sábado, 15 de março de 2008


A proa é que é,
é que é timão
furando em cheio,
furando em vão.
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A proa é que ave,
peixe de velas,
velas e penas,
tudo o que é a nave.
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A proa é em si,
em si andada.
Ave poesia,
ela e mais nada.
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Soa que soa
fendendo a vaga,
peixe que voa,
ave, vôo, som.
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Proa em quilha,
ave em si e proa,
peixe sonoro
que em si reboa.
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Peixe veleiro
que tudo o deixe
ser só o que é:
anterior peixe.
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*Jorge de Lima.
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* Comentário de Mário Faustino:"Ora, isso é uma obra prima. Isso não pode, como a maioria dos poemas que entre nós se escrevem, ser reduzido à prosa, a má prosa, a croniquinhas. A coisa - a proa - é aí: da ist, ek-siste. E o ritmo, senhores! Arre, que o melhor provençal não faria melhor.
*
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