Entrevista com a jornalista > Carmen Palheta
Carmen Palheta é jornalista, ex-fotógrafa (“porque vendi a máquina há anos e não segui no ramo”), e apaixonada por poesia.
Em sua trajetória pela profissão de jornalista, mergulhou na área de assessoria de comunicação de órgão público.
Como também pertence aos quadros da Polícia Civil, foi lá que a área ganhou mais importância para sua carreira. Foram anos intensos de trabalho que lhe deram coragem para, em 2006, abrir mão do cargo que possuía na Comunicação do governo do Estado, e enfrentar quase dois anos de Mestrado em terras portenhas.
Um desafio que resolveu encarar, junto com outra companheira de profissão, sem pensar duas vezes: “Foi como mergulhar em águas obscuras sem saber nadar” - comenta. O nado, nesse caso, era não falar a língua espanhola, o que foi resolvido com curso intensivo na chegada a Buenos Aires.
De volta a Belém e em pleno exercício da escrita da tese de mestrado em Comunicação e Imagem Institucional, ela comenta um pouco do que foi passar cerca de dois anos longe de Belém nesta época do Círio. Fala da saudade das comidas, dos amigos, da família.
1. Ronaldo Franco: Quem vive no “tucupi”?
Carmen Palheta: Todo aquele que sabe mergulhar no sabor incomparável da própria vida. Isso é único, como o gosto do tucupi!
2. -RF: Quem são os “patos”?
CP: Os que enganam, os que usam a palavra ou o falso sentimento para “ganhar” a confiança de alguém (seja na vida profissional, política ou emocional), e acabam sendo perversos demais, achando que os “patos” são sempre os outros. Por um tempo, pode até ser. Mas lá na frente, por outros caminhos e situações diversas, quem paga a maior cota dessa conta são eles: os enganadores. Pode demorar, mas o dia de “pato” deles, chega.
3.RF: Uma cuia de tacacá em uma tarde quente de julho em Belém ou um “té” argentino (espécie de chimarrão) em noite fria de julho em Buenos Aires ?
CP.: Sem pensar duas vezes, o tacacá. Mesmo que o calor vá consumindo o corpo e alargando os poros.
4. RF: Belém é feminina?
CP: Muito, apesar de maltratada por seus próprios habitantes. É incrível e desastrosa a quantidade de gente que joga lixo nas ruas, seja pedestre ou pessoas de dentro de ônibus ou carros particulares.
5. RF: Como foi passar dois outubros sem Círio?
CP: Foi chegar à conclusão do quanto o Círio é realmente um evento com dimensões muito grandes em minha vida. Vi algo pela internet e senti uma angústia de não estar ao lado de minha mãe para levá-la à missa do colégio Gentil, como fazemos há anos e não encontrar os amigos nessa época. Sem contar a vontade de comer maniçoba e creme de cupuaçu.
6. RF: Numa época tão grosseira, onde se escondeu a delicadeza?
CP: Na natureza, onde a delicadeza está sob todas as suas formas. Nela, a poesia diária da existência. Mas como ainda costumo acreditar muito no ser humano, acho que ele tem a chance de ser delicado por meio dos atos mais simples: o olhar de afeto, o cumprimento de bom dia, a gratidão, o sorriso, o pedido de desculpas sinceras. Aí estão os esconderijos perfeitos e sempre percebidos quando a transparência e o respeito ao outro entram em ação.
7. RF: Como é lembrar o samba na casa do tango?
CP: É lembrar da decepção de nunca ter aprendido a sambar. Os de fora sempre acham que todo brasileiro tem samba no pé!
8. RF: Como vencer os moinhos em terras estrangeiras?
CP: É triturar-se um pouco no início com o vento frio que te adoece a alma; depois fazer esse mesmo vento soprar a teu favor. Com uma ajuda indispensável: a divina.
9. RF: Qual a melhor maneira de se gastar a vida?
CP: Viajando. E com boas leituras por perto. Se não, sempre comprar uma pelo caminho. Pra não seguir viagem sozinho.
10. RF: A fidelidade amorosa é um conto de fadas?
CP: A maior fidelidade está mesmo naquilo que sentimos: somos fiéis quando somos íntegros e inteiros em uma relação, em nosso sentir. Com ele, vem toda a carga leve que só os grandes amores podem entender e suportar (no bom e poético sentido deste verbo). Não acredito na fidelidade entre duas pessoas quando uma delas está na relação só para manter-se em sua zona de conforto. Isso é terrível. Mas muito comum, infelizmente.
