada sob a forma de diário, é escrita pelo corrosivo e mordente Eduardo Rebelo, alter ego do autor.
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Com seus altos e baixos, suas partes desiguais, é uma das mais desconcertantes incursões literárias entre nós, e, ainda hoje, merecedora de uma crítica avara, o que contribui para o perverso desconhecimento da obra por parte dos leitores.
Com seus altos e baixos, suas partes desiguais, é uma das mais desconcertantes incursões literárias entre nós, e, ainda hoje, merecedora de uma crítica avara, o que contribui para o perverso desconhecimento da obra por parte dos leitores.
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Talvez por isso seu livro mais conhecido seja A Estrela Sobe (1939), principalmente depois de sua adaptação para o cinema, realizada por Bruno Barreto. A trama do romance dramatiza a vida e o destino de Leniza Maier (interpretada por Betty Faria), a moça pobre que almeja subir na vida por meio do sucesso como cantora de rádio e vê-se obrigada a entrar num mundo do vale-tudo, sem ética e sem escrúpulos.
Talvez por isso seu livro mais conhecido seja A Estrela Sobe (1939), principalmente depois de sua adaptação para o cinema, realizada por Bruno Barreto. A trama do romance dramatiza a vida e o destino de Leniza Maier (interpretada por Betty Faria), a moça pobre que almeja subir na vida por meio do sucesso como cantora de rádio e vê-se obrigada a entrar num mundo do vale-tudo, sem ética e sem escrúpulos.
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A Editora Global, em sua coleção Melhores Crônicas, publicou, anos atrás, o carioquíssimo cronista Marques Rebelo. Para nós, belenenses, o mais interessante talvez aflore no capítulo Conversa do Dia e Conversa da Semana. São textos que discorrem sobre os mais variados assuntos, como Natal, Ano Novo, impressões de viagem. Essas crônicas em forma de conversa eram perfeitamente adequadas também para o rádio, e assim sua leitura era feita, todos os dias, ao meio-dia, na Rádio Clube do Brasil, como era anunciado no final da coluna na versão impressa do jornal Última Hora e do tablóide Flan, onde eram publicadas.
A Editora Global, em sua coleção Melhores Crônicas, publicou, anos atrás, o carioquíssimo cronista Marques Rebelo. Para nós, belenenses, o mais interessante talvez aflore no capítulo Conversa do Dia e Conversa da Semana. São textos que discorrem sobre os mais variados assuntos, como Natal, Ano Novo, impressões de viagem. Essas crônicas em forma de conversa eram perfeitamente adequadas também para o rádio, e assim sua leitura era feita, todos os dias, ao meio-dia, na Rádio Clube do Brasil, como era anunciado no final da coluna na versão impressa do jornal Última Hora e do tablóide Flan, onde eram publicadas.
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Selecionei exatamente um desses artigos, publicado no jornal Última Hora, edição de 14 de maio de 1953, e lido, ao meio-dia, na Rádio Clube do Brasil. Intitulado “Notas Paraenses”, nele Marques Rebelo apresenta flashes de sua passagem por Belém.
Selecionei exatamente um desses artigos, publicado no jornal Última Hora, edição de 14 de maio de 1953, e lido, ao meio-dia, na Rádio Clube do Brasil. Intitulado “Notas Paraenses”, nele Marques Rebelo apresenta flashes de sua passagem por Belém.
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A luz de Belém é fraca, apesar do extraordinário esforço dos vaga-lumes. Mas prometem melhorar .
A luz de Belém é fraca, apesar do extraordinário esforço dos vaga-lumes. Mas prometem melhorar .
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Aviso aos navegantes: se por acaso virem um zepelim solto na rua, não se assustem – é só um ônibus.
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Compro uma garrafa de água-de-cheiro para o meu banho de sexta-feira, filtro maravilhoso de prosperidade e amor, a felicidade por dois cruzeiros.
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Compro uma garrafa de água-de-cheiro para o meu banho de sexta-feira, filtro maravilhoso de prosperidade e amor, a felicidade por dois cruzeiros.
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O caboclo nunca tinha andado de avião e veio logo de Porto Velho por sobre aquele mundo de água e mato.
– Do que é que você gostou mais na viagem?
Pensou um pouco:
– Do lanche.
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O caboclo nunca tinha andado de avião e veio logo de Porto Velho por sobre aquele mundo de água e mato.
– Do que é que você gostou mais na viagem?
Pensou um pouco:
– Do lanche.
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Certamente é por uma falha do meu caráter, mas não gostei do açaí – tem gostinho de bambu.
Fiquei escravo do cupuaçu.
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O vendedor de coisas típicas logo viu que tratava com um cavalheiro diferente e compreensivo. E ofereceu-me um guaraná em forma de macaco-prego, figurinha proibida pela moralidade local.
Comprei a oferta, cuja única imoralidade constituía no preço. E quero crer que a mesma vigilante moralidade esteja providenciando a extinção, na floresta amazônica, da indecorosa raça dos macacos-prego.
Fiquei escravo do cupuaçu.
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O vendedor de coisas típicas logo viu que tratava com um cavalheiro diferente e compreensivo. E ofereceu-me um guaraná em forma de macaco-prego, figurinha proibida pela moralidade local.
Comprei a oferta, cuja única imoralidade constituía no preço. E quero crer que a mesma vigilante moralidade esteja providenciando a extinção, na floresta amazônica, da indecorosa raça dos macacos-prego.
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E depois de quase um mês de planície amazônica, como sentisse a necessidade premente de ver jacarés e sucuris, fui fazer uma visita ao museu Goeldi.
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2 comentários:
Ahahahah: gostei destes dois zolhões do cupuaçu.
Elias
Se tiraste o cupuaçu da sala, transfere o prefixo para o meio (que é o latifúndio que lhe cabe nessa anatomia) e traz para a cena o bacuri.
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