sábado, 29 de novembro de 2008

A música paraense nos anos 80 > escreve Edgar Augusto

Walter Bandeira
Lucinha Bastos
Edir Proença
Paulo André Barata
Albinha Os anos 80 trouxeram alterações que influíram sobre a música paraense. Algumas foram do tipo favorável. Porém, principalmente ao término da década, certos modismos converteram-se em verdadeiros obstáculos às apresentações de qualidade na linha MPB.
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A favor podemos citar o veículo poporcionado ao pessoal da terra pela Rádio Cultura, a existência de minha coluna à disposição no Liberal e depois no Diário, a utilização de certos fatores de apoio na mídia, embora raramente envolvendo emissoras AMs.
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Sem dúvida, somados, deram uma divulgação maior a produção local de MPB. As casas de espetáculos aumentaram em número na capital. Ao majestoso Teatro da Paz, ao popular São Cristovão, vieram juntar-se os teatros Waldemar Henrique, o Margarida Schiwazzappa da Fundação Tancredo Neves, o Gabriel Hermes do SESI, além da possibilidade de aproveitamento dos ginásios do SESC, da escola de Educação Física, do campus universitário do Guamá etc.
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A janela dos novos do Projeto Pixinguinha permitiu a exibição de promissores intérpretes paraenses ao lado de artistas nacionalmente consagrados. A profusão de bares e barzinhos, com música ao vivo, invadiu a cidade: Casa do Choro, Adega do Rei, Lanchonete Um, Hora Extra, Renasci, Maracaibo etc.
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O fato colocou em alta a composição de nossos autores, nas noites dos bares. Diversos festivais foram realizados sobretudo na área estudantil (UFPA, Faculdade de Ciências Agrárias, Colégio Moderno etc) revelando novos nomes de valor, como Eduardo Dias, Ronaldo Silva, Rafael Lima, Walter Freitas e Joãozinho Gomes.
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Bons intérpretes não faltaram: Walter Bandeira (em traços do J.Bosco), Hélio Rubens, Pedrinho Cavalero, Lucinha Bastos (foto), Marco Monteiro, Eloi Iglésias, Maca Maneschi, Delço Taynara, Maria Lídia, Eleny Galvan, Albinha(foto), a seresteira Hortência Ohana, a sambista Creuza Gomes entre outros.
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Estúdios de gravação foram sendo implantados (Rauland, Gravasom, Estúdio C, De Campos Ribeiro, Edgar Proença da Funtelpa etc) levando à instalação de equipamentos de 16 e 24 canais e abrindo maiores perspectivas para as produções independentes.
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Aliás convém lembrar que o êxito de Nilson Chaves, com seus discos independentes, acabou se transformando num incentivo importante nesse terreno. Os selos começaram a surgir (Erla, Gravasom, Outros Brasis etc) até alcançar a cerca de 20 na década seguinte.
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Várias músicas compostas aqui conseguiram grande aceitação popular aqui mesmo. Podemos citar, por exemplo, o sucesso obtido por composições como "Afoxé do Guarda Chuva" (Clélio Palheta, Cássio e Cláudio Lobato), o carimbó "Pescador" (Mestre Lucindo), a marcha do Vestibular (Pinduca), "Pàssaro Cantador (Pedrinho e Jorge Andrade), "Flor do Grão-Pará" (Chico Sena), "Chamegoso" (Alfredo Reis e Príncipe), "Janela de Belém" (Alcyr Guimarães e Dio) , "Pecado de Adão"(Elói Iglésias), "Ao Pôr do Sol" (Firmo Cardoso).
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A essas podemos acrescentar outras composições que também tiveram chance de divulgação nacional como o carimbó "Este Rio é Minha Rua", de Paulo André (foto) e Rui Barata, e Bom-Dia, Belém, de Edyr Proença (foto)e Adalcinda, através de Fafá de Belém.
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Instrumentistas de técnica e méritos consideráveis firmaram-se no correr dos anos 80:
Tynnôko Costa, Luiz Pardal, João Marcos, Jacinto Kahwage, Rik Sandres (teclados), Yuri Gadelha, Maria José Moraes, Alcyr Meireles (flauta), Thaís Carneiro (violino), Maciel, Daniel de La Touche (trompete), Toninho do Carmo, Marinaldo, Manezinho, Paulo Levi (saxofone), Kzan Gama, Mini Paulo, Calibre, Baboo, Maizena, Juista, Ney Conceição,Nego Nelson, Jairo Monteiro, entre outros. É claro que tais nomes correspondem apenas aos que vieram à tona de estalo, na recordação suscitada por um simples papo.
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Após meados da década, a ascenção do brega e da lambada, o romantismo banalizado e difundido pelas duplas sertanejas, o carimbó estilizado com acompanhamento eletrônico, mas em geral com textos de pobre inspiração, o ritmo baiano da chamada axé music, tudo isso dificultou o caminho da MPB.
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Inclusive o aparecimento e proliferação de bandas, para o gozo de frenéticas pistas de dança, afastou o repertório de MPB, deteve o intimismo, fazendo crescer a saudade da bossa nova e de um bom samba-canção.
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Por outro lado, graças ao estouro da lambada, o paraense Beto Barbosa alcançou o estrelato nacional, o brega do Carlos Santos vendeu a fábula de um milhão de cópias do vinil Quero Você.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Acho que o texto faz um retrato fiel da música no Pará nos anos 80. Porém, acrescentaria os nomes de Guilherme Coutinho (que já tinha anos de estrada) e Leila Pinheiro, que iniciou carreira exatamente no ano de 1980.Tio Ronaldo entre em contato comigo: oswaldo.reis@cultura.gov.br
abs

Alzira disse...

Poeta, o nosso grande amigo Edgar Augusto com "A Feira do Som", era o nosso site de relacionamentos(FB)da época!! bjs, Alzira Medeiros

Anônimo disse...

O Alfredo Reis que veio dos festivais estudantis das escolas estaduais Paes de Carvalho, Deodoro de Mendonça Augusto Meira. Nesta época ganhava o 2º festival de musica da Ufpa com a musica "A guarda Real" em parceria com o poeta Rui Barata logo depois o Festival Da Fcap com musica " Como um Solitário Boto" de sua autoria e mais na frente um pouquinho ganhava o Fecrevea com Antonio Carlos Maranhão com a musica " Nega" onde também foi o melhor intérprete do festival com a musica Pássaro Urbano em parceria com Camilo Del Duque....