11. RF: Qual livro você procuraria num sebo?
CP: Confissões, de Santo Agostinho. Mas acho que se encontra fora do sebo também. Ainda bem! É preciso confessar-se a si mesmo de vez em quando. Se o livro pode te estimular a isso, melhor.
12. RF: A paz mundial é inviável?
CP: Só será viável se conseguirmos promover o mínimo de atitudes serenas em nosso próprio meio: fazer de nosso lar, nosso ambiente de trabalho, lugares onde a paz seja praticada em todos os seus níveis. Mas é necessário, sobretudo, conseguir conviver com diferenças, opiniões diversas e, principalmente, saber olhar para o lado, para além dos limites de nós mesmos. Se não começar desses pequenos atos, a paz pode se tornar inviável em um plano maior, sim.
13. RF: Que lembranças esticam saudades argentinas?
CP: Os maravilhosos cafés de fim de tarde; o cinema a uma da manhã; o charme e sensualidade do tango nas ruas e praças; o vinho em noites de frio; os lagos de Palermo....e a primavera abrindo as ruas portenhas a um novo cenário cheinho de flores e cores.
14. RF: O que lhe parece em Belém, - antigo, feio, superado?
CP: As calçadas e ruas mal cuidadas. São um verdadeiro desrespeito com o cidadão.
15.RF: O que faz o amor urgente?
CP: A necessidade de borrar outro amor que se foi.
16. RF: A beleza põe mesa?
CP: Sem sutileza e sem bem-estar físico e mental, não há beleza que supere o encanto e a delicadeza que existem, muitas vezes, sob formas aparentemente imperfeitas.
17. RF: O que em Belém é uma guerra fútil?
CP: A das pessoas que se olham e se cumprimentam levando em conta a roupa ou outros bens que possuem. É mais que um ensaio cego: é a própria cegueira da alma.
18. RF: A verdade começa nua ou vestida?
CP: Meio vestida. Para que, aos poucos, a nudez seja exclusiva àqueles a quem ousamos ser transparentes. Digo isto, porque nas vezes em que comecei com ela nua, acabei sendo tomada pelo “pornográfico” que as pessoas acabam sendo com nossas verdades. É preciso saber vestir-se. Espero não errar a roupa da próxima vez.
19. RF: A violência pode ser evitada colando o ouvido no chão?
CP: Vivemos sob e sobre formas concretas, onde a violência só poderá ser evitada se sabemos onde plantamos nossos passos. E esse chão precisa ter como base a educação e a cultura, lugares onde a violência não tem lugar.
20. RF: A palavra que voa pode ser aprisionada como um bicho?
CP: As palavras nascem livres e seguem livres. Quando as aprisionamos, elas se desmentem. E voltam a voar.
21. RF: Por sobre Belém, só os urubus sobreviverão?
CP: Espero que não. Mas o crescimento imobiliário vertical tem me deixado cética.
22. RF: Quem se vende barato ou se dá adiantado feito Fausto belenense?
CP: Os que vivem à sombra do poder.
23. RF: O que seria bom em Belém, do avesso?
CP: A Av. Bernardo Sayão aberta, inteiramente, para o rio.
24. RF: O que se fareja no Ver-o-Peso?
CP: Muitos cheiros impregnados em belas histórias de vida.
25. RF: Que história paraense se tornaria best-seller?
CP: A dos músicos (os antigos e os mais jovens) das bandinhas de Vigia.
26. RF: O que você lembra com chuva nos olhos?
CP: De meu avô, em tardes sobre uma rede, lendo qualquer coisa que encontrava pela frente.
27. RF: A vida é uma conta pendurada no pescoço?
CP: Costumo sempre lembrar de uma frase de Quintana que diz: “Esta vida é uma estranha hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois nunca as nossas malas estão prontas, e a nossa conta nunca está em dia”. Concordo plenamente com ele.
28. RF: O poder civilizador do livro seria a trincheira para o avanço da criminalidade e das drogas entre a juventude?
CP: Acredito muito no poder de educar, de transformar, de civilizar do livro. Mas ele precisa ser parte de um projeto mais globalizante que envolva não só as escolas, mas principalmente as famílias e outros setores da sociedade. Sem esse aspecto, a juventude se deseduca, se perde e se suicida nas e com as drogas.
