quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"Olho de Boto" > José Carneiro


“Olho de Boto”

Este é o poeta Cristovam Araújo, autor paraense de imensas sensibilidades. Pouco conhecido fora de alguns círculos, ele é simplesmente o autor do belo poema “Olho de Boto”, que, musicado e gravado por Nilson Chaves e Vital Lima, é uma das músicas mais freqüentemente apresentada nas noites de Belém.

Nascido em Belém na década de 1950, Cristovam Araújo passou a residir, por questões profissionais, no Rio de Janeiro em começo da década de 1980, onde continuou a produzir suas inspirações influenciadas pela sua origem amazônica.

“Olho de Boto” não é sua primeira música gravada por Nilson Chaves mas é a que melhor expressa o seu amor por Belém.

Sua ligação com a cidade e com seu aspecto insular o mantém, de certa forma, preso a essa realidade ribeirinha.

Cristovam Araújo acaba de se aposentar e pretende, cada vez mais, se reaproximar do movimento cultural de Belém do Pará, seu torrão natal.

Revejam a letra de Olho de Boto:

“E tu ficaste serena
Nas entrelinhas do sonho
Nos escaninhos do riso
Olhando pra nós, escondida
Com os teus olhos de rio

Vieste feito um gaiola
Engravidado de redes
Aportando nos trapiches
Do dia-a-dia e memória

E ficaste defendida
Com todas as tuas letras
Entre cartas e surpresas
Recírio, chuva e tristeza

Vês o peso da tua falta
Nas velas e barcos parados,
Encalhados nas lembranças
De Val-de-Cans ao Guamá.

Porto do Sal, das saudades,
Das velhas palhas trançadas
Na rede de outras ruas,
Às margens de outra cidade.

Olho de Boto
No fundo dos olhos
De toda paisagem.

***.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cristovam Araújo.Bem lembrado.Uns dos melhores letristas da música paraense.Show de bola.

Paulo C. Lobo.

Anônimo disse...

É camarada poeta, até que levas jeito! ;) Bela abordagem sobre o "olho de boto".

Ygor Leite (parceiro da Fundação).

Adina De oliveira disse...

Esta música tem um suspiro de saudades em mim.

Anônimo disse...

Belíssima poesia, uma grata surpresa tê-lo reconhecido 35 anos após uma breve convivência na Inglaterra. Já naquela época, havia indícios de que nos presentearia com produções dessa qualidade.
Ana Rosa Menezes - Londrina, PR

Anônimo disse...

Sou professora e estava procurando um poeta paraense para homenagear na amostra cultural da minha escola quando encontrei este MARAVILHOSO POETA, obrigado a este blog por existir.