29. RF: Que exemplos argentinos de estímulos à leitura você trouxe na bagagem?
CP: É comum ver portenhos lendo nos ônibus, nos cafés, nas praças. A cena já foi mais comum, segundo muitos habitantes de lá. Porém, ainda há os sebos e livrarias com a figura do livreiro, um conhecedor daquilo que vende. É um estímulo e tanto para quem gosta de ler.
30. RF: O que faz parte de sua mobília cultural?
CP: Livros sobre memória e identidade (temas que trato em minha dissertação de mestrado); e outros de Kafka; Zuenir Ventura, Gabriel Garcia Márquez, Sêneca, Santo Agostinho... Também os de poesias, como o indispensável Drummond. Outros tantos de comunicação social; e um que narra histórias eróticas da literatura universal.
31. RF: O que herdamos de nossos rios?
CP: A vazante e a enchente - essa sensação de que a vida é mesmo feita desses movimentos. Eles, os rios, me fizeram muita falta na distância.
32- RF: O carimbó foi o motivo para deixar a Argentina? O tango está lhe chamando?
CP.: A sensualidade de ambas as danças é diferente e muito envolvente. Porém, o que faz com que a permanência em um lugar seja plena e rica é justamente aquilo que me fascina em qualquer espaço físico: as pessoas. A dança é um complemento dessa relação maravilhosa chamada amizade. Tive amigos fantásticos lá; tenho outros tantos fundamentais aqui. Todos, sem exceção, são verdadeiros temas de música e dança pra mim.
***
Carmen Palheta é jornalista, ex-fotógrafa (“porque vendi a máquina há anos e não segui no ramo”), e apaixonada por poesia.
Em sua trajetória pela profissão de jornalista, mergulhou na área de assessoria de comunicação de órgão público.
Como também pertence aos quadros da Polícia Civil, foi lá que a área ganhou mais importância para sua carreira. Foram anos intensos de trabalho que lhe deram coragem para, em 2006, abrir mão do cargo que possuía na Comunicação do governo do Estado, e enfrentar quase dois anos de Mestrado em terras portenhas.
Um desafio que resolveu encarar, junto com outra companheira de profissão, sem pensar duas vezes: “Foi como mergulhar em águas obscuras sem saber nadar” - comenta. O nado, nesse caso, era não falar a língua espanhola, o que foi resolvido com curso intensivo na chegada a Buenos Aires.
De volta a Belém e em pleno exercício da escrita da tese de mestrado em Comunicação e Imagem Institucional, ela comenta um pouco do que foi passar cerca de dois anos longe de Belém nesta época do Círio. Fala da saudade das comidas, dos amigos, da família.
1. Ronaldo Franco: Quem vive no “tucupi”?
Carmen Palheta: Todo aquele que sabe mergulhar no sabor incomparável da própria vida. Isso é único, como o gosto do tucupi!
2. -RF: Quem são os “patos”?
CP: Os que enganam, os que usam a palavra ou o falso sentimento para “ganhar” a confiança de alguém (seja na vida profissional, política ou emocional), e acabam sendo perversos demais, achando que os “patos” são sempre os outros. Por um tempo, pode até ser. Mas lá na frente, por outros caminhos e situações diversas, quem paga a maior cota dessa conta são eles: os enganadores. Pode demorar, mas o dia de “pato” deles, chega.
3.RF: Uma cuia de tacacá em uma tarde quente de julho em Belém ou um “té” argentino (espécie de chimarrão) em noite fria de julho em Buenos Aires ?
CP.: Sem pensar duas vezes, o tacacá. Mesmo que o calor vá consumindo o corpo e alargando os poros.
4. RF: Belém é feminina?
CP: Muito, apesar de maltratada por seus próprios habitantes. É incrível e desastrosa a quantidade de gente que joga lixo nas ruas, seja pedestre ou pessoas de dentro de ônibus ou carros particulares.
5. RF: Como foi passar dois outubros sem Círio?
CP: Foi chegar à conclusão do quanto o Círio é realmente um evento com dimensões muito grandes em minha vida. Vi algo pela internet e senti uma angústia de não estar ao lado de minha mãe para levá-la à missa do colégio Gentil, como fazemos há anos e não encontrar os amigos nessa época. Sem contar a vontade de comer maniçoba e creme de cupuaçu.
6. RF: Numa época tão grosseira, onde se escondeu a delicadeza?
CP: Na natureza, onde a delicadeza está sob todas as suas formas. Nela, a poesia diária da existência. Mas como ainda costumo acreditar muito no ser humano, acho que ele tem a chance de ser delicado por meio dos atos mais simples: o olhar de afeto, o cumprimento de bom dia, a gratidão, o sorriso, o pedido de desculpas sinceras. Aí estão os esconderijos perfeitos e sempre percebidos quando a transparência e o respeito ao outro entram em ação.
7. RF: Como é lembrar o samba na casa do tango?
CP: É lembrar da decepção de nunca ter aprendido a sambar. Os de fora sempre acham que todo brasileiro tem samba no pé!
8. RF: Como vencer os moinhos em terras estrangeiras?
CP: É triturar-se um pouco no início com o vento frio que te adoece a alma; depois fazer esse mesmo vento soprar a teu favor. Com uma ajuda indispensável: a divina.
9. RF: Qual a melhor maneira de se gastar a vida?
CP: Viajando. E com boas leituras por perto. Se não, sempre comprar uma pelo caminho. Pra não seguir viagem sozinho.
10. RF: A fidelidade amorosa é um conto de fadas?
CP: A maior fidelidade está mesmo naquilo que sentimos: somos fiéis quando somos íntegros e inteiros em uma relação, em nosso sentir. Com ele, vem toda a carga leve que só os grandes amores podem entender e suportar (no bom e poético sentido deste verbo). Não acredito na fidelidade entre duas pessoas quando uma delas está na relação só para manter-se em sua zona de conforto. Isso é terrível. Mas muito comum, infelizmente.
11. RF: Qual livro você procuraria num sebo?
CP: Confissões, de Santo Agostinho. Mas acho que se encontra fora do sebo também. Ainda bem! É preciso confessar-se a si mesmo de vez em quando. Se o livro pode te estimular a isso, melhor.
12. RF: A paz mundial é inviável?
CP: Só será viável se conseguirmos promover o mínimo de atitudes serenas em nosso próprio meio: fazer de nosso lar, nosso ambiente de trabalho, lugares onde a paz seja praticada em todos os seus níveis. Mas é necessário, sobretudo, conseguir conviver com diferenças, opiniões diversas e, principalmente, saber olhar para o lado, para além dos limites de nós mesmos. Se não começar desses pequenos atos, a paz pode se tornar inviável em um plano maior, sim.
13. RF: Que lembranças esticam saudades argentinas?
CP: Os maravilhosos cafés de fim de tarde; o cinema a uma da manhã; o charme e sensualidade do tango nas ruas e praças; o vinho em noites de frio; os lagos de Palermo....e a primavera abrindo as ruas portenhas a um novo cenário cheinho de flores e cores.
14. RF: O que lhe parece em Belém, - antigo, feio, superado?
CP: As calçadas e ruas mal cuidadas. São um verdadeiro desrespeito com o cidadão.
15.RF: O que faz o amor urgente?
CP: A necessidade de borrar outro amor que se foi.
16. RF: A beleza põe mesa?
CP: Sem sutileza e sem bem-estar físico e mental, não há beleza que supere o encanto e a delicadeza que existem, muitas vezes, sob formas aparentemente imperfeitas.
17. RF: O que em Belém é uma guerra fútil?
CP: A das pessoas que se olham e se cumprimentam levando em conta a roupa ou outros bens que possuem. É mais que um ensaio cego: é a própria cegueira da alma.
18. RF: A verdade começa nua ou vestida?
CP: Meio vestida. Para que, aos poucos, a nudez seja exclusiva àqueles a quem ousamos ser transparentes. Digo isto, porque nas vezes em que comecei com ela nua, acabei sendo tomada pelo “pornográfico” que as pessoas acabam sendo com nossas verdades. É preciso saber vestir-se. Espero não errar a roupa da próxima vez.
19. RF: A violência pode ser evitada colando o ouvido no chão?
CP: Vivemos sob e sobre formas concretas, onde a violência só poderá ser evitada se sabemos onde plantamos nossos passos. E esse chão precisa ter como base a educação e a cultura, lugares onde a violência não tem lugar.
20. RF: A palavra que voa pode ser aprisionada como um bicho?
CP: As palavras nascem livres e seguem livres. Quando as aprisionamos, elas se desmentem. E voltam a voar.
21. RF: Por sobre Belém, só os urubus sobreviverão?
CP: Espero que não. Mas o crescimento imobiliário vertical tem me deixado cética.
22. RF: Quem se vende barato ou se dá adiantado feito Fausto belenense?
CP: Os que vivem à sombra do poder.
23. RF: O que seria bom em Belém, do avesso?
CP: A Av. Bernardo Sayão aberta, inteiramente, para o rio.
24. RF: O que se fareja no Ver-o-Peso?
CP: Muitos cheiros impregnados em belas histórias de vida.
25. RF: Que história paraense se tornaria best-seller?
CP: A dos músicos (os antigos e os mais jovens) das bandinhas de Vigia.
26. RF: O que você lembra com chuva nos olhos?
CP: De meu avô, em tardes sobre uma rede, lendo qualquer coisa que encontrava pela frente.
27. RF: A vida é uma conta pendurada no pescoço?
CP: Costumo sempre lembrar de uma frase de Quintana que diz: “Esta vida é uma estranha hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois nunca as nossas malas estão prontas, e a nossa conta nunca está em dia”. Concordo plenamente com ele.
28. RF: O poder civilizador do livro seria a trincheira para o avanço da criminalidade e das drogas entre a juventude?
CP: Acredito muito no poder de educar, de transformar, de civilizar do livro. Mas ele precisa ser parte de um projeto mais globalizante que envolva não só as escolas, mas principalmente as famílias e outros setores da sociedade. Sem esse aspecto, a juventude se deseduca, se perde e se suicida nas e com as drogas.
29. RF: Que exemplos argentinos de estímulos à leitura você trouxe na bagagem?
CP: É comum ver portenhos lendo nos ônibus, nos cafés, nas praças. A cena já foi mais comum, segundo muitos habitantes de lá. Porém, ainda há os sebos e livrarias com a figura do livreiro, um conhecedor daquilo que vende. É um estímulo e tanto para quem gosta de ler.
30. RF: O que faz parte de sua mobília cultural?
CP: Livros sobre memória e identidade (temas que trato em minha dissertação de mestrado); e outros de Kafka; Zuenir Ventura, Gabriel Garcia Márquez, Sêneca, Santo Agostinho... Também os de poesias, como o indispensável Drummond. Outros tantos de comunicação social; e um que narra histórias eróticas da literatura universal.
31. RF: O que herdamos de nossos rios?
CP: A vazante e a enchente - essa sensação de que a vida é mesmo feita desses movimentos. Eles, os rios, me fizeram muita falta na distância.
32- RF: O carimbó foi o motivo para deixar a Argentina? O tango está lhe chamando?
CP.: A sensualidade de ambas as danças é diferente e muito envolvente. Porém, o que faz com que a permanência em um lugar seja plena e rica é justamente aquilo que me fascina em qualquer espaço físico: as pessoas. A dança é um complemento dessa relação maravilhosa chamada amizade. Tive amigos fantásticos lá; tenho outros tantos fundamentais aqui. Todos, sem exceção, são verdadeiros temas de música e dança pra mim.
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11 comentários:
Moça inteligente.Sabe o que diz.Parabéns.
Jane Trindade.
Excelente entrevista.
Raul Campos
Uma sinceridade feminina que há muito não lia.
Ernani Barros.
Linda e inteligente, ontem, hoje,amanhã e sempre. Beijos no coração.
Edilene Almeida
Belas palavras! bjs Aila Casseb
"Alta Jornalista", linda entrevista, cheia de sabedoria...
Orgulho-me de vc ser minha amiga, a doce mala.
Orgulho -me de ver vc,como mulher de coragem,inteligente, por que não dizer sábia? Parabéns.
Zélia Palheta
Nossa, você é mesmo admirável, sempre!
Um encanto aos olhos, um prazer ao cérebro... Parabéns, Carminha. Beijos saudosos,
Gilson
Ela é mesmo surpreendentemente inteligente...que bela entrevista!!!
o que falar??
tanto a entevista quanto a entrevistada são belas
parabens
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